domingo, 22 de abril de 2012

Aumentou o número de alunos inscritos em cursos de português nas comunidades açorianas nos Estados Unidos


A Secretária Regional da Educação e Formação destacou ontem, na Califórnia, o aumento do número de alunos inscritos em cursos de português nas universidades norte-americanas, de aproximadamente 8 mil em 2002 para cerca de 11 mil em 2009, mas também dos alunos inscritos no ensino comunitário de todos os níveis e no ensino público, particularizando o caso da Califórnia, em que “há 400 alunos inscritos em língua portuguesa no ensino comunitário de todos os níveis, 1050 inscritos em língua portuguesa no ensino público e 200 alunos inscritos no ensino universitário da responsabilidade de Portugal”.

Cláudia Cardoso, que participava em workshops promovidos no âmbito da XXXVI Conferência Anual sobre Língua e Cultura Portuguesas, afirmou que a língua portuguesa é a 13.ª mais estudada nos Estados Unidos, justificando este interesse cada vez maior “não só pelo papel fundamental das embaixadas, dos consulados, das fundações e das associações culturais, entre muitos outros, mas também das próprias comunidades luso-americanas, das segundas e das terceiras gerações, que procuram cada vez mais aprender o Português”.
No evento promovido pela Luso American Education Foundation, a Secretária Regional teve oportunidade de mencionar os números conhecidos, designadamente os “273 milhões falantes de Português, o que torna a língua portuguesa a quinta mais falada no mundo”, bem como as cerca de 688 mil pessoas que falam Português nos Estados Unidos.
A governante salientou a importância dos emigrantes portugueses, que “primam pela preservação da sua identidade cultural através das mais diversas manifestações, incluindo o incentivo ao ensino da língua portuguesa”.
Nas sessões que decorreram na San José State University, a Secretária Regional da Educação e Formação aludiu ainda ao acordo ortográfico em vigor nos países de língua oficial portuguesa.
Cláudia Cardoso sublinhou a circunstância de a língua portuguesa ser a única do mundo ocidental falada por mais de 100 milhões de pessoas com duas ortografias ocidentais para concluir pela necessidade de unificação da ortografia da língua portuguesa no espaço da lusofonia, destacando quatro vantagens essenciais: evitar “os constrangimentos que se colocam regularmente nos organismos internacionais, relativos à opção entre a ortografia do português europeu e a do português do Brasil”, permitir que leitorados, departamentos de Português de universidades estrangeiras e estudantes “passem a reger-se pela mesma ortografia, o que facilita a expansão do ensino do português para estrangeiros”, possibilitar que “qualquer livro editado em Português possa ser impresso em qualquer país lusófono” e finalmente facilitar “os projetos de intercâmbio cultural, científico e técnico, em prol de uma mais firme consolidação do vasto espaço geográfico da língua portuguesa”.
Finalizou asseverando que “a consolidação de grandes blocos geoculturais pode ajudar a salvaguardar interesses comuns em áreas tão diversas como a cultura, os negócios, a diplomacia ou a ciência”.
No âmbito da XXXVI Conferência Anual sobre Língua e Cultura Portuguesas, organizada pela Luso American Education Foundation, a Secretária Regional da Educação e Formação destacou, em representação do Presidente do Governo Regional, a forma arreigada como a comunidade luso-americana mantém viva, preserva e transmite de geração em geração a identidade cultural portuguesa em geral e açoriana em particular, destacando o incentivo da língua portuguesa, a celebração das principais festas religiosas, a criação de associações culturais e não culturais, de filarmónicas e de grupos folclóricos, de organizações de beneficência ou de clubes desportivos e recreativos.
 Sob o lema “Construindo Comunidade através da Educação e Tecnologia”, Cláudia Cardoso louvou assim o fenómeno da “retenção cultural, isto é, a existência de diversos processos de preservação da língua e da cultura portuguesas”.
 A Secretária Regional lembrou também que o esforço de preservação da língua portuguesa nos Estados Unidos deve ser acompanhado pelo apoio das entidades competentes, sublinhando o papel do Governo Regional dos Açores na defesa daquela preservação, seja através do contato próximo com as comunidades, seja através do apoio ao desenvolvimento das suas atividades, reconhecendo e elogiando o trabalho da comunidade açoriana na “construção da identidade dos países de acolhimento, na construção do seu desenvolvimento”. A governante acrescentou que o “Governo valoriza a comunidade açoriana, importantíssimo fator de divulgação da açorianidade, que valoriza a Califórnia e que prestigia os Açores”.
Cláudia Cardoso teve ainda oportunidade de enaltecer o papel fundamental desempenhado pela família emigrante, pelos pais, os avós, os familiares próximos, concluindo que “todos eles contribuem para a perpetuação da identidade cultural”.
 A  Secretária Regional da Educação e Formação elogiou ainda a intervenção “fundamental e meritória” da Luso American Education Foundation, que desde 1963 promove junto das comunidades luso-americanas e na própria comunidade americana o legado cultural dos emigrantes, “oferecendo aos luso-descendentes um contato direto com as suas raízes culturais e estabelecendo deste modo pontes entre as gerações emigrantes e as segundas sucessivas gerações”.
 A governante participou ainda, em representação do Presidente do Governo Regional, num banquete oferecido pela Luso American Education Foundation, no âmbito da XXXVI Conferência Anual sobre Língua e Cultura Portuguesas.
 Cláudia Cardoso aproveitou a cerimónia para, comentando a Conferência Anual, destacar a qualidade e o interesse das sessões de trabalho, que se prolongaram por três dias de atividade, e a excelente organização por parte da Luso American Education Foundation, no que entendeu tratar-se de uma “metáfora adequada ao labor de que é obreira a comunidade portuguesa em San José” que “representa na sua essência o que de melhor sobressai do caráter do povo açoriano”.
 A Secretária Regional agradeceu em nome do Governo dos Açores o convite dirigido por aquela instituição ao Presidente do Governo para “partilhar este momento de convocação da cultura portuguesa”, e, lembrando Camões, afirmou que “é por meio de obras valerosas que da morte nos vamos libertando”.
Em conclusão, Cláudia Cardoso congratulou a Luso American Education Foundation pela contribuição para que se presentifiquem os Açores, valorizem-se as raízes, agregue-se a comunidade e assegure-se o futuro.

GaCS

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