Texto integral da intervenção do Secretário Regional dos Recursos Naturais, Luís Neto Viveiros, proferida hoje, nas Lajes do Pico, na cerimónia de assinatura do protocolo de cooperação com a Direção da LactoPico para a implementação do Plano Estratégico para a Recuperação Financeira da cooperativa:
“O Governo dos Açores assumiu nesta ilha o compromisso de, “com determinação e ambição”, ajudar a Lactopico a vencer os “desafios do presente e do futuro”.
E aqui estamos, no Pico, a assinar um protocolo de cooperação cujo acordo foi alcançado com ambição e que conta, precisamente, com a determinação de todas as partes envolvidas no sentido de concretizar, com sucesso, o plano Estratégico para a Recuperação Financeira da cooperativa.
Conta com a determinação dos produtores, da Direção da cooperativa e do Governo dos Açores.
Na qualidade de Secretário Regional dos Recursos Naturais, garanto o nosso empenho e não duvido do de todos os que aqui hoje estão presentes, sem receio de enfrentar desafios num tempo particularmente difícil e através de compromissos que se vão reger pelo rigor.
E, por isso, à Direção e aos Produtores, a minha homenagem e compromisso de empenho.
Porque, para o Governo dos Açores, a assinatura deste protocolo não representou nunca um fim em si mesmo, mas sim o primeiro passo a dar para se poder iniciar o processo de recuperação desta cooperativa.
É muito importante ser absolutamente claro neste momento: a formalização deste compromisso entre a Cooperativa, os seus produtores e o Governo dos Açores não é um ponto de chegada. É, sim, um ponto de partida.
Espera-nos uma tarefa difícil, árdua e desafiante. Uma tarefa em que poderão existir tentações de desânimo, de desistência ou de por em causa o caminho que, juntos, queremos percorrer. Mas que não reste a mínima dúvida: o Governo dos Açores acredita na LactoPico, está ao lado da LactoPico e dos seus produtores e tudo fará para garantir que chegaremos a bom porto.
De uma situação em que muitos apostavam que estávamos no princípio do fim, a LactoPico, os seus produtores e o Governo dos Açores empenham-se, com determinação e com ambição, em garantir que estamos, isso sim, no fim do princípio de um trajecto que queremos e que tudo faremos para que seja coroado de sucesso, a bem da lavoura do Pico.
Temos, assim, pela frente uma caminhada de quatro anos que o Governo dos Açores não teme encetar. Porque acreditamos na viabilidade e sustentabilidade futuras da LactoPico, apesar de todas as dificuldades que enfrenta.
Presentemente, contando com cerca de 60 associados, a LACTOPICO é responsável pela recolha de mais de 80% do leite produzido na ilha do Pico, o que é bem demonstrativo da sua importância fundamental para o setor da bovinicultura de leite na ilha.
Recordo que a Cooperativa de Laticínios da Ilha do Pico constituiu-se no ano de 1989, tendo então adquirido todo o património da empresa Martins & Rebelo, o que lhe permitiu ter meios para dar início à recolha de leite e à produção de laticínios.
Mas as instalações adquiridas encontravam-se degradadas. Por isso, a Lactopico candidatou ao Programa PEDRAA II, em 1996, um projeto de investimento para a construção e equipamento de uma nova fábrica.
Em 1997, tornou-se parceira da Laticínios de Azeméis, mantendo a Lactopico as áreas da recolha de leite e da comercialização na ilha do Pico e o novo parceiro assegurando a comercialização no mercado continental.
Fruto desta parceria foi também criada uma nova empresa, a Picolaze, que ficou encarregue do setor da transformação, assegurando o funcionamento da unidade fabril, tendo esta, em 2002, sido beneficiária de uma candidatura ao abrigo do Programa PRODESA.
Em 2006, a Lactopico adquiriu a totalidade do capital social da Picolaze, passando a assumir o negócio na sua globalidade, tanto a nível da recolha, como ao nível da transformação e da comercialização.
Em 2009, a cooperativa aderiu à Lactaçores, parceria vigente desde então, com o propósito de potenciar a comercialização dos seus produtos através das estruturas especializadas desta.
Já em 2011, a Lactopico incorporou a Picolaze, tendo passado a assumir diretamente a atividade fabril.
Respeitando o espírito de quem fundou a cooperativa, retirando lições das experiências passadas, importa hoje delinear estratégias, inovar e implementar soluções. Imbuídas de rigor e, permitam-me que o reitere, com ambição.
Em novembro último, imediatamente após a tomada de posse do Governo dos Açores, reuni pessoalmente, a primeira de várias vezes, com as Direções da Lactopico e da Associação Agrícola da Ilha do Pico.
Desde essa altura foi feita a análise detalhada da situação da cooperativa e elaborado um plano estratégico de recuperação financeira da cooperativa, a concretizar através do estabelecimento de um protocolo tripartido e sem recurso à injeção de capitais públicos a fundo perdido.
No virar do ano finalizamos o referido plano, tendo apresentado o mesmo à LactoPico e seus associados no decurso do mês de janeiro.
Após a referida apresentação, em Assembleia Geral da Cooperativa e tendo em conta as opiniões manifestadas, quer pela Direção da Cooperativa, quer pelos seus associados, decidimos proceder à reformulação de alguns dos aspetos do plano estratégico, tendo apresentado a sua revisão no corrente mês de fevereiro.
Com a assinatura do presente protocolo acreditamos que serão criadas as condições fundamentais para a Cooperativa ultrapassar este difícil momento da sua história.
O protocolo vai também, no imediato, permitir aceder a verbas que possam fazer face a uma parte das obrigações que a cooperativa tem com os seus associados.
Recordo que o Governo dos Açores assegurou já dois dos compromissos a que se obriga neste protocolo e que são o acesso imediato a um financiamento de 500 mil euros junto de uma instituição financeira e a garantia da renegociação da dívida da LactoPico para um prazo de 20 anos.
Será ainda constituída uma comissão de apoio técnico à gestão da LactoPico, contribuindo para garantir os propósitos a que todos agora nos comprometemos.
Tendo em vista o rigor, redução de custos de produção, inovação e melhoria da comercialização dos produtos aqui fabricados.
Paralelamente, a Secretaria Regional dos Recursos Naturais vai manter e implementar todas as medidas que possam contribuir para a valorização e promoção dos produtos de qualidade que são produzidos pelas cooperativas dos Açores. E, assim, consequentemente para a rentabilidade dos seus produtores…
Fica assim concretizado aquilo que foi, e é, o compromisso público do Governo dos Açores”.
GaCS