A Direção Regional da Cultura assinala a 30 de março o 65.º aniversário do Museu de Angra do Heroísmo com um programa de exposições e animação teatral que pretende afirmar a dimensão simultaneamente regional e nacional da instituição.
Essa dimensão deve ser “entendida não só como um repositório de memória, mas também como um agente cultural mobilizador com forte presença na comunidade em que se insere”, refere a Direção Regional da Cultura.
O Dia Mundial do Teatro, que se celebra a 27 de março, será assinalado com a primeira edição do Café Teatro, performances teatrais que vão animar na última quinta-feira de cada mês, a partir das 21h00, diferentes espaços do Museu de Angra do Heroísmo (MAH).
O Grupo de Teatro residente do MAH, A Sala, é responsável pela dinamização destas tertúlias teatrais, cooperando com o Grupo de Teatro Experimental L.C., Sem Companhia na apresentação da peça de teatro 'Esta noite não há música', da autoria de Carlos Alberto Machado, cujos principais temas são o preconceito e o julgamento da primeira aparência.
A peça, que será apresentada no Coro da Igreja de Nossa Senhora da Guia, será repetida no sábado, 29 de março, pelas 15h00, sendo a dramatização e encenação realizadas conjuntamente pelo ator e pelo dramaturgo.
A 28 de março, pelas 18h00, terá lugar a inauguração da exposição 'Álvaro Cunhal - Vida, Pensamento e Luta: Exemplo que se Projeta na Atualidade e no Futuro', onde, através de fotografias, documentos, objetos, livros e desenhos se ilustra o percurso de uma personalidade portuguesa cuja vida foi dedicada à luta pela liberdade e pela democracia, ao serviço do seu partido.
A inauguração da exposição 'Edifício de São Francisco | Memórias' constitui o ponto alto das celebrações, apresentando a partir de 30 de março, pelas 15h00, a história deste antigo espaço conventual e das instituições que o ocuparam desde os tempos do povoamento.
Com caráter de longa duração, esta exposição ocupará a anterior Sala de Destaques, situada junto à receção do museu.
Ainda no dia 30, pelas 15h30, será apresentada a peça 'A tia Jerónima visita o Museu', uma rábula bem-humorada que abrangerá diferentes espaços expositivos, representando o contributo e o saber popular essenciais à preservação da memória comunitária de que o Museu de Angra do Heroísmo é guardião.
O Museu de Angra do Heroísmo, criado oficialmente em 30 de março de 1949, pelo decreto-lei n.º 37358, sob a égide da Junta Geral, ficou a dever-se à iniciativa do Instituto Histórico da Ilha Terceira e ao ímpeto dinamizador de pessoas como Luís Ribeiro, Frederico Lopes, José Agostinho e outros, tornando-se no primeiro e único museu criado pelo Estado nos Açores até ao 25 de abril de 1974, quando passou para a tutela da Administração Regional Autónoma.
A materialização do projeto foi assumida, de imediato, por Manuel Baptista de Lima, seu primeiro diretor, cargo que ocupou até 1984, primeiro no Palácio Bettencourt, adaptado e ampliado para albergar Arquivo, Biblioteca e Museu Regional, e depois, a partir de 1969, no antigo Convento de S. Francisco, transferindo para ali todo o acervo já constituído e permitindo maior independência de ação.
A forte dinâmica imprimida por Baptista de Lima ao projeto de instalar e fazer progredir um verdadeiro 'Mouseion' em Angra do Heroísmo resultou no que hoje é o museu, com notáveis coleções de militaria, transportes, pintura, imaginária, cerâmica, etnografia, mobiliário e artes decorativas, a par de acervos menos reconhecidos, mas não menos importantes, tais como instrumentos técnicos e científicos, trajo civil e religioso, brinquedos e instrumentos musicais.
“Pode-se dizer, sem fugir à verdade, que é um museu de civilização, na variedade e multiplicidade dos seus acervos onde, de quase tudo existem exemplares”, refere a Direção Regional da Cultura.
O sismo de 1 de janeiro de 1980 danificou seriamente algumas zonas do antigo edifício conventual, ocasionando o encerramento parcial.
A tragédia transformou-se, no entanto, em oportunidade, já que motivou a reconstrução e efetiva adaptação do imóvel a um programa museológico.
Em 1998, o Museu voltou a reabrir as portas, com nova roupagem e espaços, recuperando o seu lugar de protagonista e inspirador.
GaCS
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