quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Estados Unidos não querem emitir mais vistos de imigração em Portugal


A embaixada em Lisboa e o consulado geral em Ponta Delgada (Açores) vão deixar de emitir vistos de imigração para portugueses, passando o processo a ser assegurado pela representação norte-americana em Paris (França).

As mudanças «dizem respeito apenas aos vistos de imigração, mantendo-se os demais procedimentos relativamente a vistos de não¿imigrante para turismo, negócios, ensino e outros fins».

A decisão já gerou polémica, com o conselheiro das Comunidades Portuguesas em Newark a culpar os diplomatas portugueses, «que não prestam para nada».

«Isso só representa a qualidade dos diplomatas portugueses que estão nesta terra. (¿) Sempre vieram, e continuarão a vir para aqui, para esta terra, para governar a vida deles e não a dos imigrantes que estão aqui», criticou, em declarações à agência Lusa, José João Morais, conselheiro das Comunidades Portuguesas em Newark.

Antecipando «um impacto muito grande na comunidade» com esta alteração da política de concessão de vistos, que entra em vigor em março, José João Morais lamentou: «Nós aqui fazemos tanto pelos americanos, pelo Governo americano, (¿) e depois tratam-nos desta maneira».

Mas as culpas, frisou, são mais dos diplomatas portugueses ¿ que não têm «capacidade» para lidar com um país «muito difícil» como os Estados Unidos - do que dos políticos americanos. E as mesmas culpas estendem-se a figuras como o Presidente da República e o ministro dos Negócios Estrangeiros, que «a única coisa que vêm cá [aos Estados Unidos] fazer é gastar dinheiro e passear», criticou.

O presidente do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas considera que a decisão dos Estados Unidos de obrigar os portugueses que queiram emigrar a deslocarem-se a Paris «é uma forma burocrática de dificultar» a obtenção de visto.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas, Fernando Gomes, disse que só tomou conhecimento da alteração hoje, através da comunicação social portuguesa.

Reconhecendo que o Governo dos EUA tem uma política restrita em relação à imigração, Fernando Gomes considera, porém, que esta medida «é uma forma de dificultar» a concessão de vistos e de restringir as entradas no país.

O modelo atual «funcionava e funcionou durante tantos anos», sublinhou, destacando ainda o custo económico que a alteração implica. A maioria dos candidatos portugueses à emigração para os EUA tem origem nos Açores e o facto de passarem a ter de se deslocar a Paris tem «um custo acrescido desnecessário», critica.

Também o Governo dos Açores considerou que a decisão dos EUA de centralizar na Embaixada em Paris as entrevistas para obtenção de visto de imigrante por residentes em Portugal não respeita as «relações históricas e afetivas» com o arquipélago.

«Consideramos que não é uma boa notícia, não é um tratamento satisfatório para a região tendo em atenção a relação histórica e afetiva que nos une», afirmou André Bradford, secretário regional da Presidência, em declarações à Lusa.

André Bradford salientou que apenas meia centena de açorianos pede anualmente visto de imigrante para os EUA, mas frisou que os residentes no arquipélago são obrigados a um» custo adicional» com esta decisão das autoridades norte-americanas, já que são obrigados a deslocar-se ao continente.

Nesse sentido, o secretário regional da Presidência revelou que o Governo dos Açores «já desenvolveu diligências no sentido de procurar soluções que permitam um tratamento adequado e justo» para os açorianos que pretendam obter o visto de imigrante nos EUA.

Uma das soluções, segundo André Bradford, pode passar pela «deslocação periódica aos Açores de um funcionário consular norte-americano», o que permitiria «evitar a deslocação dos açorianos a Paris».


Fonte: TVI24

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