O Presidente do Governo garantiu hoje que o Executivo Regional não prescinde de fazer um acompanhamento próximo de como a produção, a transformação e a comercialização se relacionam entre si e se entreajudam face aos atuais tempos desafiantes que se vivem para toda a fileira do leite.
“Há algo que o Governo dos Açores faz - e que não prescinde de fazer - e que é acompanhar muito de perto como estas três componentes se interrelacionam e se entreajudam. No fundo, como se preparam para estes desafios que já estamos a viver”, afirmou Vasco Cordeiro, na inauguração do XIV Concurso Micaelense da Raça Holstein Frísia.
Segundo disse, da parte da produção, deve ser feita a análise quanto à sua competitividade e que não pode apenas depender dos proveitos, mas que deve também incidir na componente dos custos, tendo presente que nem sempre mais quantidade é sinónimo de mais rendimento.
Do ponto de vista da transformação, Vasco Cordeiro defendeu que deve ser dada uma atenção reforçada à valorização dos produtos, mas, sobretudo, aquilo que, quer em São Miguel, quer nas outras ilhas, é essencial: “não enveredar por determinado tipo de práticas que neguem e destruam, no seu fundamento, o clima que nos parece essencial existir de concertação, de consensualização e de mútuo esforço para fazer vingar este setor”.
“No fundo, práticas que devem ser muito bem pensadas e ponderadas porque, desde logo, a elas o Governo dos Açores não é indiferente”, assegurou o Presidente do Governo, para quem é, ainda, necessário ter uma consciência muita clara da necessidade de um abordagem serena e consciente dos desafios e das dificuldades que seja “valorizadora das nossas capacidades, das nossas especificidades, do trabalho que já fizemos e do trabalho que queremos fazer”.
“Há certamente quem prefira, nesta matéria, o discurso da catástrofe, mas eu, desde cedo aprendi que as dificuldades vencem-se não é estando sentado a apregoar o pior, mas é estando a trabalhar fazendo o melhor”, afirmou Vasco Cordeiro, deixando o compromisso que é nesta luta que o Governo está empenhado.
Na sua intervenção, Vasco Cordeiro afirmou que este concurso da Raça Holstein Frísia realiza-se num tempo muito particular, pois é o primeiro que ocorre perante a nova realidade derivada da abolição do regime de quotas, assim como de outros fatores, como o embargo russo e a diminuição do consumo de leite e de derivados em alguns mercados.
“Não é aceitável que a União Europeia continue a pecar por omissão neste processo, perante todos os alertas que lhe têm sido dirigidos, assim como face aos dados mais recentes relativos à baixa do preço do leite na União a 28”, salientou o Presidente do Governo, para quem esta omissão torna-se, ainda, mais difícil de entender quando, por exemplo, países como a Finlândia, a Estónia, a Letónia e a Lituânia receberam cerca de 40 milhões de euros para apoio específico aos produtores de leite afetados pelo embargo russo, ao mesmo tempo que regiões como os Açores, sujeitas a condicionalismos permanentes e estruturais, não são contempladas com medidas que lhe permitam fazer face a estas decisões e a um mercado que se tem vindo a autorregular, mas por baixo.
Vasco Cordeiro recordou, ainda, que o Governo dos Açores tem alertado os decisores políticos nacionais e europeus - só o atual Comissário da Agricultura já foi convidado duas vezes para visitar a Região - para esta realidade que acarreta danos particulares para regiões como os Açores e que justificam o desenvolvimento de ações compensatórias dirigidas às mesmas.
“A Comissão Europeia sabe, porque o Governo dos Açores informou atempada e pessoalmente o Senhor Comissário da Agricultura, de todo este enquadramento e dos impactos previsíveis que a decisão de abolir o regime de quotas tem para a Região”, recordou Vasco Cordeiro.
De acordo com o Presidente do Governo, a Região defendeu, junto das instâncias comunitárias, a urgência de serem criados, em parceria com os Estados-Membros e os principais atores da fileira do leite, instrumentos eficazes de segurança contra as diminuições abruptas do preço do leite, reforçando o combate às práticas comerciais desleais.
“A Comissão sabe que consideramos imprescindível que a União Europeia acompanhe de perto a evolução da produção leiteira nas Regiões Ultraperiféricas, e monitorize o impacto económico e social do desmantelamento do regime de quotas leiteiras”, afirmou o Presidente do Governo, ao adiantar que há, ainda, um outro ponto de honra pelo qual o Governo dos Açores tem lutado.
“Tendo em conta que o POSEI se destina a minimizar as desvantagens geográficas e económicas das regiões ultraperiféricas, temos defendido que, em sede de revisão, deve ser atribuído à Região um apoio financeiro complementar, por forma a compensar o impacto económico, social e ambiental provocado pela desregulação dos mercados das suas produções tradicionais, na sequência das decisões da União Europeia relativamente ao desmantelamento do regime de quotas leiteiras”, anunciou.
Na sua intervenção, Vasco Cordeiro garantiu, por outro lado, que o Governo tem apostado fortemente neste setor e destacou a forma excelente como tem havido recetividade a estes mecanismos de incentivo de reforço da sua competitividade.
Nesse sentido, destacou que, só em caminhos, água e energia, nesta legislatura, está previsto um investimento de cerca de 20 milhões de euros, assim como os cerca de 340 milhões de euros alocados ao setor até 2020 e que vão permitir que cerca de mil explorações e empresas do setor agroindustrial beneficiem dos incentivos ao investimento e à sua modernização.
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GaCS
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