segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Intervenção do Vice-Presidente do Governo Regional

Texto integral da intervenção do Vice-Presidente do Governo Regional, Sérgio Ávila, proferida hoje, em Ponta Delgada, na cerimónia de abertura do 20.º Campeonato Regional das Profissões:

“Os campeonatos das profissões são encontros onde os jovens têm oportunidade de competir entre si, demonstrando, avaliando e comparando as suas competências profissionais. Mas, para além de oportunidade, são igualmente testemunho da vitalidade da formação profissional nos Açores.

É o nosso vigésimo campeonato, o que mostra bem a nossa persistência, mas é, este ano, o único a ser realizado em todo o país. Este evento tem, pois, ainda mais significado quando este ano os Açores serão a única região do país a realizar um Campeonato Regional das Profissões.

Esta singularidade só é possível porque contamos com uma estrutura consolidada de escolas profissionais, que, ao longo dos últimos anos, têm sempre respondido de forma positiva aos desafios colocados pela tarefa de qualificar os jovens açorianos.

Um Campeonato das Profissões não é um ato isolado, mas antes uma etapa importante no percurso de qualificação de um indivíduo e do seu aperfeiçoamento profissional.

Na verdade, não é aceitável a ideia de haver formação profissional sem a complementaridade importante e enriquecedora dos campeonatos das profissões.

Tomemos alguns exemplos concretos da mais-valia que constituem estas competições assentes na competência, na qualidade e no saber fazer.

Exemplos como o do Acácio Oliveira. Foi formando de Mesa e Bar na Escola Profissional de Capelas, foi por duas vezes Medalha de Ouro nos campeonatos nacionais, está a concluir uma licenciatura na Universidade dos Açores, trabalha num hotel, é formador na sua antiga escola e está aqui como presidente de júri. É bem prova de como se pode ir longe com a formação profissional.

Podemos falar também do Emanuel Figueiredo e do André Rodrigues, ambos com Medalhas de Ouro a nível nacional, um em Contabilidade e outro em Eletricidade, e que são hoje formadores.

Podemos citar ainda o Daniel Medeiros, da Gestão de Redes Informáticas, e a Rosa Nascimento, de Receção, que são jurados cá e presidentes de júri não só no campeonato nacional, mas também no Europeu, o Euroskills. É estimulante e compensador ver os nossos jovens açorianos à frente de provas internacionais.

António Paquete, formador da Escola Profissional de Capelas, é “team leader” da delegação portuguesa há mais de 15 anos aos campeonatos Europeu e Internacional.

É este efeito multiplicador que esperamos deste novo ciclo de competição. Esperamos, dentro de alguns anos, termos outros exemplos destes para citar, naquela que será uma merecida colheita da aposta decidida que o Governo Regional tem feito não só no ensino profissional, propriamente dito, mas, sobretudo, na sua qualidade e na procura incessante da excelência.

Os vencedores deste campeonato representarão a Região no campeonato nacional, o que não é pouco.

No último Campeonato Nacional das Profissões, que decorreu em Faro, os Açores levaram 11 jovens à competição e conseguiram conquistar exactamente11 medalhas.

Merecidamente, os açorianos ficaram conhecidos como “a equipa 100%”. Aliás, nos seis últimos campeonatos nacionais fomos sempre a região do país que obteve o maior número de medalhas relativamente ao número de concorrentes.

Estão aqui reunidos cerca de 40 jovens açorianos das diversas ilhas e outros tantos jurados, oriundos de escolas profissionais, escolas do ensino regular – e saliento aqui a presença do PROFIJ – e também de empresas.

Nesta semana de campeonato, nas oito profissões que estarão nas competições a decorrer na Escola Profissional de Capelas, na Escola das Novas Tecnologias dos Açores e na EPROSEC, os concorrentes irão colocar à prova as suas capacidades profissionais, porventura adquirir novos conhecimentos e competências e sentir o prazer de superar as dificuldades.

Se a formação profissional assegura um nível básico de capacidades, só o esforço diário e o aperfeiçoamento constante assegura aos formandos as competências necessárias para a integração com sucesso no mercado de trabalho.

Daí a importância deste concurso: avaliar o desempenho e premiar a excelência como condição decisiva para o sucesso futuro.

Os jovens açorianos têm demonstrado as suas capacidades a nível nacional e internacional nestas competições, o que comprova as suas qualidades.

Cabe agora à estrutura empresarial da Região saber aproveitar e rentabilizar estas competências e o investimento público realizado.

As empresas açorianas têm à sua disposição a geração mais qualificada de açorianos. No entanto, este investimento só terá retorno se as empresas também fizerem o necessário esforço para qualificar a sua estrutura produtiva.

Esta necessária reestruturação não representa apenas um desafio para as empresas, mas constitui-se como o elemento essencial para a competitividade futura das empresas açorianas.

Argumentar com a dimensão reduzida do mercado local será necessariamente um erro a médio prazo, porque o mercado, em si, será cada vez menos local e cada vez mais global, e, assim, só vencerão no futuro as empresas que encararem a abertura dos mercados como uma oportunidade e nunca como uma ameaça.

Para vencer este desafio é fator crítico de sucesso o reforço das competências da estrutura produtiva regional e da nossa competitividade empresarial e, neste contexto, as empresas açorianas que terão sucesso no futuro serão aquelas que demonstrarem capacidade para absorver, integrar e valorizar esta nova geração de açorianos, a geração mais qualificada de sempre.

Ao Governo dos Açores cabe investir, numa primeira fase, na qualificação dos nossos jovens e colocar ao dispor das empresas açorianas os mais vantajosos sistemas de apoio à integração de jovens nas empresas que existem no país.

Efetivamente, as empresas açorianas dispõem de apoios à integração dos jovens nas suas empresas numa intensidade e diversidade muito superiores às restantes empresas do país, o que constitui uma assinalável vantagem comparativa e um fator de competitividade em relação à concorrência exterior à Região.

Alem dos estágios profissionais que neste momento asseguram que 1.420 jovens estejam actualmente a iniciar a sua integração no mercado de trabalho, o Governo dos Açores financia também as empresas açorianas para contratarem jovens após a conclusão do estágio, o que já permitiu que, só nos últimos 12 meses, 551 jovens açorianos tenham sido contratados através do PIIE-Programa de Incentivo à Integração de Estagiários.

Para reforçar a concretização deste objetivo também criámos o programa Integra, que apoiou a contratação de mais 310 açorianos por empresas regionais.

É este o esforço que pretendemos reforçar no sentido de criar condições adicionais para comparticipar financeiramente e incentivar a integração progressiva dos nossos jovens nas empresas açorianas.

No entanto, existe uma componente decisiva e que cabe exclusivamente às empresas açorianas: a de qualificarem e valorizarem a sua produção para justificarem este esforço.

Essa é uma função insubstituível das empresas açorianas.

A todos, desejo que a competição decorra da melhor maneira possível e que este campeonato fique a marcar mais uma etapa importante no vosso percurso profissional.

Sendo os mais jovens os pilares em construção do nosso futuro, os Açores serão, amanhã, tanto mais desenvolvidos quanto maior for, hoje, a preparação técnico-profissional que adquirirem.

Os Açores precisam da competência, da qualidade e da vontade de todos quantos queiram dar o melhor de si próprios.”


Anexos:
2014.02.17-VPGR-AberturaCampeonatoRegionalProfissões.mp3
GaCS

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