Texto integral da intervenção do Secretário Regional dos Recursos Naturais, Luís Neto Viveiros, proferida hoje, em Ponta Delgada, na cerimónia de entrega do prémio “Produtor Excelente 2012”:
“Começo por agradecer, em nome de S. Exª. o Presidente do Governo Regional dos Açores, que aqui também represento, o distinto e honroso convite para participar em mais esta edição do “Prémio Produtor Excelente” que, em boa hora, a Associação dos Jovens Agricultores Micaelenses decidiu encetar, evidenciando, por este meio, os produtores associados que se distinguiram durante o ano de 2012.
Faço-o com particular gosto, na certeza de me estar a associar a um dos momentos altos da vida desta Associação.
Trata-se de uma circunstância duplamente importante:
- Por um lado, estamos a premiar o esforço e a tarefa laboriosa daqueles que, mediante uma gestão rigorosa e cuidada, conseguem obter produções de qualidade superior e com isso acrescentar mais-valias à sua atividade;
- E, por outro, evidencia-se o papel dos jovens empresários agrícolas açorianos, que são, com toda a certeza, o garante de um perpétuo contributo desta atividade para a criação de riqueza e para a dinamização do tecido económico.
O nosso amanhã encontrar-se-á garantido nos nossos jovens! Essa segurança só poderá efetivar-se mediante uma produção de excelência que certamente assegurarão.
Como todos sabem, ser agricultor tem sido, ao longo dos tempos, um acumular de técnicas e tradições transmitidas de geração em geração e que hoje importa adaptar cada vez mais aos tempos modernos, conferindo-lhes inovação e tecnologia, adequadas à nossa dimensão e à nossa realidade específica.
Hoje é unanimemente reconhecido o franco progresso que a agricultura açoriana atingiu, o que, aliás, é confirmado por vários indicadores sócio-estruturais do setor, de entre os quais se releva a produção e a dimensão média das explorações, o índice de mecanização agrícola ou até a taxa de ativos jovens no setor.
A este propósito, não posso deixar de referir que os Açores apresentam a mais elevada taxa de jovens na agricultura, quando comparada com a Região Autónoma da Madeira ou com o continente.
A idade média da população agrícola familiar nos Açores, segundo o censo de 2009, é de 42 anos, contra 52 no continente e 46 na Madeira. Somos assim a Região do País com a população agrícola mais jovem.
Paradigma disto mesmo é o elevado número de projetos de investimento destinados aos jovens agricultores aprovados no decurso deste Quadro Comunitário de Apoio (QCA) e que permitiu a cerca de 170 jovens agricultores estabelecerem-se, beneficiando de mais de 6,1 milhões de euros, só de prémio à primeira instalação.
Destes, cerca de 67% tiveram como objetivo a sua instalação na área da bovinicultura leiteira.
O Governo dos Açores, no âmbito do próximo QCA, encontrará as medidas mais consentâneas com a continuidade da evolução que este setor tem demonstrado.
Assegurar a afetação de mais jovens agricultores ao setor e garantir que farão um percurso de modo a obter uma qualidade produtiva de excelência, contribuindo para a afirmação das nossas produções nos mercados externos, será outro dos desígnios que o Governo pretende atingir com o quadro de financiamento a vigorar já a partir de 2014.
No próximo período de programação, pretende-se estimular ainda mais a entrada de jovens na agricultura, promovendo um setor rejuvenescido, protagonizado por gente dinâmica, empreendedora, capaz de conjugar de modo rentável a imagem açoriana, a nossa qualidade e a segurança dos nossos produtos.
Sendo a produção de leite um dos principais motores económicos da nossa terra, esta tem-se apresentado como uma atividade altamente especializada, com um elevado nível de profissionalismo que vai muito para além do trabalho árduo e exigente inerente às atividades diárias da exploração.
Esta atividade obriga os produtores a um trabalho de gestão apurada e de planeamento rigoroso, baseado numa formação profissional eficaz e cada vez mais necessária.
Quando se fala em formação profissional é preciso reconhecer que estamos perante uma tarefa inacabada, da qual depende cada vez mais todo e qualquer empresário que queira verdadeiramente distinguir-se e ser reconhecido pela boa qualidade.
O conhecimento acompanha os tempos e estes são de permanente mudança, à qual nos devemos adaptar de modo permanente e constante.
Só na base deste pensamento teórico é possível manter elevados níveis de excelência, indispensáveis ao sucesso individual e coletivo do setor.
A nossa realidade arquipelágica, a nossa dimensão e a distância aos grandes mercados obriga-nos a que a afirmação dos nossos produtos se faça unilateralmente pela qualidade, pois só assim teremos a garantia de sucesso junto dos mercados externos, onde concorrem operadores com outras capacidades e de reconhecida dimensão.
É importante ter presente que os consumidores, sobretudo os do continente português, têm uma ideia muito particular acerca da qualidade e da marca de excelência dos produtos açorianos.
Trata-se de um conceito que assenta muito na valorização do nosso modo de produção, na qualidade ambiental das nossas ilhas, originando uma tipicidade única aos nossos produtos.
Porém, e face à nossa pequena e fragmentada dimensão, as produções açorianas nem sempre conseguem, como outras, afirmar-se nos mercados.
Daí ser absolutamente imperioso o desenvolvimento de um trabalho tendente à união e articulação do esforço de todos, para que possamos credibilizar cada vez mais a nossa marca “Açores”, ganhando assim uma maior projeção e valorização dos produtos desta Região.
O Governo dos Açores está a trabalhar na criação duma imagem ecológica, de gourmet e premium, destinada a todos os produtos e serviços açorianos, que projete as suas produções e os Açores além-fronteiras.
Não há dúvida que nos sentimos confortados e orgulhosos pelo caminho que até aqui percorremos, porém estamos bem cientes de que enfrentaremos, num futuro próximo, muitos mais desafios. A estes responderemos sempre com a mesma tenacidade que carateriza as nossas gentes.
Quando se fala em qualidade, em excelência, surge-nos de imediato o setor do leite como sendo o mais dinâmico da economia açoriana e com maior projeção nos mercados externos.
Gera um importante contributo para o PIB do arquipélago, sendo também um marcante polo gerador de emprego.
A fileira do leite representa cerca de 70% da atividade agrícola regional e tem vindo a situar-se nos 30% da produção nacional.
É importante, para mantermos e melhorarmos o nosso contributo, darmos seguimento ao processo de reestruturação do setor, que passa também pelo contínuo investimento público na área da sanidade, das infraestruturas, das acessibilidades, na distribuição de água e no fornecimento de energia elétrica às explorações.
A par disso, serão prosseguidos e apoiados os investimentos na modernização das explorações, bem como na sustentabilidade industrial do setor.
No cenário de desmantelamento do regime de quotas que se aproxima é particularmente importante manter a pressão junto da Comissão Europeia, no sentido da salvaguarda desta produção nas Regiões Ultraperiféricas, onde os Açores são parte fundamental.
Na impossibilidade da continuação de tal regime, é agora tempo de nos batermos com redobrada firmeza para conseguirmos no plano europeu condições que permitam enfrentar com sucesso mais este desafio.
O Governo dos Açores, em conjunto com os produtores, industriais, suas organizações e demais parceiros da fileira do leite, tudo fará para encontrar formas que levem a uma minimização do impacto do desmantelamento do regime de quotas leiteiras.
Antes de terminar, saúdo uma vez mais esta iniciativa, bem reveladora da juventude e da excelência dos nossos produtores, que espelham a enorme capacidade característica deste setor para enfrentar as dificuldades, abraçar novos desafios e perseguir o nosso caminho, para benefício do interesse coletivo e da agricultura açoriana.
Assim, estamos a fazer dos Açores uma região, onde vale a pena sempre viver”.
2013.12.13-SRRN-PrémioProdutorExcelente.MP3 |
GaCS
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