O arquipélago dos Açores está a registar níveis de precipitação muito inferiores ao que é habitual, situação que deve manter-se nas próximas semanas, mas que ainda não está a prejudicar a agricultura da região.
"Os valores da precipitação em S. Miguel no mês de dezembro estiveram 66 por cento abaixo do valor de referência", afirmou Diamantino Henriques, diretor do Instituto de Meteorologia nos Açores, acrescentando que valores idênticos foram também registados nas estações das Flores e de Angra do Heroísmo, na Terceira.
A falta de chuva que se tem verificado no arquipélago está relacionada com a localização do anticiclone dos Açores numa latitude mais alta do que o normal, o que bloqueia o avanço dos sistemas frontais que costumam passar pela região nesta altura do ano.
Diamantino Henriques salientou que a situação afeta sobretudo as ilhas com menor relevo, como Santa Maria e Graciosa, mas todo o arquipélago está a sofrer uma diminuição generalizada de precipitação.
Desde outubro, a precipitação registada nos Açores é inferior em cerca de 40 por cento ao normal, adiantando aquele responsável que a tendência de seca meteorológica deve manter-se nas próximas quatro semanas, sendo certo que o inverno e o início da primavera vão ser muito secos nos Açores.
"Durante as próximas semanas não está prevista grande precipitação", afirmou, acrescentando que "vamos ter, talvez nos próximos três meses, um aumento de temperatura relativamente ao valor de referência e a precipitação abaixo do normal".
Diamantino Henriques frisou que esta situação é mais habitual do que se possa pensar, tendo ocorrido também no último mês de 2004, 2005 e 2008.
O diretor do Instituto de Meteorologia nos Açores alertou, no entanto, para a importância da chuva no inverno, já que, se ela não ocorre nesta época do ano, pode provocar uma redução dos aquíferos no verão.
Apesar da falta de chuva, o presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, considerou que as condições climatéricas têm sido favoráveis para as produções agrícolas.
"Neste momento estamos a viver uma situação muito favorável em termos de produções, principalmente de erva. A precipitação que tem caído é suficiente e, aliada ao clima ameno com temperaturas elevadas para a época, permite uma produção de erva ao nível dos melhores anos de sempre", afirmou.
Jorge Rita admitiu, no entanto, que, se a situação se mantiver, o cenário poderá passar de satisfatório a preocupante.
"Podemos ter alguns problemas, não só nas produções agrícolas como também na disponibilidade de águas nas nascentes para abastecimento das explorações", afirmou.
Fonte: RTP
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