quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Ambientalistas alertam para riscos de transbordo de material químico

A Associação ambientalista Amigos dos Açores manifestou a sua preocupação com os "riscos ambientais e de segurança" decorrentes de um eventual transbordo de material químico na ilha Terceira, proveniente da Síria, mesmo que "a situação seja monitorizada".

"Mesmo que a situação seja controlada e monitorizada ela comporta sempre riscos ambientais e de segurança", afirmou à Lusa o presidente da associação, Diogo Caetano, alertando que perante "situações acidentais que eventualmente possam acontecer", poderão não haver "mecanismos de resposta em termos de emergência".

"Não temos mecanismos de emergência preparados para este tipo de situações perante alguma situação acidental que possa ser mais prejudicial", sublinhou.

"Obviamente que por algum lado é reconhecido algum valor geoestratégico aos Açores, mas nós também pensamos que também há alguns riscos nesta eventual operação, uma vez que uma região que se tenta assumir recorrentemente como uma região ecológica no contexto internacional poderá ser também um risco essa identificação dos Açores com este tipo de atividade", disse.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal anunciou, na terça-feira, que as autoridades norte-americanas contactaram Portugal para avaliar a possibilidade de realizar o transbordo de material químico proveniente da Síria num porto nos Açores, não havendo ainda decisão.

Segundo o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, o pedido refere-se ao porto da Praia da Vitória, na ilha Terceira, o mesmo concelho onde fica a base militar das Lajes, usada pela força aérea dos EUA.

Em comunicado enviado à Lusa, o MNE afirma que Portugal foi um dos países contactados pelos EUA, que "procuraram apurar a disponibilidade, junto de vários parceiros, de estruturas portuárias para a operação de transbordo do material químico transportado a partir da Síria num navio dinamarquês para um navio norte-americano".

O material começou a sair da Síria em 7 de janeiro, no âmbito de um acordo sobre o desmantelamento do arsenal de armas químicas do regime de Damasco.

A Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), envolvida no programa de desarmamento químico na Síria, disse desconhecer qualquer transbordo de químicos em Portugal, afirmando que a operação decorrerá num porto italiano ainda não identificado.

Segundo disse à Lusa o diretor de relações públicas da OPAQ, Michael Luhan, a organização e os países envolvidos na operação de retirada e destruição das armas químicas sírias estão a divulgar o mínimo de informação possível sobre os movimentos da operação, por motivos de segurança.

"O movimento destes químicos representa um certo risco, que a OPAQ não vê como particularmente alto, a ideia é reduzir o risco ao mínimo absoluto e uma forma de fazê-lo é não publicitando onde certas coisas vão acontecer e quando", sublinhou o responsável.

Michael Luha sublinhou que esta "não é uma operação perniciosa que vá pôr alguém em risco. As medidas de segurança que estão a ser montadas na operação marítima são redundantes, há camadas e camadas de medidas de segurança".


Fonte: JN

Sem comentários: