A Lagoa do Fogo, em São Miguel, nos Açores, é o caso mais preocupante da ilha, verificando-se uma descida do nível da água para mínimos nunca antes vistos. O alerta é dado pela associação ecologista ‘Amigos dos Açores’ que apela a um consumo equilibrado na agricultura, correndo-se o risco de não haver água quando ela for necessária.
"A nossa afirmação decorre da observação das lagoas, feita por pessoas com cerca de 60 anos, que conhecem os locais desde crianças”, explicou ao CM Diogo Caetano, presidente da associação ‘Amigos dos Açores’, reconhecendo não ter “dados concretos sobre a quantidade de água desaparecida”.
No caso específico da Lagoa do Fogo, na cratera que forma a Serra de Água do Pau, assegura Diogo Caetano, o “recuo das margens chega às dezenas de metros”. “Numa das últimas actividades de pedestrianismo, na Lagoa do Fogo, constatámos que é possível aceder a locais que estavam cobertos de água”, afirmou, dando conta que o problema afecta outras lagoas da ilha: “Temos vários relatos de populares a dizerem que nunca viram os níveis de água das lagoas tão baixos como agora”.
A justificação encontrada para este fenómeno é, segundo Diogo Caetano, a diminuição da precipitação em todo o arquipélago. “A fatal de chuva nos Açores reflecte-se na paisagem, com pastagens cada vez mais secas, as ribeiras e lagoas com menos água”, sustentou, acrescentando ainda a possibilidade “de a região estar num ciclo, com períodos de 10 anos, caracterizado por épocas com menos chuva”.
De forma a inverter esta tendência, a associação ‘Amigos dos Açores’ lança o repto a todos os açorianos, em especial aos responsáveis pelos sectores agrícola e pecuário: “Toda a população tem de gerir melhor o consumo de água. Os principais prejudicados com a falta de água têm de ser os primeiros a dar o exemplo. Se não existir uma mudança de comportamentos, serão os primeiros a sofrer a consequência da falta de água. É provável que o problema se agrave agora durante os meses de Verão”.
A Direcção Regional do Ordenamento do Território e dos Recursos Hídricos dos Açores confirmou a situação ao CM, dando conta que “a descida do nível da água na Lagoa do Fogo é superior a um metro”. “É o resultado de uma situação natural. Os baixos índices de precipitação registados desde o ano passado”, explicou João Luís Gaspar, director regionado do Ordenamento do Território e dos Recursos Hídricos, tranquilizando a população ao garantir “que não está relacionado com qualquer actividade vulcânica fora do anormal”.
Fonte: Correio da Manhã
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