Passados cinco anos desde que o departamento de Ambiente do Governo dos Açores começou a acompanhar em detalhe as emissões atmosféricas de todas as médias e grandes unidades industriais dos Açores, no total de 30, verifica-se uma diminuição acentuada da perigosidade dos gases emitidos. Esse progresso deve-se essencialmente a um elevado empenho por parte dos industriais açorianos em conjunto com um acompanhamento permanente por parte da administração regional, quer ao nível da Direcção Regional do Ambiente quer, mais recentemente, pela acção pedagógica, mas incisiva, da Inspecção Regional do Ambiente.
As emissões atmosféricas das unidades industriais contêm elementos poluentes em que os mais significativos são as partículas, e os óxidos de Enxofre e de Azoto. Basta um depósito de 1 mm de espessura de resíduos produzidos durante a combustão nas paredes internas de uma caldeira para que se dê um aumento da temperatura de exaustão (até 50 ºC), resultando num consumo excessivo de combustíveis, num aumento da poluição emitida e, ainda, numa deterioração prematura da unidade de queima.
No início do período de amostragem, em 2005, algumas das unidades industriais dos Açores apresentavam emissões de partículas acima do limite legal. Registavam-se, em média, valores 50mg/m3 acima do legalmente admissível. De facto, as indústrias tiveram que adoptar medidas incisivas para reduzir as partículas emitidas. Foram implementados equipamentos de retenção tais como ciclones e filtros de mangas. Esta constante aplicação das melhores tecnologias disponíveis resultou de muitas horas de trabalho técnico de investigação, teste e afinação. Neste momento, os valores médios de emissões nos Açores situam-se em metade do legalmente admissível.
Apesar das emissões de Enxofre apresentarem desde 2005 números médios abaixo dos valores limites de emissão, isso não corresponde a um cumprimento total. Principalmente por alguns lotes do combustível utilizado apresentarem valores de enxofre muito elevados, era impossível cumprir os limites legais. Ou seja, neste parâmetro em particular, para além do empenho dos produtores, houve também uma alteração da qualidade do combustível posto à disposição na Região. O resultado é que neste momento estão, em média a ser emitidos 1100 mg/m3, quando o limite legal é de 2700.
Já os óxidos de Azoto têm uma história diferente nos Açores. Nunca tendo sido um verdadeiro problema para o perfil das indústrias regionais, que sempre emitiram poucos gases deste tipo, não houve uma redução, já que as emissões são perfeitamente adequadas ao sistema legal em vigor e, essencialmente, em relação aos potenciais malefícios para a saúde pública. Ao nível do sector industrial da Região, verifica-se que este poluente tem maior representatividade nas suas emissões nos motores electrogeradores, provavelmente relacionado com as temperaturas elevadas de exaustão. Contudo, neste caso em particular, a tentativa de diminuir as emissões de NOx, através de controlo da combustão, acaba por ter repercussões negativas nas emissões de CO2. Pelo que há que actuar com alguma sensibilidade. Caso os níveis na Região fossem elevados, que não são, poderiam ter o efeito observado em grandes cidades como seja a presença de grandes nuvens de smog. O NOx é um dos precursores das chuvas ácidas e, consequentemente, responsável pela destruição de florestas.
“Os resultados obtidos revelam um elevado empenho por parte de todos os actores envolvidos nesta temática. As imposições legais e a necessidade inerente de reflexão sobre as melhores medidas tecnológicas disponíveis, por muito paradoxal que pareça, tornaram os Açores numa Região também ambientalmente muito interessante sob o ponto de vista industrial” afirmou o Director Regional do Ambiente, Frederico Cardigos.
GaCS/SF/DRA
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