Texto integral da intervenção do Secretário Regional do Turismo e Transportes, Vítor Fraga, proferida hoje, em Vila do Porto, na cerimónia de inauguração de uma estação da rede Galileo Sensor Station:
“Em primeiro lugar, quero felicitar a empresa Edisoft pelo investimento aqui realizado nesta estação, assim como manifestar a minha satisfação por, com base no nosso bom relacionamento e no âmbito do projeto GSS da Agência Espacial Europeia, podermos reforçar o posicionamento dos Açores neste mundo global das telecomunicações.
Se geograficamente os Açores sempre se debateram com desafios acrescidos e permanentes, que derivam do seu afastamento físico dos grandes centros, esta condição insular não é, porém, limitadora quando se trata das novas tecnologias e de telecomunicações.
Neste aspeto, podemos dizer que os Açores têm todo um potencial que deve e tem mesmo de ser reforçado, materializando, também por esta via, esta ambição de voltar a colocar as nossas ilhas no centro do mundo, um papel que, historicamente, já assumimos em vários ciclos de desenvolvimento.
Foi essa importância geoestratégica entre continentes que, por exemplo, nos colocou nas rotas mundiais dos cabos submarinos ou que fez desta ilha de Santa Maria, não há muito tempo atrás, paragem obrigatória para as aeronaves que cruzavam o Atlântico.
Agora, na era em que as distâncias passaram a ser medidas ao segundo, na era em que o acesso à tecnologia e às telecomunicações é que faz a verdadeira diferença, o Governo dos Açores assume como um dos desígnios estratégicos da Região transformar as nossas ilhas num “arquipélago tecnológico”, apostando ainda mais no conceito de especialização inteligente.
É neste contexto que consideramos que a estação que agora inauguramos se reveste de um significado muito especial, porque é um bom exemplo, por um lado, desta estratégia e, por outro, da forma como a queremos concretizar: firmando parcerias com outras entidades, o que demonstra ser perfeitamente possível atrair para os Açores projetos tecnologicamente avançados, com impacto direto na nossa economia.
Estamos, pois, na presença de um investimento de grande importância também para Santa Maria, a que se junta a recente boa notícia de que a FIR (Flight Information Region) de Santa Maria, operada pela NAV, que tem jurisdição sobre o arquipélago dos Açores e parte do Atlântico Norte, ficou de fora do Céu Único Europeu.
Essa foi, sem margem para dúvidas, uma importante conquista, não só para ilha de Santa Maria, como também para a Região e para Portugal, constituindo mais uma prova de que são os Açores que garantem dimensão atlântica e estratégia ao nosso país, uma mais-valia que alguns teimam em não aceitar e muitos em não perceber.
A estação que agora inauguramos é a única infraestrutura da ESA em solo português. Com um investimento direto superior a 600 mil euros, permite criar seis novos postos de trabalho, os primeiros, estou convicto, de mais que serão criados num futuro próximo.
Quero pois, mais uma vez, felicitar a EDISOFT por ter optado pelos Açores. Muito nos honra a vossa escolha, sendo certo que ela própria é, para nós, um sinal de que os investimentos como a estação da ESA, possibilitaram que hoje pudéssemos estar aqui a presenciar o lançamento desta estação Galileo.
Este investimento deve ainda ser visto à luz da importância que a Comissão Europeia atribui às questões relacionadas com o Espaço. É, por isso, uma importante infraestrutura que reforça também o nosso curriculum em futuras candidaturas no âmbito, por exemplo, do Programa Europeu Horizonte 2020.
Apesar destes importantes investimentos aqui em Santa Maria, mas também na Ilha Graciosa com as estações ARM e SuperDarn, o Governo dos Açores tem a perfeita consciência de que estamos ainda no início de uma caminhada, que terá de ser percorrida em conjunto.
Queremos, pois, reforçar o nosso investimento nas TIC, não apenas na perspetiva financeira, mas sobretudo na qualificação dos nossos recursos humanos. De pouco valem estes investimentos se não tivermos recursos humanos que sejam capazes de alimentar esta nova indústria das comunicações.
Deste modo, é nossa intenção utilizar os próximos fundos comunitários para reforçar o investimento em formação avançada em Engenharia e Tecnologias, quer ao nível da formação pós-secundária, quer ao nível da pós-graduação, de modo a criar massa crítica nos Açores nestas áreas específicas.
Nesse sentido, posso anunciar que o Governo dos Açores vai implementar o Programa Escola Tech+, que prevê formações pós-secundárias em tecnologias em áreas como a mecatrónica, redes inteligentes e desenvolvimento de sistemas de informação.
Pretendemos ainda, no âmbito deste programa, reforçar as competências da Escola de Novas Tecnologias dos Açores, incidindo nas áreas de gestão de redes, redes inteligentes, manutenção avançada de equipamentos tecnológicos e sistemas de informação.
Por outro lado, no âmbito da próxima geração de sistemas de incentivo, teremos especial atenção às áreas tecnológicas, incorporando as suas especificidades, quer ao nível das necessidades de investimento, quer ao nível dos fatores concorrenciais no comparativo com outras regiões.
Estamos determinados em prosseguir este caminho com vista a tornar os Açores um arquipélago tecnologicamente avançado, constituindo-se a Agenda Digital e Tecnológica como o documento norteador desta estratégia, na qual prevemos aplicar cerca de 40 milhões de euros até 2020.
Toda esta estratégia está, porém, focada na premissa de contar com as nossas empresas como destinatários dos seus resultados e na definição da Universidade dos Açores como o parceiro de excelência para a sua execução.
É com base nesta linha orientadora que o Governo dos Açores decidiu criar o Programa PME Digital, cuja implementação está fixada para o segundo semestre deste ano.
Trata-se de um programa que se destina a estimular o surgimento e desenvolvimento de pequenas e médias empresas vocacionadas para o mercado digital, possibilitando que essas empresas tenham acesso a linhas de apoio e serviços que favoreçam a sua integração no mercado global, sempre numa perspetiva de criação de riqueza e de postos de trabalho.
No âmbito desta parceria entre o Governo dos Açores e a Edisoft, está garantida a colaboração com a nossa Universidade, quer ao nível de campos de estágio, quer ao nível do desenvolvimento e investigação.
Esta colaboração, extensível aos jovens açorianos que estudam no continente em áreas condizentes com as áreas de negócio desta empresa – tecnologias espaciais e desenvolvimento de software -, é fulcral para que possamos dar passos em frente de forma eficaz.
É, pois, fundamental que a nossa Universidade alinhe o seu posicionamento, realizando esforços para o devido aproveitamento tecnológico e científico destes e de outros investimentos, colaborando para a qualificação dos nossos jovens.
O surgimento de um ecossistema favorável a investimentos nesta área depende também do envolvimento das entidades que ministram qualificação superior.
A finalizar, aproveito a oportunidade para também lançar um repto à EDISOFT; que continue a investir nos Açores que o Governo estará disponível para viabilizar outros projetos, através de sistemas de incentivos ou de processos de desburocratização.
Nesta nossa via açoriana, assumimos um novo ciclo tecnológico que está em desenvolvimento e comprometemo-nos, desde já, a impulsionar todos os novos projetos tecnológicos que criem novos produtos e valorizem o que já temos.
Por diversas vezes, a história já nos mostrou que podemos estar no centro do mundo. O nosso desígnio é, pois, fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para provar às novas gerações que, nos Açores, conseguimos que a história se repita.
Muito obrigado!”
2014.03.26-SRTT-GalileoSensorStation.mp3 |
GaCS
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