O Governo dos Açores assinou hoje, em Santa Maria, um Memorando de Entendimento com o Instituto Geográfico Nacional de Espanha (IGN), destinado à aquisição e instalação das estações que irão integrar a Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e Espaciais, cerimónia presidida pelo Presidente do Governo dos Açores.
O protocolo de cooperação prevê o estabelecimento duma Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e Espaciais (REAGE), através de um projecto de instalação e funcionamento operativo de quatro estações geodésicas fundamentais destinadas à realização de estudos de astronomia, geodesia e geofísica, localizadas em locais distintos, nomeadamente uma em Yebes, Espanha, outra nas Canárias e duas nos Açores, em Santa Maria e na ilha das Flores.
É de todo o interesse do Governo dos Açores, sublinhou o Secretário Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos, incrementar o conhecimento do território regional, mediante a realização de estudos e projectos que utilizem as técnicas mais avançadas de geodesia e a geofísica, “a fim de garantir uma melhor prestação de serviços públicos”, nomeadamente em áreas como a georeferenciação, navegação, vigilância, alerta de riscos naturais, que para além, por exemplo, de permitir, no caso dos Açores, a construção de um modelo tectónico mais rigoroso com implicações ao nível dos estudos sísmico.
“O Memorando de Entendimento que hoje o Governo dos Açores assinou com o Instituto Geográfico Nacional da Espanha representa mais um passo na caminhada científica e tecnológica que estamos a percorrer e, neste caso, mais uma vez potenciando a nossa centralidade Atlântica - como já ocorreu com a Estação da ESA - aproveitando o nosso enquadramento geodinâmico”, sublinhou José Contente.
O posicionamento geográfico a nível mundial dos Açores é uma vantagem para o tipo de aplicação a implementar. As estações de geodesia e radioastronomia que serão construídas e entrarão em funcionamento no decurso do próximo quadriénio, correspondem a um investimento global até 25 milhões de euros assumidos pelo Governo dos Açores e pelo IGN.
Segundo José Contente, “uma vez mais estamos a levar projectos estruturantes a duas ilhas da coesão, Santa Maria e Flores, como já o tínhamos feito aqui em Santa Maria com a ESA e com o Centro Nacional de Vigilância Marítima do Atlântico, e na Graciosa, com o Projecto ARM e com a Estação de infra-sons e detecção de ensaios nucleares da Comissão Preparatória da Organização do Tratado sobre a Proibição Total de Ensaios Nucleares (CTBTO), só para indicar alguns projectos de grande impacto científico e tecnológico ao nível internacional”.
Estes projectos científicos promovem novas oportunidades de emprego qualificado no arquipélago e, proporcionalmente, aumentam a atractividade das ilhas para investigação científica através da ciência e da tecnologia espacial, e através dos quais se espera atrair a fixação de quadros e novas empresas.
Com este protocolo compete agora ao Governo dos Açores, através da Secretaria Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos, executar, manter e aperfeiçoar a referencial geodésico, a rede de nivelamento e a rede gravimétrica da Região, assim como implementar e gerir uma rede de estações de referência GNSS permanentes nos Açores e promover a sua integração nas redes nacional e europeia.
No âmbito da assinatura deste protocolo, O Governo dos Açores desafiou a Universidade dos Açores para se integrar pró-activamente na qualificação de recursos humanos em áreas científicas onde estejam a ser desenvolvidos projectos de âmbito regional.
A título de exemplo, José Contente reclamou a formação superior de mais técnicos nos estudos geológicos, necessários na fase de viabilidade das estações de geodesia e radioastronomia contempladas no protocolo de cooperação, alargando ao Instituto de Meteorologia e a outras empresas regionais na área da construção de infra-estruturas e ligadas ao sector eléctrico, “no quadro das exigências estabelecidas para projectos desta natureza”, o apelo para o investimento na qualificação dos recursos humanos.
“Deste modo, abrimos os Açores à modernidade e à inovação acompanhando a emergência de um modelo de convergência que associa a velocidade, a complexidade, o risco, a mudança e a surpresa, aos sistemas económicos e às trocas comerciais, no quadro de novas plataformas tecnológicas e científicas”, acrescentou o governante.
O desenvolvimento, nos últimos anos, das técnicas VLBI aplicadas à geodesia e à geofísica, e os resultados fundamentais que se obtiveram para estabelecer os sistemas de referência e dos parâmetros de rotação da Terra, são requeridos para o funcionamento dos sistemas espaciais de navegação e posicionamento global, como o GPS ou o Galileu.
GaCS/VS
Sem comentários:
Enviar um comentário