Texto integral da intervenção do Presidente do Governo, Carlos César, proferida ontem, nas Velas, S. Jorge, na IX Edição da Gala do Desporto Açoriano:
“Uma breve intervenção para, no início desta IX Gala do Desporto Açoriano, saudar todos os que hoje são homenageados e todos aqueles que, em geral, nas mais diversas modalidades desportivas, contribuem para a dinamização e a melhor expressão desta actividade nas nossas ilhas. E abranjo, nesta saudação, não apenas os que a desenvolvem no enquadramento institucional existente, mas também todos os praticantes e dinamizadores informais do fenómeno desportivo, quer os que o fazem numa perspectiva de prevenção de saúde, quer de lazer.
Esta IX Edição da Gala do Desporto Açoriano tem um significado adicional interessante, pois, realizando-se aqui, na ilha de S. Jorge, neste Auditório Municipal, e na sequência do alvitre para o efeito do Presidente da Câmara de Velas, pretende evidenciar e reconhecer a importância que atribuímos ao desporto como factor de coesão e de unidade social. Compete-me, por isso mesmo, registar e agradecer a colaboração empenhada da Câmara Municipal, na pessoa do seu Presidente, Manuel Silveira, no acolhimento e apoio a esta organização.
É bem verdade, aliás, que o desporto, nas suas múltiplas e variadas vertentes, encontra no poder local, tal como no Governo Regional, um indispensável suporte, quer nos aspectos logísticos e financeiros atinentes, quer na construção e manutenção de infraestruturas para a sua prática e no estímulo à iniciativa dos clubes e organizações. Impõe-se, assim, destacar a utilidade de um planeamento e de uma acção concertados entre as autarquias e o governo, através dos quais se procure racionalizar meios e melhorar a execução de objectivos comuns. Reitero, pois, nesta ocasião, a disponibilidade do Governo Regional para o efeito.
Nesta IX edição da Gala do Desporto ocorre, também, uma situação merecedora de destaque: deparamo-nos com o maior número de galardoados entre todas as edições já realizadas, o que, tenho de o dizer, não se deve a qualquer assomo excepcional de generosidade governamental – isso só acontece por virtude da pujança do nosso movimento associativo desportivo, do envolvimento dedicado e perseverante de muitos, bem como dos resultados e sucessos entretanto alcançados. Distinguimos e homenageamos hoje entidades e agentes desportivos que se notabilizaram, ao longo do ano anterior, através dos resultados e classificações obtidos que nos compete apenas observar, mas também outros pelo trabalho desenvolvido.
Entre os galardoados na categoria “Personalidades” há alguns repetentes, o que neste contexto tem um significado positivo – é que as distinções anteriores não fizeram os distinguidos descansar à sombra desses reconhecimentos; pelo contrário, são muitos os que, transportando experiência e maturidade, aperfeiçoando o seu conhecimento e transmitindo-o a novas gerações de observadores, de praticantes ou de impulsionadores e dirigentes associativos, continuam a contribuir com especial dedicação. Honramos nesta Gala, por isso, pessoas com essas qualidades.
Também não há antecedente de um número tão alargado de clubes com sucessos elevados e em tantas modalidades. Os nossos jovens e os nossos atletas continuam a juntar desempenhos e classificações nacionais muito prestigiosos, que só podem ser fruto de trabalho rigoroso e continuado e da qualidade do seu enquadramento. Pesando embora as nossas insuficiências, que se prendem desde logo com a nossa dimensão populacional e até com a nossa descontinuidade territorial e de meios, o desporto açoriano vai fazendo o seu caminho competitivo, afirmando-se regularmente no plano nacional e já, por vezes, no plano internacional.
Para que esse percurso tenha sustentabilidade é necessária, igualmente, uma gestão criteriosa dos clubes – uma gestão que, a pretexto dos ganhos imediatos, não pode comprometer a continuidade dessas agremiações. Tenho chamado a atenção, pois, e com frequência, de todos os que têm funções de gestão das organizações desportivas, para o seu comprometimento na salvaguarda e protecção dessas instituições e para desenvolverem uma gestão cuidada e compatível com os respectivos recursos disponíveis. Mas esse apelo não se restringe a essas pessoas, pois todos os cidadãos com ligações a essas organizações ou como simples associados, devem exigir o mesmo, reclamar transparência e responsabilizar concretamente os que, por incúria e de forma danosa, destroem associações com muita história e representatividade social. É que, infligidos esses danos, não se pode esperar que sejam as entidades públicas a compensar, com o dinheiro de todos nós, esses desvarios e esses actos de gestão pouco claros.
Os recursos financeiros, sempre escassos, de que dispomos, continuam, porém, disponíveis para ajudar os clubes a construir os seus projectos desportivos, a melhorar o seu papel formativo e dinamizador nas comunidades onde mais se inserem, a formar para a competição e para a cidadania crianças, jovens e adultos, tal como para os apoiar na construção ou requalificação de infraestruturas de utilidade comprovada para a prática desportiva. É certo, todavia, que privilegiamos o investimento na juventude e na sua natural afinidade com a actividade física e desportiva, mesmo que a sua opção recaia em expressões não competitivas. Acreditámos que esse é o caminho certo e que melhor garantirá o futuro.
Por outro lado, exceptuando os financiamentos, que estão estabelecidos por lei e que se inserem na promoção externa da Região através da participação dos clubes que atingiram níveis e modalidades de especial notoriedade, todos os clubes reportam as suas actividades a um quadro normativo que proporciona idênticas oportunidades, mas cada clube deve, a meu ver, tendo em consideração a sua dimensão e a escala em que se insere, procurar e seleccionar, para além das suas obrigações formativas, a sua ou suas áreas de potencial excelência entre todas as modalidades possíveis. Essa é que é, na minha opinião, a melhor gestão desportiva adaptada às capacidades de cada clube, pois nem todos podem estar a competir ao mais alto nível em todas as mais exigentes ou dispendiosas modalidades.
Estou também convencido de que, se essas escolhas forem ajustadas, muitos clubes encontrarão nichos competitivos em que terão êxitos e, nesse contexto, poderão concitar apoios mais expressivos de patrocinadores privados e institucionais.
O reconhecimento do mérito da qualidade da organização de clubes e associações é, igualmente, para o Governo dos Açores, uma forma de incentivar os agentes desportivos, os quais, em breve, verão o seu esforço galardoado com um prémio de excelência desportiva, a lançar ainda este ano e destinado a reconhecer e premiar aqueles que são bons exemplos e cuja lógica organizacional é merecedora de poder ser devidamente apreciada e servir de modelo.
Estimados Amigos
Minhas Senhoras e meus Senhores
Celebremos, então, neste acto público, não só o mérito dos vencedores como a virtude dos empenhados – desde o atleta do desporto adaptado ao agente do jornalismo desportivo, do dirigente associativo ao seleccionado nacional, dos grupos dos Biscoitos aos dos Arrifes e de São Jorge, da dança à natação. Celebremos o desporto que se faz e que se mostra nos Açores e a partir dos Açores.
A todos os galardoados, deixo já as minhas felicitações em nome do Governo Regional.
Parabéns a todos. Muito obrigado.”
GaCS/CT
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