Carlos César não está contra uma ajuda financeira extraordinária por parte do Governo da República para a Madeira, “se os Açores tiverem aquilo que eu acho que é justo, não serei eu que colocarei obstáculos a que a Madeira tenha o que necessita”.
O Presidente do Governo dos Açores considera que “ a situação a que a Madeira chegou precisa efectivamente de alguma ajuda” por parte do Governo da República mas, como recentemente propôs num encontro com o Primeiro-Ministro, este “é um momento de transparência que se exige em função das circunstâncias nas relações entre o Governo da República e os governos das regiões autónomas. Seria útil, do meu ponto de vista, a celebração de um memorando de entendimento entre o Governo da República e os governos regionais, através do qual fosse devidamente conhecido e tornado transparente o apuramento das situações e dos indicadores que possam constituir hoje um obstáculo à governação e às economias de ambas as regiões autónomas, que, por outro lado também, correspondesse uma publicitação integral dos apoios e das medidas a adoptar para uma e para outra”.
Para Carlos César, “essa publicidade, essa diferenciação, essa particularização do que está em causa é fundamental para que o país compreenda também as realidades que são as da Madeira e dos Açores”.
As declarações do Presidente do Governo dos Açores foram proferidas hoje aos jornalistas após ter recebido, em audiência no Palácio de Sant`Ana, o candidato do PS às eleições legislativas da Madeira, Maximiano Martins.
Carlos César precisou que, “nos contactos e nas relações que temos mantido com o Governo da República, designadamente na área das Finanças, a destrinça entre a situação dos Açores e da Madeira é evidente e feita com muita clareza. Também ao nível das reuniões que temos mantido com a “troika” é sempre mencionado que a situação dos Açores não tem comparação com a da Madeira. Efectivamente, não tem”.
O Presidente do Governo explicou que “o bem da Madeira e dos madeirenses não é o mal para os Açores. Pelo contrário, a minha satisfação será a dos portugueses em geral e a dos madeirenses em especial, viverem bem e terem sucesso no seu projecto de autonomia. O que eu penso é que algumas das atitudes que são tomadas, e a conduta em geral que é adoptada, tem lançado na opinião pública nacional uma desconfiança e uma desconsideração das autonomias, que são encaradas negativamente no seu conjunto. Há aqui, portanto, um contágio negativo por via da governação da Madeira, e das declarações do seu Presidente em relação às questões que envolvem o julgamento sobre os méritos das autonomias regionais”.
Carlos César esclareceu que “não é verdade que os Açores tenham sido beneficiados em comparação com a Madeira, do ponto de vista da Lei de Finanças Regionais. Aliás, a Região Autónoma da Madeira recebeu, em 2010, transferências ao abrigo da Lei de Finanças Regionais, sensivelmente o mesmo que tinha recebido em 2006. Mas nesse período aumentou a sua dívida em milhares de milhões de euros. Portanto, não está, nem na esquerda nem na Lei de Finanças Regionais a fonte dos males que afectam, efectivamente a Madeira, e que eu espero que sejam resolvidas, com bom senso, e com uma certa alteração de procedimento”.
No caso dos Açores, Carlos César afirmou que a Região tem tido “problemas de financiamento da nossa economia privada, os bancos têm dificuldades, há empresários que precisam de dinheiro e não o têm, é preciso gerar disponibilidades, sobretudo para o desenvolvimento da economia privada, que também dinamizem mais a nossa realidade nos Açores. Mas é importante que se perceba que há diferenças. E é importante que, independentemente do apoio que é preciso a quem mais necessita, porque a vida é mesmo assim, se saiba quais são as realidades que nos confrontamos. O que é que está em causa. O que poderá levar o Governo da República a apoiar mais uma região e menos a outra. Essa transparência é fundamental”.
No relacionamento com o actual Governo da República, Carlos César, referindo-se às decisões anunciadas pelo Ministro Miguel Relvas em relação à RTP-Açores e à RTP-Madeira, considerou que “embora hoje tenham acontecido situações desagradáveis que envolveram o Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, esse procedimento não tem sido adoptado ao nível das Finanças e de outras áreas onde tem havido uma concertação permanente, uma informação permanente, que nos tem ajudado a trabalhar em conjunto e que nos vai ajudar a tomar medidas com um conhecimento recíproco e com informação recíproca”.
GaCS/SF
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