
Texto integral da intervenção do Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, proferida hoje, na cerimónia de inauguração da Unidade de Hidroterapia do Centro de Saúde de Santa Cruz:
“Uma breve intervenção, para assinalar, com satisfação, mais um compromisso assumido no sector da saúde: a inauguração desta Unidade de Hidroterapia.
No âmbito da ampliação do Centro de Saúde de Santa Cruz das Flores, inaugurámos já o serviço de fisioterapia, projecto que, como foi salientado na altura, se revestia de uma importância crucial para a melhoria do acesso aos cuidados de saúde pelos florentinos – em particular os que sofrem de patologias incapacitantes.
A obra que agora inauguramos, orçada em perto de meio milhão de euros, integra-se na segunda fase de remodelação deste Centro de Saúde e comporta, além da hidroterapia, a sala de autópsias e a medicina hiperbárica, cujo equipamento contamos que seja em breve também instalado.
A valência da hidroterapia vem proporcionar às pessoas que residem nas Flores uma resposta mais alargada e mais qualificada no tratamento de muitas patologias, designadamente reumáticas, ortopédicas e traumatológicas. Apresenta-se também com grandes vantagens, hoje claramente reconhecidas, em muitas outras áreas, designadamente para os portadores da doença de Machado Joseph.
Durante muito tempo dividiram-se os pontos de vista sobre as vantagens da hidroterapia em pacientes com doenças neurológicas, mas hoje está confirmado, de acordo com os especialistas, que traz acrescidas vantagens em termos de relaxamento e espasmos musculares, permitindo, segundo as mesmas opiniões, uma maior amplitude das articulações e diminuindo o stress e a ansiedade. Em todo o caso, estão já inscritas trinta e cinco pessoas portadoras da doença de Machado Joseph nos tratamentos de fisioterapia, e que podem, a partir de agora, beneficiar também desta outra valência, acreditando-se que muitos mais possam vir a utilizá-la, melhorando a sua reabilitação e contribuindo significativamente para uma melhor qualidade de vida.
A possibilidade que temos de inaugurar serviços como este mostra como aquilo que pudermos poupar e gerir melhor no sistema público de saúde pode ser reinvestido em benefício da qualidade e diversidade dos cuidados prestados. Também por isso é importante reduzir despesas e, evidentemente, eliminar desperdícios.
Sem a adopção, no limite máximo, dessas poupanças, são pouco sustentáveis não só os investimentos iniciais em infra-estruturas como as que estão projectadas criando três novos centros de saúde na Graciosa, no Pico e em Ponta Delgada, ou o novo hospital para a ilha Terceira, ou a ampliação do Hospital da Horta ou, ainda, a criação do Centro de Radioterapia, como sobretudo as despesas futuras do seu funcionamento. Não há, pois, dúvidas: temos de gastar menos com o que temos, para podermos ter mais.
Evidentemente que a opinião de todos os sectores profissionais envolvidos no serviço regional de saúde é muito importante, pois as suas experiências e competências são poderosas ajudas para realizar esses objectivos.
É, do mesmo modo, mobilizando maiores recursos humanos e financeiros que estamos, por exemplo, a implementar rastreios de âmbito regional, que constituem eixos da prevenção em saúde, como os já em curso do cancro da mama e do cancro do colo do útero, preparando-se os rastreios do cancro colo-rectal e da retinopatia diabética.
Assinale-se que, no caso do cancro da mama, foram já rastreadas 13.500 mulheres, das quais 9,6 % tiveram seguimento para consultas de aferição, tendo sido detectados alguns casos positivos. Quanto ao rastreio do cancro do colo do útero, também já iniciado, terá uma dimensão muito maior, devendo abranger 75 mil mulheres em todas as ilhas, num projecto que será desenvolvido ao longo dos próximos três anos.
As recentes dificuldades financeiras que assolam todo o mundo são um incentivo à criatividade e um tempo propício à tomada de medidas que, embora pensadas, aguardavam este impulso criado pela necessidade. É o caso de reformas como a de um novo enquadramento jurídico das farmácias, com reflexos na política do medicamento na Região, e com a introdução da unidose, para já nas farmácias hospitalares, mas com a possibilidade de qualquer farmácia poder aderir. Trata-se, neste caso, de uma medida que permitirá uma poupança na comparticipação dos medicamentos, é certo, mas que representará ao mesmo tempo uma redução da despesa para as famílias, uma vez que passam a adquirir apenas as doses de que necessitam.
Os dados estatísticos confirmam a evolução positiva que se tem registado no sector da saúde. É impossível contornar a evidência de que estamos melhor hoje em saúde, nos Açores, do que há oito anos ou há quinze, em 1995, quando foi aprovado o segundo Plano de Saúde na Região. O desafio presente é o de prosseguir nesse caminho de melhoria.
Ao nível de pessoal, por exemplo, há quinze anos o Serviço Regional de Saúde dispunha de 356 médicos; hoje temos 491. O número de enfermeiros era de 816 e hoje são 1336.Tinhamos 161 técnicos auxiliares de diagnóstico e agora temos 257. Se observarmos pelo lado da produtividade, a tendência é idêntica: em 1995 disponibilizaram-se 470 mil consultas; agora são 560 mil, e os exames complementares de diagnóstico mais do que duplicaram. Temos, evidentemente, que procurar melhorar essas eficiências, pois, com a evolução verificada e os novos paradigmas de modernidade e prestação de serviços, esses indicadores não respondem por inteiro.
Esta nova Unidade de Hidroterapia é uma dessas melhorias. Outras, como tem acontecido, se seguirão.”
GaCS/CT
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