O Secretário Regional da Educação e Cultura defendeu hoje, em S. Miguel, a necessidade de se estabelecer, ao nível do país, um pacto em redor da Educação, de modo a implicar “o comprometimento da política e dos políticos”.
“A omnipresença dos estudantes, a indispensabilidade dos professores e a colaboração das famílias exigem a celebração de um pacto em redor da Educação, a implicar o comprometimento da política e dos políticos”, afirmou Avelino Meneses numa intervenção sobre 'O Sistema Educativo Português', no Congresso Internacional de Educação, Psicologia e Neurociência, que decorre em Vila Franca do Campo.
Para o governante açoriano, “a prioridade da educação” tem, aliás, de “emprestar dignidade ao exercício da democracia”, para que “ela não se transforme no mais previsível dos embustes, com o governo sempre de um lado e a oposição do outro, com o governo sempre a relevar todos os progressos, por mais vulgares que eles sejam, com a oposição sempre a renegar todos os progressos, por mais evidentes que sejam”.
Perante “este espetáculo do faz de conta”, frisou Avelino Meneses, “o povo merece mais, muito mais”.
“Bem vistas as coisas, o povo não exige muito, exige simplesmente aquilo a que tem direito: trabalho do governo com dedicação, vigilância da oposição com responsabilidade”, afirmou.
O Secretário Regional da Educação e Cultura salientou que as escolas de hoje “modelam as sociedades do futuro”, pelo que a educação assume-se como “a arma mais decisiva na transformação para melhor do nosso mundo, que é muito deficitário de recursos, mas muito mais de qualificações”.
“Só a locomotiva da educação é verdadeiramente capaz de colocar em marcha permanente e regular o progresso da economia e a coesão da sociedade, atributos e pilares tradicionais de todas, mas todas, as democracias”, frisou.
Avelino Meneses realçou, desta forma, o papel da escola na formação de profissionais e a necessidade de uma “escola de qualidade”, que se constrói dia-a-dia “por insistência de um discurso de exigência e de rigor, contra a prática do erro e da omissão”.
“Caso contrário, a transigência do facilitismo amputa a escola de todo o seu potencial de transformação social, que eterniza a desigualdade que, no máximo, cria a igualdade na ignorância sempre causadora da desmotivação dos alunos e da desvalorização dos professores”, enfatizou.
Assim, para o Secretário Regional da Educação e Cultura, “a pensar no futuro e com os atores do sistema educativo, impõe-se um exercício de reflexão sobre a reforma da educação”, que não pode assentar no “improviso”, na “infundamentação” e no “autoritarismo”, construindo-se um “pacto pela educação” que ponha cobro a “tantas e tantas circunstâncias” que, nos últimos 20 anos, entre outros aspetos, determinaram, por exemplo, a alteração por “mais de 20 vezes do sistema de avaliação”.
“Se o futuro que pretendemos para a educação determina o futuro que pretendemos para o país, há que colocar o sistema educativo a coberto da investida das ideologias coletivas e dos preconceitos e das quezílias pessoais”, frisou.
Avelino Meneses relembrou, a propósito, que em educação o planeamento “exige consenso quer na fixação de metas, quer na avaliação de resultados”, porque só assim “disporemos do tempo necessário à experimentação de programas, de manuais e de métodos de avaliação”.
Ao contrário, acrescentou, “continuaremos enredados numa discussão estéril, artificialmente divididos entre o público e o privado, os exames e as aferições, a pugnar ora por uma escola exigente, ora permissiva, ora por uma escola responsabilizadora, ora por uma escola assistencialista”.
Na sua intervenção, Avelino Meneses realçou o acerto da decisão do Governo dos Açores relativamente ao recente recuo do Governo da República sobre as provas de aferição ao nível do ensino básico, bem como rejeitou a “invenção” de um modelo de avaliação externa próprio de cariz regional.
Já quanto ao insucesso escolar, Avelino Meneses manifestou a expetativa de que as medidas já ensaiadas no âmbito do ProSucesso- Açores pela Educação, programa de promoção do sucesso escolar, nomeadamente ao nível da retenção, venham a produzir efeitos nos próximos tempos.
“O combate à retenção passa pela melhoria das condições de ensino, não tanto pelo aligeiramento dos programas, pelo relaxamento dos critérios de avaliação, ainda menos pela revisão das classificações”, frisou.
A resolução do problema escolar português e dos Açores decorre, defendeu Avelino Meneses, da “observância de uma receita simples, isto é, da transformação da educação numa inequívoca prioridade”.
2016.03.30-SREC-CongressoInternacionalEducação.mp3 |
GaCS
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