O Subsecretário Regional da Presidência para as Relações Externas afirmou hoje, na Ribeira Grande, que as comunidades de emigrantes açorianos no Canadá são um “motivo de orgulho” para a Região, destacando-se pelo “exemplo de integração” ao nível social, cultural, económico e político.
“Desde a toponímia ao tecido empresarial, das universidades à cultura, passando pelas organizações comunitárias e de índole social, os Açores, graças ao empenho e dedicação dos milhares de emigrantes açorianos, marcam uma presença constante no Canadá”, salientou Rodrigo Oliveira, frisando que este “é, sem dúvida, um património que nos orgulha e que necessitamos de melhor divulgar na Região”.
“É de inteira justiça reconhecer que os açor-canadianos têm demonstrado uma inequívoca consciência dos seus deveres e direitos como cidadãos canadianos, em particular, uma elevada responsabilidade a nível social”, frisou Rodrigo Oliveira, que falava na sessão de abertura do Congresso ’60 Anos de Emigração Açoriana para o Canadá’, uma iniciativa do Governo dos Açores que pretende assinalar a chegada dos primeiros emigrantes açorianos a este país da América do Norte.
Na sua intervenção, o Subsecretário Regional referiu que “os Açores e o Canadá têm ligações que a geografia, a história e a afetividade profunda entre os seus povos permitirá certamente potenciar no futuro”, considerando que os milhares de açorianos e açor-canadianos são os "melhores embaixadores” da Região, sendo “parceiros estratégicos na cultura e na economia, contribuindo para a visibilidade” da Região e para o progresso de cada uma das ilhas do arquipélago.
Rodrigo Oliveira considerou que “a História dos Açores ficaria certamente muito incompleta” sem uma referência à emigração, realidade que, “ao longo dos séculos, condicionou e pautou a vida de tantos açorianos”, recordando que, nos difíceis tempos que se viviam na década de 50 do século passado, muitos açorianos partiram “em sucessivas vagas, sempre em busca de melhores condições de vida”.
Os acordos bilaterais entre os governos de Portugal e do Canadá assinados em 1953 permitiram a emigração açoriana para este país, assinalada a 13 de maio desse ano com o desembarque dos primeiros 18 pioneiros açorianos em Halifax, na Nova Escócia, um dos quais, Afonso Tavares, esteve hoje presente na abertura do congresso e lançará terça-feira o seu livro de memórias.
“Estamos conscientes de que esta iniciativa, integrada numa série de atividades comemorativas deste relevante marco da nossa história, contribuirá para um maior conhecimento da nossa presença no mundo e, em particular, no Canadá”, frisou Rodrigo Oliveira, que considerou este congresso como uma “justa homenagem aos 18 homens que lideraram uma epopeia, à qual se juntaram milhares de açorianos e açorianas”.
“Os açorianos e açorianas que deixaram o arquipélago e rumaram ao Canadá levaram consigo a sua maneira de ser e estar no mundo, a sua cultura e tradições, dimensões que enformam a nossa Açorianidade”, salientou, acrescentando que, à medida que foram chegando ao Canadá, os emigrantes açorianos fixaram-se em várias cidades, onde “foram criando as instituições que lhes dariam segurança e visibilidade nas sociedades de acolhimento”.
A essas instituições, representadas neste congresso pelas Casas dos Açores do Ontário, do Quebeque e do Winnipeg, mas também a dezenas de outras organizações ligadas aos Açores que existem por todo o Canadá, o Subsecretário Regional deixou uma palavra de “justo reconhecimento pelo seu trabalho dedicado, ao longo de dezenas de anos, pela Açorianidade”.
“Embora distantes da sua terra de origem, os açorianos nunca deixaram de cultivar as suas raízes, vivenciando e divulgando sempre, ao longo dos anos, as tradições, usos e costumes que nos conferem uma identidade tão própria”, afirmou, destacando também o facto de ser reconhecido o “importante contributo” das comunidades açorianas na promoção, desenvolvimento e progresso da sociedade canadiana.
Nesse sentido, considerou que “celebrar 60 anos de emigração açoriana para o Canadá é reconhecer e relevar os percursos existenciais de milhares de homens e mulheres que, com lágrimas, suor e cansaço souberam partilhar do esforço de construção de um país que hoje é pátria dos seus filhos e netos, mas que não esquecem, nunca, as suas ilhas”.
“Devemos, assim, destacar a missão que os açorianos na Diáspora têm preconizado na transmissão dos nossos valores identitários aos jovens açordescendentes, assegurando, no futuro, a vivência e a dinâmica das nossas organizações comunitárias, desde as Casas dos Açores às filarmónicas, dos clubes desportivos aos grupos folclóricos”, afirmou, salientando que “os jovens açordescendentes residentes no Canadá têm consciência da riqueza dos seus valores culturais e da importância das comunidades a que pertencem, sentindo-se orgulhosos das suas raízes”.
Na sua intervenção Rodrigo Oliveira destacou também o trabalho que tem sido desenvolvido pelo Governo dos Açores junto dos jovens açorianos, no arquipélago e na diáspora, “evocando precisamente o legado, a coragem e a determinação das gerações que os precederam, mas também para que melhor compreendam as diferenças geracionais e a realidade dos Açores de hoje”.
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GaCS
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