quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Governo anuncia aquisição de 51% do capital social da SINAGA,SA.



O Governo dos Açores, pela voz do vice-presidente Sérgio Ávila, anunciou hoje, em conferência de imprensa no Palácio da Conceição, a aquisição de 51% do capital social da empresa SINAGA,SA.

A decisão surge na sequência do acompanhamento permanente e pormenorizado que o executivo regional tem vindo a efectuar da evolução da situação económica e financeira das empresas açorianas, tendo em consideração os efeitos da conjuntura macroeconómica internacional.


No âmbito dessa monitorização, o Governo dos Açores procedeu à análise detalhada da situação da empresa SINAGA, SA através de uma avaliação feita por uma entidade independente.

Após esta avaliação, concluída em Outubro de 2009, foi elaborado um estudo de viabilidade económica e financeira da empresa, que permitiu ao Governo desenvolver um plano para a sua recuperação, que permita assegurar a sua viabilidade industrial no médio prazo.

Neste contexto, o Governo dos Açores decidiu adquirir 51% do capital social da empresa SINAGA, SA pelo valor de 800.000€, assegurando assim a sua participação maioritária nesta sociedade.

Segundo Sérgio Ávila, “esta decisão foi tomada considerando que a política de desenvolvimento estratégico da agricultura açoriana passa pela diversificação das culturas industriais, assumindo a beterraba uma alternativa credível à monocultura das pastagens e um papel muito relevante no incremento dos rendimentos agrícolas”.

Ainda segundo o vice-presidente do Governo, “a SINAGA assume uma função indispensável à manutenção desta actividade agrícola, sendo a única indústria álcool-açucareira de toda a Região e também a única empresa transformadora de beterraba em Portugal, o que a constituiu como uma valiosa unidade económica na estrutura produtiva regional pelo valor acrescentado que gera e pela diversificação da actividade económica que proporciona”.

Tendo em consideração esta realidade, e o inegável valor intrínseco que a SINAGA representa no desenvolvimento da economia açoriana, concluiu o Governo dos Açores que o interesse público da viabilização desta unidade produtiva para a nossa economia, bem como a manutenção dos cerca de 120 postos de trabalho directos e a importância que reveste na diversificação da actividade agrícola dos Açores, na manutenção da produção de açúcar e álcool açorianas, na redução das importações e no incremento das exportações, são fundamentos suficientes para a adopção desta medida de carácter excepcional.

A decisão do Governo só foi tomada após efectuar um estudo e análise pormenorizada da situação económica e financeira da empresa e do seu valor patrimonial, que concluiu que a empresa detém um valor imobilizado líquido de 4,5 milhões de euros, após dedução do seu endividamento e responsabilidades assumidas, o que permitirá assegurar a sua viabilização económica e financeira, com a implementação de um plano de reestruturação e recuperação que o Governo elaborou previamente e que vai implementar de imediato.

A estratégia de viabilização da SINAGA assenta necessariamente no aumento da utilização da beterraba local como matéria prima na produção de açúcar e álcool, tendo em consideração que o custo de aquisição de beterraba local é dez vezes inferior ao custo da rama de beterraba importada.

Assim, o Governo definiu como objectivo estratégico aumentar a utilização da beterraba local de 6.613 toneladas em 2009 para 14.629 toneladas em 2011 e para 22.857 toneladas em 2013, o que representará duplicar a produção em dois anos e triplicar nos próximos 4 anos.

Para a concretização deste objectivo é necessário aumentar a área cultivada dos actuais 160 hectares para 325 hectares em 2011 e 508 hectares em 2013, além do aumento de 5% da produtividade por hectare.

Presente na conferência de imprensa esteve também o secretário regional da Agricultura e Florestas. Noé Rodrigues propõe, para atingir estas metas de produção, incentivar os agricultores através da credibilidade da cadeia de valor e da colocação da venda da beterraba e através de medidas de apoio contidas no POSEI para as produções locais, que incluem a produção e transformação de beterraba. O secretário da Agricultura e Florestas realça ainda que a cultura da beterraba faz-se com rotação dos terrenos, o que a torna benéfica para a melhoria dos próprios terrenos.

O plano de recuperação da empresa SINAGA, assenta também no reforço da sua dinâmica comercial e força de vendas e na redução em 750.000 euros/ano dos custos administrativos e de funcionamento da empresa, assegurando-se ao mesmo tempo a manutenção dos postos de trabalho existentes.

Para o vice-presidente do Governo, “a aquisição pelo Governo dos Açores da maioria do capital social da SINAGA, tem um carácter absolutamente excepcional, justificando-se apenas pelo grave impacto económico e social que o encerramento de uma unidade fabril com estas características teria para a Região em termos de redução da diversificação da sua actividade produtiva e da diminuição da nossa capacidade exportadora e aumento das nossas importações”.

Esta intervenção só se concretiza na medida em que não existe no Arquipélago dos Açores nenhuma outra empresa com esta actividade, não conflituando concorrencialmente, por isso, com qualquer outra empresa sediada nos Açores e assumindo desde já o Governo o compromisso de, após a sua reestruturação económica e financeira, a devolver ao sector privado para condução dos seus desígnios a exemplo do que foi feito com outras empresas no passado. Sérgio Ávila admite que dentro de quatro anos possam vir a alienar a participação que o Governo agora se propõe comprar na SINAGA,SA.

O Governo reafirma que não tem previsto ou em estudo a intervenção através da aquisição de capital em outras empresas regionais, mantendo-se, no entanto, a monotorizar a evolução de todas as empresas estratégicas na estrutura produtiva regional e a desenvolver as medidas necessárias para assegurar a manutenção de um clima de estabilidade económica e social na Região, contribuindo, assim, para a promoção do reforço dos nossos níveis de produção, rendimento e emprego.



GaCS/SF

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