O Diretor Regional dos Assuntos do Mar afirmou hoje, em Ponta Delgada, que os Açores "têm recursos minerais no mar profundo reconhecidamente exploráveis”, nomeadamente maciços de sulfuretos polimetálicos, crostas de níquel, cobalto, platina, ferro e nódulos de manganês.
Filipe Porteiro falava no Mini Fórum do CYTED (Programa Ibero-Americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento), durante a apresentação do “Enquadramento Geológico e Oportunidades de Exploração Mineira no Mar dos Açores”.
“Os Açores são cruzados pela maior cadeia de montanhas submarinas do mundo”, afirmou o Diretor Regional, referindo que foram inventariados mais de 460 montes submarinos, que ocupam cerca de 37% da Zona Económica Exclusiva dos Açores, sendo conhecidos, pelo menos, cinco campos hidrotermais, que albergam ecossistemas marinhos vulneráveis e “ecossistemas quimiossintéticos muito frágeis e especiais”.
“O Governo dos Açores considera que a exploração dos recursos minerais do oceano profundo é importante para o desenvolvimento socioeconómico da Região”, frisou, salientando que é importante que esta atividade seja “ambientalmente sustentável” e que os “benefícios económicos revertam também para a sociedade açoriana”.
Filipe Porteiro apontou a proximidade das áreas exploráveis das ilhas açorianas como uma mais-valia para a exploração destes recursos, referindo que “estão a menos de 24 horas da Região, o que é uma vantagem sob o ponto de vista económico e logístico”.
O Diretor Regional defendeu ainda que existem na Região “infraestruturas em terra capazes de apoiar esta exploração”, dando como exemplo o Porto da Praia da Vitória, na Terceira.
Na sua intervenção, Filipe Porteiro salientou o papel da Universidade dos Açores e do IMAR na investigação do mar profundo, que “contribui decisivamente para Portugal estar em quarto lugar, a nível mundial, relativamente ao conhecimento sobre montes submarinos e em sexto relativamente a ecossistemas hidrotermais”, segundo o número de publicações científicas indexadas.
O Diretor Regional disse também que, embora a exploração dos recursos minerais do oceano profundo seja uma realidade a médio prazo, “só agora se estão a construir os equipamentos tecnológicos que irão permitir a sua exploração comercial”, acrescentando que a comunidade internacional científica reconhece que “ainda há necessidade em perceber os impactos ambientais desta atividade”, em especial sobre ecossistemas sensíveis e vulneráveis como aqueles que se encontram no mar profundo da Região.
Nesse sentido, a Universidade dos Açores é parceira de projetos europeus que visam estimar e mitigar os efeitos ambientais da exploração mineira do oceano profundo, tendo organizado no início deste mês, na Horta, uma conferência sobre o tema, em parceria com a International Seabed Authority, entidade das Nações Unidas com competências para gerir estes assuntos em águas internacionais.
Conciliar a exploração com a conservação dos recursos, clarificar o enquadramento legal da exploração ao nível internacional e nacional e garantir os benefícios socioeconómicos são, segundo Filipe Porteiro, “os desafios que temos que enfrentar para que a exploração mineira do oceano profundo na Região seja uma realidade no futuro”.
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GaCS
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