A Paróquia de Nossa Senhora das Neves da Relva, vai este fim-de-semana celebrar solenemente o “Sagrado Lausperene”, uma tradição muito antiga, que nesta freguesia sempre se realizou no primeiro sábado e domingo da Quaresma.
Do programa, consta o seguinte: Dia 25 de Fevereiro – (sábado) – 10:00 horas: procissão solene do Santíssimo Sacramento da sua capela, para a capela-mor, com entrada triunfal para o trono, ficando em exposição até às 24 horas; das 10:00 às 17:00 horas: Adoração, hora a hora, pelas crianças e Adolescentes da Catequese; das 17 às 17:45 horas: adoração em silêncio pelos paroquianos em geral; Às 18:00 horas: Eucaristia Vespertina antecipada; das 18:45 às 20:00 horas - Adoração em silêncio pelos paroquianos; das 20:00 às 24 horas: Horas Santas de adoração, celebradas pelos Mensageiros de Fátima. Dia 26 de Fevereiro – (Domingo) – Exposição do Santíssimo Sacramento das 10 às 17:45 horas: das 10:30 às 13:00 horas: Adoração pelo Grupo de Crianças e Adolescentes do Movimento Eucarístico (Adoradoras do Santíssimo Sacramento); das 13:00 às 15:00 horas: Adoração em silêncio para todos os paroquianos; das 15:00 às 16:00 horas: Adoração pelo Grupo de Idosos; das 16:00 às 17:00 horas: Adoração Ministros Extraordinários da Comunhão; das 17:00 às 17:45 horas Adoração Rancho de Romeiros da Paróquia; às 17.45 horas, Bênção do Santíssimo Sacramento seguindo-se às 18 horas: Eucaristia solene do primeiro Domingo da Quaresma e da Paz, com sermão e Encerramento do Sagrado Lausperene.
Um pouco de história sobre o Lausperene.
Devoção iniciada por D. Luís de Sousa, Arcebispo de Lisboa
Esta devoção foi instituída pelo arcebispo de Lisboa D. Luís de Sousa, que faleceu em 1702. Foi o papa Inocêncio XI quem concedeu o jubileu do Lausperene, que o arcebispo D. Luís de Sousa ia visitar em todas as igrejas onde se realizava aquela devoção. Desde essa época tem-se conservado sempre em Lisboa, até à actualidade sem interrupção. A maior parte das igrejas aproveitara para as suas solenidades os dias em que pela escala lhe cabe receber o Lausperene. A instituição do Sagrado Lausperene comemora as quarenta horas que esteve no sepulcro o divino corpo do Redentor, e data, segundo se afirma, do ano de 1556. Parece que durante muito tempo se conservou privativamente monástica esta solenidade do culto, que veio a ser introduzida em Portugal pelos religiosos do mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, em cuja ordem (a de S. Bernardo) passou por diferentes vicissitudes, sendo restabelecida e regularizada, em 1672, por frei António Brandão, geral da mesma ordem e ilustrado
continuador da Monarchia Lusitana. O referido cardeal D. Luís de Sousa, arcebispo de Lisboa, solicitou da sede apostólica, no tempo da regência do príncipe D. Pedro, o privilegio da exposição permanente do Santíssimo Sacramento nas igrejas de Lisboa, como se praticava em Roma, obtendo do papa Inocêncio XI, no ano de 1682, a bula do jubileu do Lausperene, pela qual este pontífice permitiu que as igrejas da mesma cidade recebessem, por todo o circulo do ano, o Sagrado Lausperene, começando a sua distribuição pela sé Patriarcal no primeiro domingo do Advento e no domingo de Pentecostes, e concedeu indulgencia plenária aos fieis que verdadeiramente contritos, arrependidos, confessados e comungados, orassem nas igrejas designadas diante do Senhor Sacramentado. Este jubileu, declarado por sete anos e restrito ás igrejas dentro dos limites da cidade de Lisboa, teve continuas renovações nos sucessivos septénios, impetradas pelos prelados da diocese. Estando em vigor a concessão septenal, feita em 1752, sofreu interrupção por motivo do terramoto de 1755, e durante alguns anos depois, a contar de 1757, o Santíssimo Sacramento só esteve exposto de dia, recolhendo à noite ao sacrário, até que as igrejas se encontraram em condições de poder continuar o exercício da primitiva concessão, que foi restituída no ano de 1760, por breve do papa Clemente XIII, de 8 de Agosto, sendo prelado da diocese o patriarca D. Francisco I; tornando-se mais tarde perpétua a dita concessão, renovada no ano de 1784, por breve do pontífice Pio VI, para o que concorreu a piedosa devoção da rainha D. Maria I.
D. LUÍS DE SOUSA
Nasceu no Porto, em 1630. Foi Bispo em Bona (1671) e Arcebispo de Lisboa (1675). O Papa Inocêncio XII elevou-o ao Cardinalato, em 1697. Alcançou para todas as igrejas de Lisboa o jubileu do Lausperene, e foi Provedor da Misericórdia de Lisboa de 1674 a 1683.
Padre José Medeiros Constância
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