Texto integral da intervenção do Secretário Regional da Saúde, Luís Cabral, proferida hoje, em Ponta Delgada, na sessão de abertura das Jornadas de Medicina Desportiva:
“É com satisfação que registo as iniciativas que mesmo em momentos de dificuldade se vão realizando na Região Autónoma dos Açores, trazendo sempre todos os ingredientes próprios destes encontros, a troca de experiência, o reencontro de pessoas, novos contatos que são tão úteis no quotidiano profissional e sem esquecer também a parte social e de lazer que permitem dar a conhecer e divulgar as belezas destas ilhas e o que elas têm para oferecer.
Ao princípio da manhã iniciaram-se as Jornadas Atlânticas sobre a temática das catástrofes e assistência multivítimas, agora são estas jornadas dedicadas à Medicina Desportiva. Já este ano se realizaram as jornadas de medicina geral e familiar e o encontro de entidades médicas iberoamericanas.
Todos estes eventos com um objetivo comum, a atualização de conhecimentos, hoje determinante em todas as profissões, muito mais na ciência médica, onde há uma permanente evolução.
Tudo o que se fizer para esse acompanhamento é bem-vindo, para bem da saúde, neste caso para bem da saúde no desporto.
É uma disciplina muito específica, mas cada vez mais necessária, quer em resultado em proliferação das atividades desportivas, quer pela necessidade de se evitarem sequelas que podem ter consequências graves, físicas, psicológicas e até económicas.
É uma área nem sempre visível, mas de grande impacto social.
É pois com grande apreço que felicito o Dr. António Raposo por esta iniciativa e felicito a Universidade dos Açores por acolher um encontro desta natureza e dar mais um contributo à sociedade e ao conhecimento.
Felicito também pelos temas escolhidos, aspetos que constituirão um valor acrescentado, quer para os profissionais desta área, quer para outros especialistas que, de algum modo, lidam com a fisioterapia e a fisiatria.
Permitam-me que aproveite este momento para fazer referência à proposta de reestruturação da Saúde, um documento que prevê uma nova articulação e uma maior eficiência dos serviços.
Infelizmente, o seu debate público tem sido controverso.
Antes mais, gostaria de sublinhar que o Governo teve a coragem de colocar este documento a debate sabendo de antemão que encontraria alguns opositores e tendo consciência da imparidade que a controvérsia poderá acarretar.
Mas fomos pelo caminho que achamos mais correto, sem receio de perder votos que outras forças partidárias parecem querer ganhar a qualquer custo.
O objetivo foi, exatamente, deixar o caminho aberto para que as pessoas se pronunciassem com toda a abertura e com toda a liberdade, como recomenda a democracia que defendemos.
E, nesse sentido, estamos disponíveis para ouvir sugestões, temos percorrido várias localidades olhando as pessoas olhos nos olhos, ouvindo-as e registando as suas opiniões.
E continuaremos nesse caminho. Desafiamos até outras instituições, como as ordens profissionais, os sindicatos, a promoverem idênticas sessões para que nenhuma dúvida fique por esclarecer.
Todavia, no debate que se tem verificado, há duas situações que têm causado estranheza.
Depois dos importantes e válidos contributos que recebemos dos partidos e dos parceiros sociais, agora vemos posições absolutamente despidas de conteúdo e muitas vezes incorretas.
Há quem diga que nada se aproveita, numa forma simplista e cómoda de confessar que nem leram o documento.
Outros seguem informações incorretas sem se darem ao trabalho de as comprovar, o que leva a que partidos com grande responsabilidade política acabem por multiplicar ideias erradas, fazendo um péssimo serviço à democracia e correndo o risco de dar um tiro no pé quando depois perceberem que andaram amplificando informações erradas.
É o caso, por exemplo, dos serviços de Oncologia da Horta, que não sofrem qualquer alteração e todos têm afirmado que vão ser extintos, ou a Cirurgia Vascular na Terceira, que também se mantém tal como está.
Outra ideia, também incorreta, que se tem tentado amplificar é a de que se está a tentar centralizar tudo num único hospital. Em S. Miguel.
Isso não corresponde à verdade.
Cada hospital terá as suas áreas de referência.
Uma coisa é discordar. Outra é prestar declarações sem fundamento.
Gostaria também de sublinhar que há vários aspetos em que a restruturação que se pretende nos Açores é bem diferente da que está a acontecer no continente português.
Em primeiro lugar, a restruturação que se pretende implementar nos Açores tem como objetivo melhorar o nível dos serviços ao cidadão. As alterações no continente têm como meta cortar despesas.
Segundo, nos Açores não são encerrados postos de saúde, mantendo-se e até incrementando-se os serviços de proximidade. No continente todos os dias ouvimos notícias que dão conta do encerramento de serviços.
Mesmo o encerramento de alguns serviços de urgência, que são propostas em alguns centros de saúde, será compensado com mais consultas nos próprios centros de saúde e com mais deslocações aos postos de saúde e aos domicílios.
As pessoas ficam, de certeza, melhor servidas.
Faço votos que estas jornadas também possam contribuir, na vertente da Medicina Desportiva, para este nosso compromisso de reestruturação. Espero pois que o resultado destes dias de discussão possa ser uma mais valia na melhoria dos cuidados de saúde nos Açores.
Sejam todos bem-vindos”.
GaCS
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