sábado, 15 de agosto de 2009

Luso-canadiano mantém interesse no navio Atlântida, mas continua sem resposta do Governo dos Açores


O empresário luso-canadiano João Amaral garantiu, em entrevista à Lusa, que mantém a proposta de compra do navio Atlântida, por 47 milhões de euros, mas não recebeu ainda qualquer resposta do Governo açoriano.

A proposta foi formalizada a 1 de Julho ao secretário Regional da Economia, Vasco Cordeiro.

O Atlântida foi um dos dois navios encomendados pelo governo açoriano aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), cujos contratos rescindiu há poucos meses, com a justificação no caso do Atlântida de que a velocidade de 16 nós com que ficou dotado é abaixo dos 19 exigidos.

Face a esta situação, o empresário natural da ilha de S. Jorge e emigrante no Canadá há 40 anos iniciou contactos com a ENVC e avançou a proposta, indicando estar disposto a pagar 47 milhões de euros pelo Atlântida, repartidos por 32 milhões de euros ao Executivo açoriano e 15 milhões aos ENVC.

"Espero que o Governo [açoriano] aceite a proposta que lhe fiz, que é pagar 32 milhões de euros em dez anos. Vamos prestar um serviço ao Governo que ele tem vindo a fazer durante três meses", salientou à Lusa João Amaral.

O pagamento dos 32 milhões de euros seria a partir de uma verba anual de 3,2 milhões de euros que João Amaral receberia do Governo Regional, com base num "contrato de aluguer de prestação de serviços" a ser celebrado entre as duas partes.

Este contrato seria para transporte de turistas e passageiros em todo o arquipélago durante todo o ano, dado que o Atlãntida funcionaria como um navio de cruzeiros.

"Há que ver que o Governo açoriano está a pagar sete milhões de euros por um transporte nas ilhas que se efectua apenas durante três meses por ano", sublinhou.

Com esta proposta "vou resolver dois problemas com o Atlântida. O Governo açoriano fica com o problema resolvido, fica com a cara mais limpa que o tem hoje por causa da compra daquele navio. Ficam os açorianos com o navio nas ilhas durante todo o ano e ficam os Estaleiros Navais [ENVC] também fora de problemas", sublinhou o empresário luso-canadiano.

Quanto à sua posição neste negócio, disse: "Eu não sou a Teresa de Calcutá, mas daqui a 10 ou 12 anos o navio está pago e é um navio novo e eu sei vou servir aquela gente [os açorianos]", disse.

A capacidade de transporte do Atlântida é de 750 passageiros e de 125 carros mais oito autocarros.

A compra do Atlântida é apenas um dos três projectos que este empresário entregou este ano às autoridades açorianas.

Os outros dois propunham à Atlânticoline - empresa açoriana responsável pelo transporte marítimo de passageiros e de veículos no arquipélago o fretamento de dois conjuntos de dois navios para operarem inter-ilhas.

João Amaral tem o mar dos Açores nas veias, tendo já ali operado nos anos 80 e 90 traineiras para o atum e dois navios de passageiros e carga - o velho "Santo Amaro" e o "Ilha de S. Jorge", os quais perdeu.

O primeiro "Santo Amaro", de 52 metros, foi comprado com dinheiro ganho no Canadá, tendo custado "15 mil contos" (cerca de 75 mil euros) e transportou carga e passageiros no arquipélago até que em 1986 se afundou ao largo da ilha Graciosa.

O "Ilha de S. Jorge", só para carga e operado pela sua empresa Canadamar, sedeada na Lagoa, em S. Miguel, foi adquirido em 1996 no Canadá por 1,2 milhões de euros, mas após uma batalha judicial nos Açores nunca mais o viu.


Fonte: Expresso

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