domingo, 19 de junho de 2011

Açores têm uma 'situação privilegiada' no que respeita à biodiversidade



O Secretário Regional do Ambiente e do Mar afirmou sábado à noite, na Horta, que os Açores têm uma “situação privilegiada” no que respeita à biodiversidade quando comparada com a situação a nível global.


A opinião foi expressa aos jornalistas por Álamo Meneses à margem da “Conferência da Biodiversidade – metas para 2020”, na qual participou como um dos quatro cientistas convidados.


Segundo explicou, a situação privilegiada de que gozam os Açores em matéria de biodiversidade deve-se “essencialmente à baixa densidade populacional e às actividades que nas ilhas existem, que são relativamente amigas do ambiente”.


Contudo, alertou Álamo Meneses, “temos um conjunto de espécies que estão ameaçadas ou que estão numa situação de vulnerabilidade que já merecem um particular cuidado” e essas espécies “pertencem praticamente a todos os filos, ou seja, a todos os tipos de seres vivos”.


Quanto às plantas que se encontram já ameadas, o governante lembrou que o Jardim Botânico do Faial tem vindo a fazer “um notável trabalho de recuperação”, o mesmo acontecendo com os parques naturais de ilha e os Serviços Florestais, que “têm feito um enorme esforço nesse sentido”.


Conforme referiu, neste ano, os Serviços Florestais fizeram nos Açores “um trabalho extraordinário de recuperação da biodiversidade através da produção de espécies, em que produziram algumas das plantas mais raras”.


Entre as espécies ameaçadas no arquipélago também estão aves e, no caso das aves marinhas – que são aquelas em que os Açores são mais ricos, até porque são o território de reprodução de algumas das espécies mais importantes do Atlântico Nordeste – temos o Cagarro, “uma espécie emblemática” nas ilhas açorianas, lembrou ainda Álamo Meneses.


Como exemplo de outras situações problemáticas, o Secretário Regional do Ambiente e do Mar apontou os casos do Priôlo, cuja população começa já a recuperar, graças ao trabalho que tem sido feito nesse sentido, e da Estrelinha, “uma espécie que tem um conjunto de subespécies que são endémicas nalgumas ilhas e que neste momento estão numa situação de grande vulnerabilidade”.


Para o governante, porém, hoje em dia nos Açores estão “relativamente controladas” as questões de perda de habitat que foram a grande causa da redução da biodiversidade no passado, pois “não há grandes arroteias, nem grandes invasões de áreas naturais”.


Neste momento, precisou Álamo Meneses, “a principal ameaça à biodiversidade nos Açores tem a ver com a presença de espécies invasoras” e é no sentido de combatê-las “o grande esforço que tem vindo a ser feito” pelo Governo.


Numa apreciação à situação da biodiversidade a nível planetário, o Secretário Regional do Ambiente e do Mar disse que as metas anteriormente estabelecidas para 2010 “foram praticamente todas falhadas”.


“Aquilo que tinha sido definido como objectivo para a conservação da biodiversidade a nível planetário na década anterior não foi possível atingir e, pelo contrário, verificou-se nalgumas zonas do planeta um acelerar da perda da biodiversidade”, adiantou.


Na opinião de Álamo Meneses, “a manter-se o actual ritmo de extinção, nós teremos no final do século praticamente cerca de dois terços das espécies de todo o planeta sob ameaça”.


Integrada nas comemorações dos 25 anos do Jardim Botânico do Faial, nesta “Conferência da Biodiversidade – metas para 2020” participaram como conferencistas, para além do Secretário Regional do Ambiente e do Mar, Peter Wyse Jackson (Director do Jardim Botânico do Missouri – EUA), Eduardo Dias (Universidade dos Açores) e João Gonçalves (Departamento de Oceanografia Pescas, UAç).



GaCS/FG

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