segunda-feira, 26 de março de 2012

Intervenção do Presidente do Governo na inauguração do novo edifício do Hospital de Santo Espírito da ilha Terceira


Texto integral da intervenção do Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, proferida hoje, na cerimónia de inauguração do novo edifício do Hospital de Santo Espírito da ilha Terceira:




“Assinalamos, nesta cerimónia simples, a inauguração de um dos empreendimentos mais importantes e mais complexos realizados nos últimos anos no âmbito do nosso sistema de saúde e na Ilha Terceira.


Tenho muita alegria em ver realizado este compromisso do Governo a que presido e muita expetativa nas suas boas consequências para a qualidade do Serviço Regional de Saúde e para a melhoria da prestação dos cuidados de saúde hospitalares aos terceirenses e aos habitantes das ilhas que estarão referenciados nesta renovada instituição.


Estamos em presença de uma grande edificação, com uma área total de construção de cerca de 50 mil m2, e de uma obra, executada no tempo previsto, que representa um investimento vultuoso. Tenho a certeza de que este investimento, que será pago solidariamente por todos os açorianos ao longo das próximas três décadas, será compensador para todos os que a ele recorrerem muito para além desse espaço temporal. O Hospital do Santo Espírito da Ilha Terceira é, pois, uma grande obra, feita com o esforço e destinada a servir várias gerações.


O valor atualizado previsto para os encargos futuros plurianuais é, de acordo com o critério de cálculo que o Tribunal de Contas efetuou no continente para as PPP, de 139 milhões de euros, sendo que o orçamento deste ano já inclui o pagamento da renda correspondente, tal como, aliás, da renda do projeto rodoviário de S. Miguel. Como ainda ontem foi salientado pelo Governo, estas duas obras, bem como o pagamento integral de toda a dívida pública, incluindo a das empresas públicas, no mesmo período, representará apenas 3,5% das receitas previstas da Região.


Conseguimos, pois, realizar empreendimentos necessários nos Açores e de grande envergadura, acautelando o futuro e salvaguardando a adequada gestão das finanças públicas regionais. Isso é hoje reconhecido por todos os que avaliam o trabalho do governo açoriano com rigor e isenção, quer sejam pessoas e entidades nacionais, quer sejam supranacionais. Só na visão toldada pelo clima pré-eleitoral é que isso não é justamente destacado pelos que se sentem despeitados por qualquer sucesso que lhes seja estranho.


Este hospital é uma infraestrutura feita a pensar no futuro, capaz de dar resposta aos novos conceitos de saúde. Alguns dos seus equipamentos virão ainda do antigo hospital; outros estão a ser progressivamente adquiridos, melhorando respostas em termos tecnológicos e acompanhando na medida do possível os avanços constantes e a evolução da medicina.


Este novo hospital permite o funcionamento em simultâneo de seis salas cirúrgicas, duplicando a capacidade atual do bloco operatório e, em geral, o aumento da capacidade de todos os serviços, como são os casos da unidade de diálise, da consulta externa e da urgência. O internamento geral com 216 camas e 25 camas técnicas de internamento especial, conta por exemplo na zona pediátrica com quartos para os pais pernoitarem. Essas funcionalidades podem ainda, em situação decorrente de catástrofes e emergências, ser ampliadas noutras zonas que estão preparadas para o efeito.


Ao nível dos meios de diagnóstico, para além dos que já existiam o hospital disporá de outras capacidades diferenciadas, como a ressonância magnética, que permitirá uma economia e prontidão de resposta, evitando-se as muitas referenciações de doentes que se verificam para esse efeito. Mas ficam também já criadas as condições estruturais para outros progressos em meios de terapêutica de nova geração, como a radioterapia ou a instalação de uma câmara hiperbárica. Faz igualmente parte da programação desta unidade a implementação da medicina nuclear e outros meios, tais como a hemodinâmica ou a angiocardiografia. Estamos, portanto, a dar passos seguros, de acordo com os nossos recursos orçamentais disponíveis, de extraordinário alcance para a melhoria, através deste hospital, das capacidades do serviço regional de saúde.


Este novo hospital foi também pensado para dar resposta ao aumento da prestação de cuidados médicos ou cirúrgicos em ambulatório, com hospitais de dia em diversas áreas, permitindo que as pessoas, cada vez mais – e sobretudo, as portadoras de doenças crónicas –, possam receber os tratamentos durante o dia e regressar às suas casas, evitando-se, tanto quanto possível, os internamentos e a pressão nos serviços de urgência. Noutro caso, por exemplo no departamento da mulher e da criança, é desenvolvido um conceito de continuidade e complementaridade entre os serviços neonatais, obstetrícia e pediatria.


O processo de transferência para o novo hospital tem decorrido de acordo com um cronograma meticuloso, assegurando a continuidade dos serviços e a segurança dos doentes. Estimamos que em Abril todo o processo esteja concretizado e encerrada uma página de serviço público do velho e já ultrapassado hospital, mais de cinquenta anos depois da sua inauguração. Compete-me, aliás, realçar o bom trabalho que, com esse propósito, tem sido empreendido pelo Conselho de Administração, presidido pela Dra. Olga Freitas, e da Comissão de Mudança. Permitam-me, do mesmo modo, que destaque a ação do atual Secretário Regional da Saúde, Miguel Correia, bem como do seu antecessor Domingos Cunha, e também do Vice-Presidente Sérgio Ávila, os quais foram fundamentais para o momento inaugural que estamos hoje a viver.


Tal como acontece nestas situações iniciais, as rotinas e experiência diárias permitirão, progressivamente, ganhar melhorias e promover a excelência que está ao alcance de uma infraestrutura com estas potencialidades extraordinárias. Esse é um desafio para os mais de 900 funcionários do hospital, desde os seus administradores, aos seus médicos ou a qualquer outro seu colaborador.


Fazer melhor deve ser sempre a ambição de todos. Mas o nosso Serviço Regional de Saúde pode e deve ser motivo de orgulho para todos nós, sendo um fator de confiança e de segurança para todos os açorianos. A notícia pode ser num dia uma desatenção ou um lapso cometido, mas a realidade é que, como tem acontecido no caso dos cuidados hospitalares na Terceira, temos um serviço que desenvolve milhares de atos médicos com sucesso, organização, profissionalismo e abnegação. Aliás, são sempre os mesmos, poucos, a criticar, mas são felizmente muitos os milhares de açorianos e açorianas a beneficiarem e a elogiarem o trabalho e a dedicação existentes nas nossas instituições públicas de saúde.


Apesar das enormes dificuldades de gestão de um sistema de saúde destinado a servir nove ilhas, nem por isso as nossas dificuldades financeiras no sistema são maiores do que as nacionais. Este ano, inclusive, teremos uma situação de equilíbrio de exploração.


Além disso, apresentamos bons indicadores, como sejam o caso das visitas domiciliárias de pessoal de enfermagem que, nos Açores, é praticamente o dobro, por mil habitantes, das que se verificam no todo nacional; o número de enfermeiros, que é de 7,3 por mil habitantes, enquanto a média nacional é de apenas 5,8; o trabalho que é desenvolvido no âmbito da saúde oral, em que tomámos a medida pioneira de dotar cada Centro de Saúde com pelo menos um médico dentista. Estamos sempre a crescer no número de consultas, dos exames complementares de diagnóstico, em suma, na capacidade de acompanhar as pessoas na sua situação de saúde. Se hoje temos algumas situações mais complexas de listas de espera isso deve-se, sem dúvida, à melhoria desse acompanhamento; ou seja, no passado, infelizmente, eram muitos os cidadãos e muitas as situações que não chegavam às instituições de saúde, ou chegavam já ao sistema em momentos terminais. Felizmente, essa realidade penosa já não é a que vivemos hoje nos Açores.


Na educação para a saúde, na prevenção, no desenvolvimento tecnológico das unidades de saúde, tal como no recrutamento de recursos humanos especializados ou como no campo das infraestruturas, progredimos imenso nestas últimas duas décadas. Estamos melhor do que estávamos em todas as ilhas, sem exceção. Saibamos, por isso, continuar esse percurso para bem dos açorianos.


Parabéns à Terceira. Parabéns aos Açores.”



GaCS

Sem comentários: