terça-feira, 26 de novembro de 2013

Núcleo de Estudo do Dharma de Ponta Delgada convida o público em geral para participar em workshops de meditação e palestras

Serve esta para relembrar-lhe que hoje efetua-se a nossa habitual meditação, à hora habitual (21h00). Hoje iremos efetuar a meditação da compaixão (tonglen) e posteriormente visualizaremos um pequeno vídeo. Relembro-lhe também que esta prática é gratuita, aberta a todo o público interessado no seu bem estar e de todos os seres.
Já se inscreveu para o(s) workshop(s) de Tsering Paldron (monja budista) que se realizará já no próximo fim de semana? 
Para mais informações, contacte-nos.
*se não puder participar por razões económicas, contacte-nos
Relações, Amor e Prática Espiritual (dia 30 - sábado)
“Nenhum homem é uma ilha”: as relações estão na base da nossa experiência no mundo e refletem a nossa prática espiritual. A afetividade é uma fonte de felicidade e de realização enquanto seres humanos, mas é também um terreno privilegiado para todo o tipo de bloqueios, ressentimentos e frustrações.
Neste workshop a Tsering vai explorar formas mais sadias de refletir na nossa vivência afetiva e de manifestar amor e sabedoria para com os outros e para com nós próprios.
Preço do workshop: 25,00 Euros
Vida, Morte e Renascimento (dia 1 - domingo)
Embora ninguém possa negar a realidade da morte, no nosso mundo moderno tememos a morte. Não falamos dela senão indiretamente. Todos sabemos o que nos espera, mas a morte enche-nos sempre de consternação. Para nós, é como se ela não fizesse parte da vida: preferimos ignorá-la. No entanto, morrer dignamente é pelo menos tão importante como viver com retidão. E como podemos nós enfrentar uma coisa que passamos a vida a tentar ignorar?
A tradição Budista tibetana considera a morte como uma passagem, uma etapa num processo bastante mais vasto que engloba nascimentos e mortes sucessivas, formas de existência variadas, vários registos da consciência humana. Neste contexto alargado, a morte deixa de ser um acontecimento único e traumático, o limiar do nada ou do mistério. Ela apresenta-se então como a dissolução do suporte físico e das formas menos subtis da consciência que está ligada ao corpo e constitui uma experiência da qual podemos tirar partido para aumentar e aprofundar o nosso conhecimento de nós mesmos e do mundo. É também a ocasião por excelência para tomarmos contato com a nossa natureza profunda, essa luminosidade natural do nosso espírito que está sempre presente e que nada pode alterar.
Essa experiência é precisamente um dos objectivos da prática budista e uma conquista que, segundo o ensinamento do Buda, é perfeitamente acessível a todos aqueles que se dedicam a uma prática de transformação do espírito, como a que o Budismo propõe.
Preço do Workshop: 25,00 Euros
Tornou-se budista em 1974, tendo vivido numa escola do budismo  tibetano – entre 1984 e 1988 fez o tradicional retiro de três anos na Dordogne, França, sob a direção espiritual de Dudjom Rinpotché, Dilgo Khyentsé Rinpotché, dois dos maiores Lamas contemporâneos (entretanto já falecidos), e Tsetrul Pema Wangyal Rinpotché.
Em 1992 começa a ensinar o budismo e regressa a Portugal em 1996. Em 1999 toma votos laicos com Trulshik Rinpoche.
Tsering é regularmente convidada para dar seminários, palestras, cursos e orientar retiros em Portugal, França, Bélgica, Inglaterra e Tahiti. Escreveu dois livros sobre budismo “A arte da vida” e “A alquimia da dor” e um terceiro, “A dignidade e o sentido da vida” sobre cuidados paliativos em colaboração com outros autores. A sua mais recente publicação é um livro de contos infantis “As aventuras de Tachi, o grilo tibetano”.
É presidente da associação Bodhicharya Portugal, da delegação do Porto da União Budista Portuguesa e da AMARA, Associação pela Dignidade na Vida e na Morte.
Inscrição dos 2 workshops: apenas 35,00 Euros

Cordialmente,
Luís Viveiros 
Núcleo de Estudo do Dharma de Ponta Delgada

Acerca de Tsering Paldron: 

"Era muito nova quando me apercebi de que não tinha queda para ser feliz. Embora fosse ainda uma miúda, já me apercebera de que a felicidade não dependia tanto dos factores externos como nós pensamos. Afinal, me...smo aqueles a quem aparentemente nada faltava, não eram necessariamente felizes. Depois de alguma investigação concluí assim que, se não era feliz, era simpl...esmente por falta de jeito.

Não foi uma constatação muito agradável. Sobretudo quando ainda se tem a vida toda pela frente e muitas probabilidades de não a conseguir viver da melhor forma.

Penso que foi sobretudo a consciência aguda da impermanência e do facto de que nada era fiável ou duradouro que esteve na origem da minha crise existencial entre os 16 e os 19 anos e da minha procura ansiosa de algo que fizesse sentido. Recusava-me a aceitar que a vida pudesse ser apenas uma ladainha de dias e noites, uma sobrevivência morna, uma sucessão de imponderáveis à espera da única certeza: a morte. E que tudo o que fazemos fosse apenas uma forma, mais ou menos disfarçada, de passar o tempo…

Nasci em Lisboa, na época sombriada ditadura. Portugal estava claramente duas décadas atrás do resto da Europa, onde a juventude vivia a revolução hippie. E embora o desejo de ir participar naquela colorida efervescência que iria mudar o mundo (achávamos nós), a verdade é que algo me prendia sempre a Portugal.

Tinha 19 anos e ainda era menor (naquela altura a maioridade alcançava-se aos 21 – lembram-se?). Por isso tive de mentir à minha mãe para poder deixar Portugal e juntar-me a um amigo que já tinha ido viver para a Bélgica. Foi lá que, em Novembro de 1973, me cruzei com o budismo tibetano na pessoa de Lama Kunzang.

Comecei por ouvir algumas palestras. E tudo fazia tanto sentido, tudo abria tais horizontes, nunca dantes sonhados, que aderi com aquele entusiasmo próprio de quem é novo e ainda não acumulou receios. Não havia nada mais importante na vida, para mim, do que galgar esses espaços que se abriam e ir à descoberta da plenitude interior que se adivinhava por entre as palavras que ouvia. Tornei-me budista em 1974, numa cerimónia mágica.

É perfeitamente possível ser-se budista e não se ter um mestre. Eu, no entanto, tive a sorte de, não somente ter um mestre, mas ter com ele uma relação muito próxima e de grande confiança. Como era muito nova quando o conheci, os seus ensinamentos penetraram no mais profundo do meu ser e a minha gratidão por tudo o que ele me ensinou é infindável.

Contrariamente ao que muitos pensam, um mestre não tem de ser alguém famoso, reconhecido pela hierarquia oficial, cheio de títulos e coberto de brocados para nos abrir as portas do “Dharma” – os ensinamentos do Buda. Essa é a força da linhagem: qualquer mestre tem, também ele, um mestre, e esse outro e assim por diante. Quando somos aceites por um, ficamos ligados a todos eles.

Casei em 1974 com o amigo português que fora para a Bélgica antes de mim e que também seguiu a mesma via. Somos ainda hoje os melhores amigos do mundo.

Entre 1974 e 1980 vivi seis anos num centro budista nos pré-Alpes, no Sul de França e foi aí que, em Dezembro de 1976, nasceu a minha filha.

Voltei para Bruxelas por mais quatro e, finalmente, entre 1984 e 1988 fiz o tradicional retiro de três anos na Dordogne, França, sob a direcção espiritual de Dudjom Rinpotché, Dilgo Khyentsé Rinpotché dois dos maiores Lamas contemporâneos (entretanto já falecidos), e Tsetrul Pema Wangyal Rinpotché. Fazer esse retiro foi um dos grandes marcos da minha vida.

O retiro de três anos (três meses e três dias) é um retiro de grupo centrado na prática da meditação e no estudo dos textos. Com uma média de 11 horas diárias de meditação e orações, é uma oportunidade única para aprendermos a conhecer o nosso espírito e aplicar os métodos de transformação que o budismo oferece.

Tive a sorte de receber ensinamentos e iniciações de muitos Lamas, de fazer algumas viagens ao Oriente (para assistir a eventos realmente excepcionais) e duas peregrinações aos lugares sagrados do budismo na Índia, Nepal e Butão.
Em 1992 comecei a ensinar o budismo, a pedido do meu mestre, e essa tem sido a minha principal actividade desde então.

Voltei para Portugal em 1996 onde tenho vivido, apesar de continuar a viajar bastante. Em 1999 tomei votos laicos com Trulshik Rinpoche.

Estou ligada à Ogyen Kunzang Chöling e, mais recentemente, à Bodhicharya International, ligada a Ringu Tulku Rinpoche.

Quando revejo a minha vida, considero-me uma pessoa muito afortunada e sei o quanto devo aos mestres que tiveram a bondade de me ensinar".


Votos de um dia feliz,
Luís Viveiros
Núcleo de Estudo do Dharma de Ponta Delgada
 

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