
A arqueologia subaquática tem, nos Açores, “um largo potencial, se não único a nível nacional, pelo menos de capital importância e interesse”.
As palavras são do Director Regional da Cultura que, falando na abertura do III Encontro de Arqueologia das Ilhas da Macaronésia, a decorrer hoje e manhã em Angra do Heroísmo, justificou a afirmação pela quantidade de naufrágios de embarcações que ocorreram nas costas açorianas ao longo dos tempos.
É por estar consciente dessa realidade que o Governo dos Açores “tem dedicado particular atenção a esta matéria”, disse Jorge Bruno, acrescentando que uma das preocupações foi criar legislação para regular a arqueologia subaquática na Região.
O Director Regional lembrou que as primeiras intervenções em arqueologia subaquática na era autonómica ocorreram pela mão da Associação de Amigos do Museu de Angra do Heroísmo, em 1995, com pesquisa e levantamento de diversas áreas de interesse e com a realização de cursos de formação para esta actividade. Desde então, muito trabalho já foi desenvolvido nessa matéria, com o devido enquadramento legal e científico.
Nos últimos anos, foram realizados trabalhos e efectuados registos preliminares de diversos sítios arqueológicos subaquáticos na Terceira, Faial, Pico, São Jorge e Flores.
Em 2004 a baia de Angra foi classificada como Parque Arqueológico, reconhecendo o seu “imenso potencial e importância histórica e patrimonial”, sendo criados dois sítios visitáveis: o navio Lidador e o Cemitério das Âncoras, disse ainda o responsável pela área.
A nível da arqueologia terrestre, Jorge Bruno lembrou a intervenção de arqueologia urbana de emergência, nas Portas da Cidade de Angra do Heroísmo, hoje Pátio da Alfândega, onde foram descobertas estruturas do século XVI, durante os trabalhos de saneamento básico então em curso.
Ainda neste segmento, disse, a Direcção Regional da Cultura promoveu, em 2009 e 2010, diversas acções de levantamento arqueológico, com destaque para o forte de Santa Clara, em São Miguel, e o forte de Santa Catarina, na Terceira.
Jorge Bruno disse ainda aos participantes no encontro que, com o crescimento da actividade de arqueologia nos fundos marinhos, foi montado um sistema de fiscalização e realizadas acções de formação sobre gestão de processos e prática arqueológica em contexto de prevenção/minimização, para além de outras, no âmbito da Carta Arqueológica Subaquática.
O Director Regional revelou, na ocasião, que está em análise a criação de mais um parque subaquático, em São Miguel, “em torno do naufrágio do navio Dori, nos meados do século passado”.
GaCS
Sem comentários:
Enviar um comentário