A segunda conferência do ciclo Oceano de Histórias – Novos Caminhos da História do Atlântico, uma iniciativa da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, tem lugar a 22 de Fevereiro, às 18 horas, na Sala de Reservados daquela instituição.
Subordinada ao tema “O Paradoxo da Terceira no Tempo dos Filipes”, a conferência
será proferida, em português, por Jean-Frédéric Schaub, “directeur d'études” na École de Hautes Études en Sciences Sociales de Paris e director do Centro de Estudos Portugueses da mesma escola.
O argumento da conferência está baseado numa investigação em curso sobre os mecanismos dos conflitos numa sociedade marcada pela memória da guerra de 1581-83, mas também no elevado grau de mistura entre portugueses e espanhóis.
A conquista espanhola da Terceira marcou as memórias dos naturais da terra durante todo o período da união das coroas. Houve mártires da causa entre os partidários de D. Filipe I e entre os de D. António, prior do Crato. Com a chegada do «tercio» de D. Álvaro de Bazan, marquês de Santa Cruz, chefiado a partir de 1584 por Juan de Urbina, cerca de mil e quinhentos soldados espanhóis estabeleceram-se na Terceira.
Vivem em Angra, São Sebastião e Praia, sem grande hipótese de voltarem a Espanha. A sua presença é muito notável pelo número surpreendente de casamentos celebrados a partir de 1584 com mulheres da terra. Este fenómeno, bem consignado nos registos paroquiais, deu lugar a uma grande preocupação por parte das autoridades militares espanholas e à irritação por parte de famílias hostis à presença dos soldados castelhanos na ilha.
O conferencista é specialista em História Ibérica, profundo conhecedor da História de Portugal do período filipino, tem vários títulos publicados em francês, castelhano, italiano e português. Jean-Frédéric Schaub tem, além disso, proferido numerosas conferências na Europa, América do Norte e América do Sul.
Este ciclo de conferências resulta de uma parceria entre o Centro de História de Além-Mar (CHAM) da Universidade dos Açores e a Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo.
GaCS/FA/BPARAH
Sem comentários:
Enviar um comentário