quarta-feira, 25 de abril de 2012

Intervenção do Presidente do Governo


Texto integral da intervenção do Presidente do Governo, Carlos César, proferida hoje, em Vila do Porto, na cerimónia de inauguração da Pousada de Juventude de Santa Maria:


“Uma intervenção muito breve nesta data festiva para o país e para Santa Maria.

Começo, assim, por saudar todos os jovens dos Açores neste dia em que se conjugam dois motivos de especial celebração: o da evocação da revolução 25 de Abril de 1974 e o da inauguração desta Pousada de Juventude de Santa Maria.

Escolhemos, justamente, esta data para assinalar a abertura deste equipamento destinado à juventude, porque o significado maior da revolução da liberdade e da democracia, que aconteceu há 38 anos, foi o da valorização das pessoas e da juventude na construção do país político e na definição das políticas de desenvolvimento. Podemos achar, e isso é verdade, que o momento presente confronta-nos com dificuldades e desesperanças, mas é certo que no tempo passado não só as dificuldades eram bem maiores como a capacidade para influir na sua resolução, ou, mais ainda, para simplesmente protestar, era quase impossível. O grande legado dessa revolução pacífica é, precisamente, o da garantia de que os portugueses e, entre eles, os jovens, podem e devem determinar, se quiserem, o presente e o futuro da sociedade em que vivem. Podem, sobretudo, fazê-lo, dispondo-se a participar e a votar, o que era proibido na ditadura cujo derrube hoje comemoramos. Aliás, votar é mesmo o mínimo que, em democracia, um cidadão tem a obrigação de fazer.

Acresce que foi graças à Revolução do 25 de Abril que foram instituídos órgãos de governo próprio nos Açores – o nosso parlamento e o nosso governo – e que pudemos, a partir de então, contrariar a indiferença e o abandono a que o governo em Lisboa nos sujeitou sempre. Ainda hoje, mesmo havendo Autonomia, bem sabemos como esse desprezo do centralismo nos dói e nos prejudica: mas com uma diferença – é que, agora, com a Autonomia, já temos armas e meios para combater e compensar essa desconsideração histórica.

Temos, pois, todos, razões para reconhecer e celebrar a proficuidade da mudança gerada há quase quatro décadas. Mas, essa mudança está incompleta: há que continuar para que, cumpridas a descolonização e a democratização formal, se cumpra o terceiro objetivo anunciado de Abril, que era, e é, o do desenvolvimento solidário.

Este investimento que estamos a inaugurar – tal como outros que temos realizado, que estão em curso ou em preparação – representa o cumprimento de um compromisso do nosso Governo com a ilha de Santa Maria e com a sua juventude.

Esta unidade, dotada com 59 camas, pretende ser mais um impulso para a dinamização económica e social mariense, atraindo novos públicos e reposicionando a ilha de forma a melhor responder à procura por parte dos turistas jovens. Trata-se de um segmento de alojamento diferenciado do da hotelaria tradicional e que começa a ter uma boa expressão nas nossas ilhas.

O custo desta obra foi superior a 2,2 milhões de euros, valor que incluiu a aquisição dos imóveis, bem como o necessário apetrechamento desta unidade, dotando-a com a polivalência necessária para responder a desafios que vão desde a sua constituição como unidade âncora e ninho de empresas juvenis até à capacidade para acolher novos fluxos turísticos que pretendemos atrair. Este espaço será, também, um local de ocupação dos tempos livres dos jovens e de animação cultural e social, para o que dispõe, nomeadamente, de sala de reuniões, auditório, sala de exposições, sala de estar e de convívio e espaço de internet.

Avançamos, assim, simultaneamente, na reabilitação desta zona histórica de Vila do Porto, que prosseguirá, entre outras iniciativas, com a construção, aqui ao lado, de uma creche, e mais acima de novas instalações do museu de ilha. Gostaríamos muito que outras entidades públicas e privadas fizessem o seu trabalho, privilegiando esta zona e assim contribuindo também para trazer novas dinâmicas à atividade económica da ilha, que certamente muito beneficiará da instalação desta unidade.

Com a entrada em funcionamento deste equipamento, os Açores passam a ter, no âmbito da PJA, cinco pousadas de juventude distribuídas pelas ilhas de São Miguel, Terceira, Pico, S. Jorge e, agora, Santa Maria, num total de mais de 350 camas. Recentemente, também, num investimento da Câmara Municipal da Lagoa, foi inaugurada outra pousada naquela cidade micaelense. São, todas elas, estruturas que contribuirão muito, em quantidade e em qualidade, para a mobilidade e para o intercâmbio juvenis. Temos agora, evidentemente, o desafio de garantir o equilíbrio de exploração das pousadas, bem como da empresa que as gere, num modelo que, reitero, não deve prejudicar ou concorrer com as unidades da hotelaria tradicional. Estamos fundadamente otimistas nesses bons resultados, já que, no ano passado, mesmo com a unidade de São Jorge a entrar na rede apenas nos últimos quatro meses, tivemos mais de 22 mil dormidas nas pousadas de juventude, seis mil das quais de jovens turistas provenientes do estrangeiro.

Em consequência da nossa aposta na presença nas redes internacionais, as nossas pousadas são cada vez mais reconhecidas como locais de excelência para o turismo jovem e, a partir de agora, também esta nova unidade de Santa Maria integrará essas dimensões promocionais. Até ao momento, e antes mesmo da sua abertura, já há mais de 700 reservas efetuadas, o que supera as nossas melhores expectativas e constitui uma boa notícia que deixo hoje aqui.

Espero, pois, que este empreendimento constitua um sucesso e que as outras instituições privadas e públicas marienses, incluindo a Câmara Municipal, se envolvam na sua dinamização e valorização.”


GaCS

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