O Secretário Regional da Educação e Cultura afirmou hoje, no Porto, que os laços culturais constituem o "melhor cimento” da comunidade lusófona, a qual, por diversas razões, anda “ainda muito longe da consumação”.
Avelino Meneses, que falava, em representação do Presidente do Governo, na cerimónia de homenagem ao escritor Cristóvão de Aguiar para assinalar os 50 anos da sua obra literária, defendeu que, no atual contexto, em que “os beneficiários da autonomia ainda pugnam pela ampliação de direitos e os detentores da independência [ex-colónias portuguesas] ainda buscam os caminhos do desenvolvimento”, restando a Portugal “o dever e a vantagem” da constituição de uma comunidade lusófona “assente em bases de cooperação e de respeito”.
Neste sentido, referiu , “a escrita e os escritores desempenham um papel fundamental, como é exemplo a escrita de Cristóvão de Aguiar, que já é dos Açores, de Portugal e de toda a Lusofonia”.
“Com clarividência e com razoabilidade, Cristóvão de Aguiar duvida da existência de uma literatura açoriana, preferindo falar de uma escrita de expressão insular com raízes continentais e com extensão atlântica, constituindo tudo isto o universo dúbio da lusofonia”, salientou.
Para Avelino Meneses, a identidade açoriana é, pois, “muito complexa”, chegando, por vezes, a ser a “negação de uma identidade”, daí que “a mundividência” constitua “uma importante faceta da Açorianidade, que comunga e acentua o caráter universalista da cultura portuguesa”.
O Secretário Regional da Educação e Cultura, que destacou o “meio século” de vida literária de Cristóvão Aguiar, realçou na obra do homenageado “a defesa dos oprimidos” e, também, a “omnipresença de temas açorianos”, o que, por vezes, foi expresso “numa linguagem de sabor dialectal e regionalista”.
O escritor Cristóvão de Aguiar, que nasceu na ilha de S. Miguel, conquistou diversos prémios ao longo da sua carreira, nomeadamente o Prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências de Lisboa, o Grande Prémio da Literatura Biográfica, da Associação Portuguesa de Escritores e, por duas vezes, o Prémio Nacional Miguel Torga, tendo sido agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique e, em 2012, com a Insígnia Autonómica de Reconhecimento.
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GaCS
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