
Texto integral da intervenção do Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, proferida hoje, na cerimónia de inauguração do Centro de Recuperação de Aves Selvagens da Ilha do Corvo:
“No local em que se implanta, hoje, o Centro de Recuperação de Aves Selvagens da Ilha do Corvo, disseram-me, nasceu, há mais de duas dezenas de anos, a Rádio Televisão do Corvo. As emissões dessa denominada televisão pirata, dinamizadas por um conjunto de pessoas dedicadas, justificavam-se porque as Flores e o Corvo não estavam cobertas pelo sinal da RTP-Açores. Eram outros tempos.
Desde então, demos passos de gigante no que diz respeito às telecomunicações, às acessibilidades, ao ensino, ao sistema de saúde e apoio social, à agricultura e, no fundo, em todas as áreas temáticas. O mundo evoluiu e o Governo dos Açores orgulha-se de ter conduzido essa evolução positiva no nosso arquipélago. O Corvo é exemplo dessa mudança. Evidentemente, temos sempre outros desafios e novas dificuldades, os quais, porém, tenho a certeza, ultrapassaremos com a continuidade do nosso trabalho.
Neste caso em concreto, e recuperando um edifício devassado, inauguramos uma estrutura pioneira que, modesta em dimensão física, tem uma enorme importância para o sinal que queremos dar em relação ao respeito e interesse que as espécies biológicas dos Açores nos merecem e ao conhecimento que disso queremos que no exterior as pessoas tenham.
Este Centro de Recuperação de Aves Selvagens não nasceu do acaso. É fruto, também, de uma iniciativa de jovens corvinos que manifestaram interesse em dispor na ilha de uma unidade para recuperação de aves. Graças à pronta colaboração da Câmara Municipal do Corvo, pudemos realizar aqui esta aspiração.
Neste ano de 2010, destacado pela Organização das Nações Unidas para a promoção de um forte alerta para a salvaguarda das espécies em perigo, nasceu nos Açores um bom exemplo. O priolo, ave endémica da zona oriental da ilha de São Miguel, deixou de estar criticamente ameaçado de extinção, graças a um trabalho conjunto, realizado entre a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, o Governo dos Açores e a Câmara Municipal do Nordeste, e financiado parcialmente pelo Programa LIFE. Este projecto exemplar foi, este ano, reconhecido pela Comissão Europeia como um dos cinco Best of the Best e a recuperação do priolo certificada pela organização BirdLife International, com os resultados reflectidos na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.
Saliento, no âmbito deste acto público, este processo ocorrido, não só pela sua evidente ligação mas também para ilustrar como este Centro faz parte de uma conduta consolidada na prática política regional. Aliás, dentro de dias, e com o apoio do Governo, será editada a primeira lista abrangente das espécies dos Açores. Os milhares de espécies aí referidos são uma preciosa demonstração da nossa riqueza, mas também da nossa responsabilidade na sua preservação.
Para valorizar o Ambiente, é necessário dá-lo a conhecer. Para além da função pedagógica de Centros como este e dos envolvimentos que gera, temos também feito um grande esforço nos domínios da educação e divulgação ambientais. Inseriu-se nessa preocupação o projecto “Sentir e Interpretar o Ambiente dos Açores Através de Recursos Auxiliares de Multimédia” (SIARAM), que está disponível a partir de qualquer computador com acesso à internet. Nesta ferramenta podemos encontrar fotografias, vídeos, sons, esclarecimentos prestados pelos maiores especialistas sobre as diferentes características ambientais regionais, e a sua interacção realça a oportunidade que representa para os Açores ser valorizado como uma oferta de qualidade ambiental. É bom não esquecer que entre os sectores emergentes das economias estão, na primeira linha, as actividades relativas à economia e à gestão ambiental.
Devemos, pois, com muita atenção, salvaguardar e valorizar essa nossa base reprodutiva, desenvolvendo, entre outros aspectos, uma administração adequada do nosso património biológico, recordando, por exemplo, que os Açores foram considerados um dos melhores dez destinos do mundo para a observação de cetáceos. Assim iremos conseguindo, progressivamente, fazer aumentar as nossas receitas baseadas nas diferentes modalidades e tendências do chamado turismo de natureza. Justamente aqui, na ilha do Corvo, o crescente interesse pela observação de aves, agora apoiada por este Centro, constitui um motivo de atracção e de receita local. Vamos continuar a trabalhar, potenciando as condições adequadas para a presença e a observação dessas aves no Corvo e no arquipélago em geral.
A gestão deste espaço ficará a cargo do Parque Natural do Corvo. Temos a certeza de que a farão com competência, sensibilidade e empenho.
Obrigado.”
GaCS/CT







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