quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Intervenção do Secretário Regional dos Recursos Naturais

Texto integral da intervenção do Secretário Regional dos Recursos Naturais, Luís Neto Viveiros, proferida hoje, nas Velas, na cerimónia de assinatura de um protocolo de cooperação para a implementação do Plano de Recuperação Financeira da UNIQUEIJO e das indústrias associadas e do Plano de Sustentabilidade da Fileira do Queijo de São Jorge:

“O Governo dos Açores assumiu nesta ilha o compromisso e disponibilidade para ajudar na reestruturação e no aperfeiçoamento da gestão do setor de lacticínios de São Jorge.

E assim o fizemos ao longo dos últimos meses, em estreita colaboração com a União de Cooperativas Agrícolas de Lacticínios de São Jorge.

Imediatamente após a tomada de posse do Governo dos Açores reunimos pessoalmente, como sabem, por várias vezes.

Hoje, em São Jorge, assinamos um protocolo de cooperação que reflete esse trabalho desenvolvido por todos nós e cujo acordo foi alcançado com seriedade, tendo em vista implementar, com sucesso, um plano Estratégico para a Recuperação Financeira da Uniqueijo e das suas indústrias associadas.

E, também, de um Plano de Sustentabilidade da Fileira do Queijo de São Jorge!

Um produto, permitam-me dizê-lo, que é um ex-líbris da qualidade genuína e modo de produção único que distingue os Açores, certificado com Denominação de Origem Protegida e sinónimo de mais-valia e potencial exportador reconhecido.

Queremos, portanto, não só alcançar soluções para resolver problemas que se colocam no imediato, como, em conjunto, implementar uma estratégia que promova o sucesso futuro da agroindústria de São Jorge e a sua sustentabilidade.

Por isso, à semelhança do que já tive oportunidade de afirmar em outra circunstância, para o Governo dos Açores a assinatura deste protocolo não representa um fim em si mesmo! Representa sim um primeiro passo no processo de recuperação da União de Cooperativas de São Jorge.

Repito, é muito importante ser absolutamente claro neste momento: a formalização deste compromisso não é um ponto de chegada. É um ponto de partida.

E por isso, também aqui em São Jorge, presto à Direção da Uniqueijo, às suas associadas e aos produtores da ilha, a minha homenagem e compromisso de empenho.

Aproveito, aliás, esta ocasião, para anunciar que, ao nível das infraestruturas de apoio aos produtores, estamos e vamos executar em São Jorge um investimento global de cerca de 2,8 milhões de euros.

No que respeita a Abastecimento de Água à Lavoura, temos prevista a construção de seis sistemas de abastecimento de água, três reservatórios, três pontos de abastecimento e ainda a eletrificação do furo da Ribeira do Nabo.

Estas obras beneficiarão cerca de 205 empresários agrícolas de São Jorge!

A Secretaria Regional dos Recursos Naturais, através do IROA, vai ainda proceder à pavimentação e melhoria da rede de drenagem de cinco caminhos agrícolas, numa extensão global de 12,6 km, que vai servir cerca de 185 empresários agrícolas da ilha.

Também 10 explorações agrícolas de São Jorge vão beneficiar de eletrificação.

Desta forma, contribuímos para melhorar as condições de trabalho e de maneio, para uma melhor produção e, consequentemente, para um aumento da rentabilidade dos produtores.

É, portanto, através de uma visão integrada da aplicação do investimento público, desde o prado ao consumidor final, que acreditamos criar as condições necessárias ao crescimento deste setor.

O mesmo é dizer, para o desenvolvimento da ilha de São Jorge e da economia dos Açores!

Reiterando a determinação do Governo dos Açores nesta colaboração que sempre existiu mas que agora se formaliza, sem receio de enfrentar desafios num tempo particularmente difícil e através de compromissos que se vão reger pelo rigor, espera-nos uma tarefa árdua, mas desafiante, que não duvidamos vencer.

O protocolo de cooperação que estabelecemos com a Uniqueijo não admite, como sabem, transferência de dinheiros públicos.

Vamos, contudo, encontrar formas de ajudar a Uniqueijo do ponto de vista da sua gestão, da procura de novos mercados e da valorização dos seus produtos, para que possa tirar mais rendimento do que vende e, dessa forma, satisfazer os seus compromissos perante fornecedores e produtores. Para, dessa forma, poder criar mais riqueza.

Será ainda constituída uma comissão de apoio técnico à gestão da Uniqueijo, naturalmente em absoluto respeito pela sua autonomia, de modo a garantir os propósitos a que todos agora nos comprometemos.

Tendo em vista o rigor, redução de custos de produção, inovação e melhoria da comercialização.

Apoiamos também, ao abrigo deste protocolo, a Uniqueijo nas negociações junto da instituição bancária que a financia para a libertação de verbas que satisfaçam compromissos mais imediatos desta União de Cooperativas e, por outro, para o prolongamento do prazo contratado para liquidação dos créditos bancários, permitindo que o seu reembolso represente um encargo fixo mais reduzido.

Paralelamente, a Secretaria Regional dos Recursos Naturais vai manter e implementar todas as medidas que possam contribuir para a valorização e promoção dos produtos de qualidade que são produzidos pelas cooperativas dos Açores.

Aliás, acreditamos que o cooperativismo é uma das formas de organização que contribui para ultrapassar a persistência de algumas debilidades ainda existentes nos domínios da inovação produtiva e tecnológica das explorações e das unidades de transformação, ou no acesso aos mercados externos.

Temos pela frente, reitero, uma caminhada que o Governo dos Açores não teme encetar.

Porque acreditamos na viabilidade e sustentabilidade futuras da Uniqueijo, no saber fazer das suas cooperativas associadas e na força de vontade e espírito coletivo, com provas dadas, dos Jorgenses.

Recordo que a União de Cooperativas Agrícolas de Lacticínios de São Jorge, UCRL - UNIQUEIJO, foi criada em 1986, integrando seis cooperativas de produção de queijos tradicionais: a Cooperativa Agrícola de Lacticínios de Norte Pequeno, a Cooperativa Agrícola do Norte Grande, a Cooperativa Agrícola de Leitaria de Santo António, a Cooperativa de Leitaria da Beira, a Cooperativa Agrícola de Santo Amaro CRL e a Cooperativa Leitaria de Manadas SA..

Mais tarde, associaram-se também a Cooperativa Agrícola de Lacticínios de Rosais, a Finisterra - Cooperativa de Lacticínios do Topo e, por último, foi estabelecido um acordo comercial com a Cooperativa dos Lourais.

As atuais instalações, onde nos encontramos, permitem um controlo rigoroso dos produtos, como é hoje absolutamente necessário para competir nos cada vez mais exigentes mercados nacional e internacional.

Estão, por isso, reunidas as condições necessárias para que esta seja uma caminhada bem-sucedida.

E com este passo, com esta assinatura, fica assim concretizado aquilo que foi, e é, o compromisso público do Governo dos Açores”.



GaCS

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