segunda-feira, 26 de julho de 2010

Observatório Microbiano dos Açores é o novo embaixador mundial da riqueza microbiana termal das Furnas



O Observatório Microbiano dos Açores (OMIC) entrou hoje em funcionamento e irá actuar como organismo e como local privilegiado para a ciência e para a divulgação de estudos sobre a biodiversidade e a ecologia de comunidades microbianas açorianas.

Integrado na rede de Centros de Ciência dos Açores, o OMIC vai permitir a monitorização a longo prazo da ecologia microbiana termal e efectuar uma validação dos recursos naturais biológicos desta natureza, com o fim último de educar e sensibilizar a população local e também o público internacional da mais-valia deste recurso biológico único.

O novo Observatório Microbiano, sedeado nas Furnas, inaugurado esta tarde pelo Secretário Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos, vai contribuir para o estímulo à investigação científica, à semelhança do que já tem vindo a ser feito nos outros Observatórios dos Açores, mas também “esperamos que este Observatório possa contribuir para ser dado mais um passo nesta caminhada onde desejamos que a ciência e o conhecimento desempenhem um papel importante na nossa economia”, referiu José Contente.

A área científica da ecologia microbiana na Região era, até à pouco tempo, inexistente e a maior parte da população ainda não está desperta para a importância e para a diversidade biológica do mundo microbiano, uma das razões pelas quais o OMIC quer agora aproximar-se da comunidade e dar a conhecer a riqueza científica que vive no Vale das Furnas. Refira-se que entre as nascentes termais terrestes das Furnas é possível observar a olho nu uma grande diversidade de comunidades microbianas com as mais diversas tonalidades de cor e texturas.

A inauguração desta infra-estrutura, que consiste num laboratório natural que explora a vida orgânica nas caldeias, fumarolas e fontes hidrotermais, além de promover a divulgação científica, contribui também para o despertar do interesse de investigadores internacionais que poderão vir a fazer pesquisas e investigações nos Açores.

“Nós temos nas Furnas um grande potencial microbiano que pode permitir não só estudos de ecologia microbiana, mas também na área da biotecnologia e biogeografia e isto significa que temos os laboratórios naturais nos Açores que devem trazer mais-valias à nossa Região, nomeadamente em termos de emprego qualificado e como catalizador de descobertas científicas que possam ser importantes para o mundo da ciência em geral”.

Monitorização e construção de um museu de amostras biológicas ou deposito de amostras biológicas; educação e sensibilização da população açoriana; e conservação e gestão da biodiversidade microbiana termal são as três principais linhas de acção do Observatório Microbiano dos Açores.

Uma parte essencial da intervenção do OMIC é a monitorização a longo prazo das comunidades termais açorianas, com particular incidência nas nascentes termais das Furnas porque até agora não eram feitos registos das análises de composição gasosas ou de química que eram efectuadas em águas de algumas das nascentes. A partir de agora serão efectuadas amostragens periódicas em algumas das nascentes de modo a construir uma base de dados de amostras que possam vir a ser utilizadas posteriormente em estudos científicos.

Esta valência do observatório irá permitir a inclusão do observatório na rede internacional de MOs (Microbial Observatories) que inclui entre outros o MO do McMurdo Dry Valleys (Antártida), Costa Rica –Guanacaste tropical forest (Costa Rica) e Yellowstone National Park (EUA), sublinhou o governante.

José Contente afirmou ainda que o Governo dos Açores tudo fará para que o “conhecimento assuma um papel importante no nosso desenvolvimento e na nossa evolução como sociedade, que também precisa de aliar o conhecimento à economia. Estamos a dar mais um passo para que os nossos recursos naturais sejam olhados de outra maneira e que possam ter um dia a oportunidade de contribuir para a nossa economia regional”.

O Secretário Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos elogiou ainda a Fundação Maria Isabel do Carmo Medeiros, da Povoação, entidade que em parceria com a tutela irá gerir o OMIC. José Contente realçou o facto desta associação, ligada à Igreja, alterar os respectivos estatutos para incluir “o mundo da ciência nas suas competências e atribuições e este é um dado novo nos Açores, ou seja, várias instituições começam a caminhar connosco neste caminho de inovação e de conhecimento dando o seu contributo para que tenhamos uma Região mais desenvolvida e mais moderna”.

O observatório estará aberto ao grande público com exposições temporárias e exposições de média duração que permitirão aos visitantes saber mais sobre a área e sobre as comunidades microbianas termais, além dos safaris e visitas guiadas aos tapetes de microorganismos das Caldeiras das Furnas.

“Através do OMIC, e apesar de existirem microorganismos em muitos outros habitats, nada melhor que os microorganismos termais das Furnas para serem embaixadores do mundo microbiano dos Açores”, concluiu José Contente.



GaCS/VS

Sem comentários: