O Presidente do Governo dos Açores afirmou hoje, na Horta, que a Região e a Autonomia enfrentam atualmente “um dos maiores desafios”, provocado por um “turbilhão de injustiça, de indefinição e de prioridades falhadas”, defendendo que o sucesso do caminho a percorrer tem que passar por uma “ação ambiciosa e determinada”.
“Interessa termos a lucidez para perceber que o funcionamento desse escudo protetor que queremos que seja a Autonomia não se compadece com a passividade, com o imobilismo ou com a inércia”, afirmou Vasco Cordeiro, para quem “a solução não é pensarmos que a Autonomia equivale a uma muralha que nos isola do mundo cada vez mais globalizado em que vivemos”.
“A nossa Autonomia não justifica que ignoremos uma realidade que se altera e que exige uma atuação conforme. A nossa Autonomia deve, isso sim, constituir o instrumento para que sejamos nós a definir o tempo, o modo e os objetivos do que, a este propósito, tiver de ser feito”, frisou Vasco Cordeiro, no discurso que proferiu na cerimónia comemorativa do Dia da Região.
Nesse sentido, considerou que “a Autonomia está, não em isolarmo-nos do mundo que nos rodeia, mas sim em sermos capazes de tomar nas nossas mãos a construção das soluções que melhor nos servem enquanto Povo”.
Na sua intervenção, Vasco Cordeiro salientou que os Açorianos “firmes e orgulhosos” do que conseguiram ao longo dos tempos, enfrentam agora “tempos desafiantes”, desde logo porque vivem “numa Europa que parece ter perdido o rumo e que brinca, leviana e inconsciente, com fogos que tão severamente já a queimaram no passado”.
Nesta Europa onde o Estado Social “parece ser um empecilho para os tecnocratas dos gabinetes”, a Autonomia tem que servir para procurar as melhores soluções, seja ao nível do combate ao desemprego, do reforço da competitividade das empresas ou da sustentabilidade do Serviço Regional de Saúde.
Vasco Cordeiro defendeu, no entanto, que a Autonomia “não pode correr o risco de ser reduzida a uma Autonomia do conforto material”, frisando que o futuro exige “uma ação que concretize uma Autonomia qualificadora da nossa sociedade, qualificadora do nosso Povo e qualificadora da nossa Democracia”.
A existência de uma educação que garanta a cada Açoriano as ferramentas necessárias para a sua realização pessoal, social e profissional é “um desafio a que a Autonomia ainda não respondeu cabalmente”, mas que é “absolutamente vital para o sucesso”.
Nesse sentido, o Presidente do Governo apelou ao “empenho e esforço de todos os atores da sociedade”, frisando que esta não é uma tarefa apenas do Executivo.
Por outro lado, frisou que o futuro da Autonomia exige um “exercício ativo e empenhado de uma cidadania exigente e esclarecida”, defendendo que “cada vez menos a Autonomia depende apenas de formas institucionais de afirmação cívica e participação política”.
“Todos somos responsáveis e todos seremos responsáveis pelo vigor e pela intensidade com que formos capazes de trazer para o campo da nossa ação quotidiana estas preocupações que influenciam diretamente a evolução e a sustentabilidade da nossa Autonomia”, afirmou.
No discurso do Dia da Região, Vasco Cordeiro defendeu “a urgência de uma Democracia em que, no exercício da respetiva soberania, os cidadãos, todos os cidadãos, desfrutam das condições adequadas para a realização dos ideais de Liberdade e de autorrealização”.
“O mapa a que os Açores pertencem e em que os Açores querem continuar a figurar é o mapa das ideias, do diálogo, da prosperidade que valoriza as oportunidades individuais, sem deixar de integrar a solidariedade entre gerações, entre povos, entre regiões”, afirmou.
“Este é o mundo, o nosso mundo, que todos os dias construímos com denodo e orgulho e que não queremos que outros decidam por nós, seja em Lisboa, em Bruxelas ou em Washington”, frisou o Presidente do Governo dos Açores.
GaCS
Sem comentários:
Enviar um comentário