quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Salvaguarda dos recursos marinhos e processo de transferência de conhecimento são desafios que os Açores devem agarrar com energia




A salvaguarda dos recursos marinhos dos Açores e o processo de transferência de conhecimento que possa levar à sua utilização em contexto empresarial são “dois desafios e oportunidades que devemos agarrar com toda a nossa energia”.

A afirmação é do Secretário Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamento e foi proferida esta manhã, na Horta, durante a cerimónia de abertura, à qual presidiu, do fórum científico de apoio à decisão “Conhecer o Mar dos Açores”.

Segundo advogou José Contente, no quadro da economia do conhecimento do Mar devem constituir referências do presente e do futuro dos Açores a definição de áreas com potencial de exploração energética e biotecnológica, o apoio à constituição de clusters industriais de biotecnologia marinha, a investigação sobre recursos energéticos fósseis, a exploração de recursos energéticos renováveis e a qualificação de recursos humanos na área da prospecção e extracção de recursos.

Para o governante, é chegado também o tempo “de rentabilização da capacidade instalada em Santa Maria em termos espaciais, que deverá ser melhor aproveitada”.

Conforme explicou, a EDISOFT investiu em 2009 na expansão da capacidade daquela Estação, de forma a poder receber imagens de Earth Observation SAR do satélite europeu Envisat e do canadiano Radarsat-1, permitindo à Estação aliar à missão do tracking de lançadores a Observação da Terra.

Esta nova capacidade permite à EDISOFT “complementar a sua oferta na área da Detecção Remota, com aplicabilidade em diferentes domínios, incluindo a Monitorização dos Oceanos com capacidade de gerar mecanismos de alerta em Near Real Time”, referiu José Contente.

O Secretário Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos lembrou, a propósito, que Estação de Santa Maria “acompanha diariamente, noite e dia, as trajectórias de diversos satélites de observação remota, recolhendo dados úteis para a detecção de navios, a monitorização de manchas de óleo e outros serviços operacionais”.

Segundo referiu José Contente, os serviços de monitorização e vigilância marítima providenciados pela Estação de Observação da Terra de Santa Maria já apoiam o projecto CleanSeaNet, gerido pela Agência Europeia de Segurança Marítima (EMSA), e o projecto MARISS (Serviço de Segurança Marítima), fazendo com que Portugal, através dos Açores, tenha assim “um papel central no Atlãntico”.

O governante defendeu ainda a necessidade dos Açores estarem atentos, nos próximos anos, ao projecto espacial europeu GMES (Global Monitoring for Environment and Security).

Atendendo a que no GMES vão estar em breve disponíveis os satélites Sentinel, dos quais um deles é completamente virado para a observação do Mar, José Contente revelou ser entendimento do Governo dos Açores que a estação de Santa Maria se deve transformar em estação GMES para receber os dados directamente destes satélites (sobretudo o de observação marítima).

“Os Açores estão numa posição geográfica que permite o acesso mais rápido aos dados dos satélites que cobrem praticamente a região entre a Europa e os Estados Unidos”, argumentou o governante, adiantando que, segundo os técnicos, tal situação “permitiria aceder à informação cerca de meia hora antes dos satélites passarem pelas estações colocadas perto do Pólo Norte”.

Além do mais, notou o Secretário Regional, “o acesso directo aos dados dos satélites criará novas oportunidade de emprego qualificado nos Açores, no domínio do processamento dos dados dos satélites GMES (Sentinel) que podem ser feitos por empresas locais em parceria com a Universidade dos Açores (Departamento de Oceanografia e Pescas) e com a Estação da ESA em Santa Maria”.

A finalizar, José Contente referiu que o Governo, no Âmbito da Estratégia 2020, quer “destacar o papel essencial do conhecimento e da inovação para promover o nosso desenvolvimento”, motivo pelo qual “teremos que mobilizar, cada vez mais, a investigação e a inovação, para produzir mais conhecimento e especializar a nossa Região em função dos seus pontos fortes”, sendo que “o Mar é seguramente um deles”.

Numa organização conjunta das Direcções Regionais da Ciência Tecnologia e Comunicações e dos Assuntos do Mar, o fórum científico de apoio à decisão “Conhecer o Mar dos Açores” decorre hoje e amanhã, na Horta, com a participação de três dezenas de investigadores.

Neste encontro irão ser debatidas temáticas relacionadas com o Ordenamento e Gestão do Espaço Marítimo, Geologia e Topografia Marinha, Biodiversidade e Habitats, Factores Adversos ao Ambiente Marinho, Promoção e Sensibilização, Arqueologia Subaquática, Física e Química do Mar e Economia do Mar.



GaCS/FG

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