quarta-feira, 28 de julho de 2010

Dia da Conservação da Natureza nos Açores



Hoje em dia, a conservação dos recursos naturais reflecte a preocupação para a criação de uma rede coerente de áreas onde os valores naturais são intocáveis de modo a garantir a sua perenidade e a preocupação em utilizar racionalmente o restante património natural. A natureza pode ser utilizada para atender às necessidades do presente, mas tendo em conta as necessidades futuras. O sucesso e a felicidade das novas gerações dependem também do ambiente sadio que lhe deixarmos como legado. Contudo a utilização racional dos recursos naturais, só por si, não é suficiente. Além do uso racional dos valores naturais, é fundamental também mantê-los tal como existem em certas áreas pristinas.

Desde a década de 70 que, na Região Autónoma dos Açores, têm sido classificadas um conjunto de áreas ambientalmente sensíveis. As Reservas Naturais da Caldeira do Faial e da Montanha da Ilha do Pico foram classificadas em 1972, numa lógica de preservação da paisagem.

Decorrendo das condições geológicas, geográficas e climatéricas ocorrem nos Açores uma grande variedade de ecossistemas, biótopos e paisagens, desde as fontes hidrotermais nas profundezas do oceano, até à montanha do Pico. Nestas podemos encontrar desde fantásticos organismos, desde minúsculas bactérias até à enorme baleia-azul, com 180 toneladas, passando pelo painho-de-Monteiro, que habita exclusivamente os ilhéus da Graciosa, pelo priolo da serra da Tronqueira em São Miguel, aos artrópodes troglobios das cavidades vulcânicas, ou pela Marsilea azorica numa zona húmida da Terceira. Todos estes são exemplos da elevada e singular biodiversidade existentes nos Açores.

Por força da aplicação das directivas Comunitárias e Convenções internacionais que originaram uma nova geração de classificações ambientais, numa perspectiva de salvaguarda dos ecossistemas e dos habitats representativos ou raros à escala Europeia, foram criadas 40 áreas da Rede Natura 2000 e ainda 12 sítios Ramsar e 8 áreas marinhas protegidas ao abrigo da Convenção OSPAR.

Pela interacção positiva entre o homem e a natureza, encontram-se ainda classificados pela UNESCO como Património da Humanidade a Paisagem da Cultura da Vinha e, ao abrigo do Programa “O Homem e a Biosfera”, as Reservas da Biosfera do Corvo, Graciosa e Flores.

Dada a rica geodiversidade vulcânica dos Açores e o valor dos seus geossítios o Governo dos Açores, em conjunto com as Associações de Desenvolvimento Local, criou a “GeoAçores – Associação Geoparque Açores” e está a promover a sua candidatura à Rede Europeia e Global de Geoparques.

Neste século o reforço do conhecimento destes valores patrimoniais do território levou à necessidade de serem classificadas outras áreas, algumas marinhas, à reclassificação e/ou ampliação de outras, constituindo uma Rede de Áreas Protegidas e Classificadas. No total, esta rede possui 4595 Km2 dos quais 555Km2 de área terrestre (24% da área dos Açores) correspondendo as restantes mais de 4 mil a áreas marinhas.

Todas estas áreas estão integradas na Rede Regional de Áreas Protegidas dos Açores, um único instrumento de gestão, que foi recentemente reformulada de acordo com os critérios da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), levando à criação de Nove Parques Naturais de Ilha e do Parque Marinho dos Açores.

“Em pleno Ano Internacional da Biodiversidade é interessante verificar que temos atingido algumas metas complexas, como o novo estatuto de conservação do priolo ou a classificação dos Açores como Quality Coast”, disse Frederico Cardigos, director regional do Ambiente, acrescentando que “obviamente, isso não nos demove de tentar, sempre fazer mais e melhor. Nesse sentido, temos entre mãos uma luta severa contra a flora e fauna invasora dos Açores que esperamos controlar nas áreas ambientalmente mais sensíveis, incluindo marinhas.”

Hoje será aberta uma exposição na Ilha de São Miguel, nas Portas do Mar, e na Ilha do Pico, no Concelho de São Roque, alusiva à temática da biodiversidade e dos habitats naturais. Até ao final de Setembro esta exposição terá estado patente em todas as ilhas do arquipélago dos Açores.

O dia 28 de Julho é o Dia Nacional da Conservação da Natureza e foi instituído em 1998, pelo estado português por ocasião dos 50 Anos da Liga Portuguesa para a Natureza, LPN. Este dia tem como objectivo principal alertar para a importância dos valores naturais e dos problemas que a eles estão associados.



GaCS/SF/DRA

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