Texto integral da intervenção do Secretário Regional da Saúde, Luís Cabral, proferida hoje, em Ponta Delgada, na sessão de abertura das XIII Jornadas dos Médicos de Família dos Açores:
“Começo por cumprimentar todos os presentes manifestando, em meu nome e em nome de Sua Excelência o Presidente do Governo dos Açores, que aqui represento, o agradecimento pelo convite para estar presente nesta sessão.
Registo, com apreço, esta iniciativa, que todos os anos permite aos médicos de Medicina Geral e Familiar uma atualização de conhecimentos nas matérias que, em cada momento, constituem preocupação especial no exercício da sua profissão.
É de grande importância a troca de experiências que se proporcionam nestas jornadas – como já tem acontecido em edições anteriores – para que os médicos de família possam estar aptos a dar a resposta adequada aos desafios diagnósticos e terapêuticos que encontram diariamente.
Os médicos de Medicina Geral e Familiar têm responsabilidades únicas na prestação de serviço na saúde, de âmbito cada vez mais alargado.
Têm responsabilidades no acompanhamento das grávidas, das crianças, dos idosos e ainda no seguimento e na vigilância dos doentes crónicos.
Têm também papel relevante na promoção da saúde, no planeamento familiar ou em programas de prevenção dirigidos a problemas específicos como as dependências.
São a linha avançada do Sistema Regional de Saúde que deteta as situações clínicas mais graves e as encaminham dentro do sistema, fundamental para a eficácia do sistema, ao mesmo tempo que são a resposta precoce de muitos casos, atuando de forma preventiva.
O médico de família é uma peça cada vez mais importante, em função das alterações demográficas da população, na resposta atempada aos problemas de saúde, principalmente nos difíceis tempos que atravessamos, garantindo racionalidade, equidade e proficiência ao sistema.
Daí o esforço político que o Governo tem desenvolvido permanentemente, no sentido de que todos açorianos tenham médico de família.
A falta de médicos na Região tem sido motivo recorrente de crítica política, como fosse uma falta de diligência do Governo.
Não é verdade. Hoje existem incentivos que são bastante atrativos e tem sido dado oportunidade e apoios aos internos e especialistas que optem pelas unidades de saúde dos Açores.
Trata-se, pois, de um problema nacional, por via de uma oferta é reduzida. Acho que, se quisermos culpar alguém, devemos apontar o dedo a quem, em determinada altura, limitou as entradas nas universidades de Medicina, o que criou tão graves problemas ao país no seu conjunto.
Claro que, nestas circunstâncias, as localidades mais afastadas sentem mais.
Mas, já agora, deixo um desafio a todos que criticam a falta de médicos de família e a todas as organizações de classe: ajudem a encontrar médicos que queiram vir trabalhar para os Açores.
Aliás, lanço o mesmo desafio aos participantes destas jornadas, que vêm de foram ou que conheçam alguns colegas que pretendem vir trabalhar para a Região.
Felizmente, essa situação estará prestes a alterar-se, uma vez que muitos médicos que entraram nos últimos anos estarão prestes a terminar a sua formação, aumentando a oferta deste recurso especializado.
Aguardamos também pela adesão de médicos às 40 horas semanais, de acordo com o previsto na nova tabela remuneratória, passando a atender 1.900 em vez de 1.500 utentes.
Temos também de ter sempre presente que as soluções terão de ter em conta o momento em que vivemos. Não podemos encontrar respostas que aumentem os custos do Serviço Regional de Saúde. Poderemos sim reorganizar os serviços, até dedicar mais verbas para alguns setores, mas sabendo que, em contrapartida, existirão soluções em paralelo que vão representar uma contenção de custos de igual valor.
Não precisamos de ideias que tragam mais custos. Precisamos de soluções criativas que façam mais com as verbas disponíveis.
Essa é, de resto, o objetivo do projeto de reestruturação que está em curso e que pretende uma sustentabilidade do sistema.
Gostava de sublinhar que o projeto que está em curso não é uma operação de cosmética. Estamos falar de uma reestruturação de fundo, aplicando novos conceitos e novos paradigmas. Estamos a falar de uma nova era para a Saúde.
Devo dizer, a propósito, que nos chegaram soluções de grande qualidade vindas dos partidos políticos e de alguns parceiros sociais. Vê-se que houve quem fez um bom trabalho de casa e apresentou sugestões de grande valia para o projeto, em termos de sustentabilidade do serviço e numa visão moderna da Saúde.
Não vale a pena os críticos de serviço dizerem que isto ou aquilo está mal. O diagnóstico todos nós conhecemos. Precisamos é de gente com ideias e com soluções sensatas, que sejam consequentes tendo em conta a geografia e demografia das ilhas.
O nosso objetivo é colocar a saúde mais próxima das populações, facultando mais consultas e mais serviços ao domicílio.
Em primeiro lugar, construir uma boa rede emergência pré-hospitalar. Deste modo, daremos uma melhor reposta às populações no seu dia-a-dia, chegaremos cada vez mais rápido às pessoas em casos de acidentes e doenças súbitas e teremos os hospitais mais disponíveis para tratar as urgências e as situações diferenciadas.
Em segundo, promover a uniformização intra-nível, através do aumento da qualidade e da proficiência em cada serviço ou unidade, utilizando os bons exemplos dentro e fora da Região.
E, por último, reorganizar a articulação dos cuidados, através de uma visão integrada, articulando o que são cuidados de saúde primários com os cuidados hospitalares.
Contamos com todos vós para implantar esta reestruturação.
Resta-me, uma vez mais, felicitar os organizadores destas jornadas. Dizer-lhes que são verdadeiramente úteis no momento em que vivemos.
E, já agora, para os que vêm de fora, dar-lhes as boas vindas, desejar-lhe uma boa estadia e que aproveitem o que estas ilhas têm de belo, na sua paisagem, na sua gastronomia e no seu envolvimento cultural.
Façam boa publicidade das nossas belezas e das nossa gentes, talvez consigam convencer alguns dos nossos colegas a viver, trabalhar e disfrutar do dia a dia nos Açores.
A todos um bom trabalho”.
GaCS
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