sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Intervenção do Presidente do Governo

Texto integral da intervenção do Presidente do Governo, Vasco Cordeiro, proferida hoje, em Ponta Delgada, na inauguração do empreendimento turístico “Casa Hintze Ribeiro”:

“As minhas primeiras palavras são, naturalmente, para agradecer o amável convite para presidir a esta cerimónia de inauguração deste novo empreendimento turístico, a Casa Hintze Ribeiro, o qual aceitei com muito gosto e com muita satisfação.

Trata-se, na verdade, de um empreendimento que, noutras funções, tive a oportunidade de acompanhar desde os seus primeiros momentos, e que vem enriquecer a oferta de alojamento turístico na cidade de Ponta Delgada, ao mesmo tempo que se ancora na memória e na figura de um dos mais destacados políticos açorianos oitocentistas, exatamente Ernesto Hintze Ribeiro.

Esta é uma unidade hoteleira que se diferencia, apresentando uma oferta distintiva e que, por essa via, constitui um ativo valorizador do ponto de vista do alojamento regional, ainda para mais quando resulta de um projeto de grande qualidade de reabilitação urbana em Ponta Delgada.

Estamos, assim, perante um conceito inovador de hotelaria que, simultaneamente, recuperou um edifício emblemático do centro histórico desta cidade, numa feliz conjugação entre qualidade e recuperação urbana.

Trata-se, pois, de uma intervenção feliz que, neste momento, formulo votos para que assim se mantenha, como acredito que assim acontecerá, também no seu funcionamento.

Dirijo as minhas felicitações especiais ao seu promotor, Senhor Joaquim Neves, ao Senhor Arquiteto Jorge Costa e à Senhora designer Nini Andrade Silva.

Vivemos hoje um tempo de ânimo, de esperança, mas também de desafios no setor turístico açoriano.

Após vários anos em que, naqueles que são os indicadores comummente associados à dinâmica do setor, a situação se caraterizou, à semelhança do que aconteceu noutras paragens, por um recuo e alguma estagnação, em muito devido à crise económica que se instalou nos nossos principais mercados emissores, desde logo, o nosso país, o setor turístico açoriano apresenta, desde o final do ano passado, sinais encorajadores e consistentes de retoma e de recuperação.

Em novembro de 2014, os Açores cresceram cerca de 26 por cento em número de dormidas, uma evolução positiva que se manteve também nos meses de dezembro (mais 23 por cento), janeiro (mais 34 por cento), fevereiro (mais 24 por cento) e março (mais 19 por cento).

Nos primeiros sete meses deste ano, o crescimento do número de dormidas é de cerca de 20 por cento.

E se assim é no que se refere a dormidas, importa, igualmente, referir que, relativamente aos proveitos totais dos estabelecimentos hoteleiros, entre janeiro e julho deste ano, atingiu-se mais de 28 milhões de euros, um crescimento homólogo superior a 18 por cento.

A evolução do setor permite, assim, confirmar que, desde o final de 2012, quando este Governo entrou em funções, o número de dormidas na Região aumentou cerca de 30 por cento, estando hoje, não só com melhores indicadores do que estava nessa altura, mas, sobretudo, mercê de uma alteração significativa no modelo de acessibilidades aéreas à nossa Região negociado e acordado entre o Governo Regional e o Governo da República, com boas perspetivas de futuro.

Conforme era esperado, a acessibilidade aos Açores aumentou significativamente com a entrada em vigor do novo modelo de acessibilidades aéreas à Região.

Foi esse objetivo que o Governo dos Açores delineou nessa negociação e os resultados comprovam que esse objetivo está a ser alcançado.

Os números disponíveis até à data apontam para um crescimento superior a 21 por cento no número de passageiros desembarcados nos aeroportos açorianos, entre abril e julho deste ano, relativamente aos meses homólogos de 2014.

E esta é uma realidade que se espalha pela generalidade das ilhas açorianas, comprovando o mérito e o potencial de um modelo que, diferenciado nas soluções, é uno no objetivo de melhorar as acessibilidades aéreas a todas e a cada uma das ilhas.

Mas, se é certo que é importante termos em atenção o percurso que estamos a fazer e os resultados que o mesmo já permitiu alcançar, como Presidente do Governo considero que o mais importante é olharmos o futuro, criando os mecanismos que possam potenciar as oportunidades que se nos apresentam, transformá-las em momentos de criação efetiva de desenvolvimento e progresso em toda a cadeia, criar todos os mecanismos e as políticas para que seja mais fácil aos nossos empresários desenvolverem a sua atividade, com o máximo de previsibilidade possível e, por último, estar desperto para os desafios que essa realidade nos coloca.

Nesse âmbito, gostaria de partilhar convosco nesta ocasião algumas medidas que, embora se encontrem neste momento em diferentes fases de preparação, o Governo dos Açores pretende implementar no futuro próximo.

Assim, encontra-se em fase final de elaboração o Plano Estratégico e de Marketing do Turismo dos Açores 2015-2020, o qual constituirá o documento orientador na abordagem que queremos fazer a esse setor e que contou, na sua elaboração, não apenas com o contributo da parte do Governo dos Açores, mas, sobretudo, com o contributo de uma multiplicidade de intervenientes e protagonistas desse setor nas áreas do alojamento, da restauração e da animação turística, operadores turísticos, agências de viagens e DMC’s, para além de autarquias locais, partidos políticos e câmaras de comércio, entre outros.

É por isso que temos a fundada esperança que esse documento permitirá uma abordagem que parte do conhecimento efetivo e real que cada um desses intervenientes tem, ao mesmo tempo que traça orientações e estratégias para que se alcancem os objetivos de alavancar a notoriedade dos Açores junto dos consumidores finais; posicionar os Açores como um destino exclusivo de natureza exuberante; promover a cooperação permanente entre os intervenientes públicos e privados na sua execução; melhorar a competitividade do destino e aumentar os fluxos turísticos, tendo de forma subjacente a salvaguarda da sustentabilidade económica, ambiental e sociocultural do território.

E, nesse trabalho, as autarquias locais podem e devem ter igualmente uma intervenção acrescida, alicerçada numa consciência reforçada quanto à nova fase que vivemos, às novas exigências que ela traz e também ao facto de que um novo tempo pouco ou nada se compadece com abordagens e metodologias que pararam no tempo.

Questões como o trânsito ou a limpeza dos espaços urbanos exigirão, porventura, um novo olhar, mais cuidado e mais atento, tendo presente que, a começar por estas, várias são as áreas em que a pressão derivada do aumento de visitantes se pode manifestar de forma mais visível.

É, pois, preciso que este nosso esforço conjunto resulte, cada vez mais, em benefício da Região, na perspetiva de rentabilizar ao máximo todo o potencial que este setor ainda apresenta nos Açores para gerar mais receitas e mais e melhores postos de trabalho.

Mas, para além destas questões, diria, estruturais, existem outras nas quais o Governo se encontra a trabalhar e que consideramos assumirem importância também para a concretização desses objetivos.

Em jeito de conclusão, destacaria, a título de exemplo, duas:

Uma relativa ao trabalho que o Governo está a fazer no sentido de alterar os horários de funcionamento dos equipamentos culturais da Região, nomeadamente museus, de forma a que, estando abertos ao fim de semana, possam constituir fatores acrescidos de atratividade e de animação.

Outra relativa à questão da defesa e proteção da sustentabilidade ambiental dos nossos principais ativos naturais, encontrando-se por isso, neste momento, em estudo a introdução de entradas pagas nas reservas florestais e outros espaços naturais da nossa Região, estando isentos desse pagamento os residentes nos Açores.

O que se pretende com esta medida, que pretendemos que esteja em funcionamento, numa primeira fase a título experimental e em apenas alguns espaços, a partir do próximo Verão IATA é, no fundo, não só disciplinar o acesso, mas, igualmente, proteger esses ativos do nosso património natural, qualificando as condições em que a eles é possível aceder e deles usufruir.

Saliento, porque julgo importante, que essa intervenção tem como um dos seus alicerces a isenção desse pagamento por parte de residentes nos Açores e que, numa primeira fase, ela decorrerá apenas em alguns espaços a título experimental.

É com base nesta noção muito clara de onde nos inserimos que o Governo dos Açores continua determinado a criar os instrumentos que permitam à Região tornar-se cada vez mais competitiva, o que só pode continuar a ser uma realidade se aproveitarmos, ao máximo, todos os fatores que nos distinguem de outros mercados onde estamos em competição direta.

A mensagem que gostaria, assim, de deixar neste momento é de confiança e de realismo.

Se já provamos a nossa resistência nos momentos de maior turbulência por que passamos, não há qualquer razão para que, reforçando esta nossa parceria, não saibamos agora fazer do Turismo um setor cada vez mais robusto, forte e contribuinte para uma economia que se quer diversificada e sólida.

Se é ponto assente que os “Açores estão na moda”, cabe a todos nós fazer com que os Açores não sejam apenas mais uma moda, mas que se imponham como um dos destinos mais seguros e sustentáveis da Europa.

Muito obrigado e muitas felicidades.”



GaCS

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