sexta-feira, 23 de março de 2012

Carlos César debate questões açorianas com Presidente da República num encontro que considerou muito positivo


Carlos César qualificou de muito positivo o encontro que teve hoje, em Lisboa, com o Presidente da República, e durante o qual conversou com Cavaco Silva sobre “algumas questões que têm importância maior para os Açores e para o país nesta fase.”




Como revelou o Presidente do Governo dos Açores, uma dessas questões prende-se com a anunciada intenção dos Estados Unidos da América de reduzirem os seus efetivos militares e civis no destacamento estacionado na Base Aérea das Lajes.


Dizendo ter transmitido a preocupação do governo açoriano sobre os impactos económicos dessa redução, adiantou ter defendido que a negociação com os norte-americanos “envolvesse uma participação mais ativa e liderante, por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros – dada a sua transversalidade – ao invés de ser uma negociação tendencialmente dirigida pelo Ministério da Defesa e pelos interesses mais restritos que representa.”


Para Carlos César é também importante que a Portugal responda positivamente ao desafio que à sua diplomacia é feito nesse âmbito, sobretudo tendo em atenção que, a contraciclo das reduções que os norte-americanos empreenderam em algumas das suas bases, reforçaram a sua presença e o seu investimento nas bases que detêm em Espanha.

“Nós devemos, pelo menos do plano diplomático, ser tão bons quanto os espanhóis são nessa relação”, sublinhou.


Também a situação financeira dos Açores foi abordada neste encontro, tendo o Presidente do Governo Regional adiantado ter ficado com a impressão de que “o senhor Presidente da República se congratulou com o bom desempenho que a região autónoma dos Açores tem tido.”


Como explicou aos jornalistas, os Açores têm uma situação financeira melhor do que o conjunto do país, não contribuem para o défice – o que também acontecerá em 2012 – e a dívida per capita da região é cinco vezes inferior à da Madeira e seis vezes mais baixa do que aquela que tem qualquer português.


“A nossa preocupação maior é a de que, resolvido um problema, que nunca chegámos verdadeiramente a ter, de gestão das finanças públicas regionais, seja possível mobilizar recursos e vontades para que problemas como os relacionados com o desemprego ou com a quebra da atividade económica sejam bem resolvidos nos Açores”, disse.


Para isso, acrescentou Carlos César, tornam necessários não só a atenção dos investidores e do Governo da República – para canalizarem investimento privado para os Açores –, mas também um novo comportamento da banca no financiamento à economia privada.


“Eu recordo que, em 2007, houve mais 620 milhões de euros de crédito concedido do que de depósitos, e, no ano passado, houve mais 20 milhões em depósitos do que em crédito concedido”, afirmou, para logo qualificar essa desalavancagem de “brutal e com efeitos muito significativos na quebra da economia da atividade privada.”


O Presidente do Governo dos Açores, acentuando que neste encontro teve o ensejo de solicitar a influência do Presidente da República nestas áreas – e também na mobilização do Governo da República para um investimento repartido no território nacional que inclua também os Açores –, realçou que em ocasiões anteriores também solicitou intervenções similares, e bem sucedidas, de Cavaco Silva.


“Breve”, como revelou aos jornalistas, foi o tempo dedicado à questão do navio “Atlântida” e da sua relação com a atual situação financeira dos Estaleiros de Viana do Castelo.


Vincando que esse assunto tem sido dirimido entre duas empresas e que os tribunais deram razão á Atlanticoline – que acabou por recusar um navio que não correspondia ao que havia sido contratualizado – Carlos César disse não perceber por que razão o Ministério da Defesa e os Estaleiros de Viana do Castelo não resolveram um problema que já tem quase três anos e que consistia em vender ou alugar um navio que diziam ser muito bom.


“Não percebo como é que a incúria e a incapacidade de gestão das entidades que tutelaram os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, ou os seus administradores, possam ser substituídas por uma compra compulsiva, por parte do Governo Regional, de um navio que não preenchia os requisitos.”


Concluindo, o Presidente do Governo revelou que a Atlanticoline ainda não recebeu a totalidade da verba que os estaleiros ficaram obrigados a devolver e que tem aconselhado a empresa a ter paciência e compreensão pelas dificuldades dos estaleiros e que não avance com a ação de penhora correspondente à dívida que subsiste, no valor de sete milhões de euros.



Anexos:


GaCS

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