Texto integral da intervenção do Secretário Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos, José Contente, proferida hoje, na Horta, na sessão do Fórum Cientifico de apoio à decisão “Conhecer o Mar dos Açores”:
“Em boa hora o Governo dos Açores promoveu este Fórum Cientifico de apoio à decisão pelos motivos e importância para a Região do agora chamado hypercluster da economia do Mar.
Mas ficamos satisfeitos por ver a comunidade científica preocupada com o processo de transferência de conhecimento que possa levar à sua utilização em contexto empresarial.
A par da salvaguarda dos nossos recursos marinhos, cada vez mais cobiçados, estes são dois desafios e oportunidades que devemos agarrar com toda a nossa energia.
Neste quadro, a definição de áreas com potencial de exploração energética e biotecnológica, o apoio à constituição de clusters industriais de biotecnologia marinha ligada ao DOP e ao futuro IBBA, a investigação sobre recursos energéticos fósseis como os hidrometanos, a exploração de recursos energéticos renováveis e a qualificação de recursos humanos na área da prospecção e extracção de recursos devem constituir referências do presente e do futuro dos Açores no quadro da economia do conhecimento do Mar.
O Governo em 2011 deu um sinal claro de aposta nos projectos de I&D em contexto empresarial reforçando as verbas nesta acção concreta.
A par disso, nos últimos 5 anos apoiámos 16 bolsas de pós-doutoramento e doutoramento relacionadas com os Assuntos do Mar, vários projectos de investigação estão em curso e outros serão aprovados com base no interesse colectivo e da disponibilidade de recursos.
Chegou também o tempo de rentabilização da capacidade instalada em Santa Maria em termos espaciais que deverá ser melhor aproveitada.
Como alguns sabem, no ano 2009, a Edisof, investiu na expansão da capacidade da Estação, de forma a poder receber imagens de Earth Observation SAR do Satélite Europeu Envisat e do Canadiano Radarsat-1, permitindo à Estação aliar à missão do tracking de lançadores à Observação da Terra.
Esta nova capacidade permite à EDISOFT complementar a sua oferta na área da Detecção Remota, com aplicabilidade em diferentes domínios, incluindo a Monitorização dos Oceanos com capacidade de gerar mecanismos de alerta em Near Real Time.
A Estação de Santa Maria acompanha diariamente, noite e dia, as trajectórias de diversos satélites de observação remota, recolhendo dados úteis para a detecção de navios, a monitorização de manchas de óleo e outros serviços operacionais.
Os serviços de monitorização e vigilância marítima, providenciados pela Estação de Observação da Terra de Santa Maria, já apoiam o projecto CleanSeaNet, gerido pela Agência Europeia de Segurança Marítima (EMSA) e o projecto MARISS (Serviço de Segurança Marítima), este último parte do programa Global Monitoring for Environment and Security (GMES) da UE.
Portugal através dos Açores tem assim um papel central no Atlântico.
A ESA/SMA Tracking Station representa hoje um elo numa cadeia internacional de extrema importância na prestação de serviços, utilizando a mais avançada tecnologia espacial, abrangendo os vários segmentos destas tecnologias, desde o Space ao Ground Segment.
Precisamos também de estar atentos ao projecto espacial europeu GMES nos próximos anos.
Pensar após 2014, é pensar na integração das regiões, sobretudo das que mais facilmente interagem pela proximidade e interesses comuns como já se verifica com projectos transnacionais como os que incluem as ilhas da Macaronésia; é pensar num financiamento destinado a pequenos e cirúrgicos projectos que no caso dos Açores podem ser nos domínios específicos do Mar, das Energias Renováveis e do Ambiente das ilhas como clusters temáticos susceptíveis da aplicação do GMES, reforçando a coesão na Europa.
Atendendo a que no GMES vão estar em breve disponíveis os satélites Sentinel dos quais um deles é completamente virado para a observação do Mar, e sendo os Açores uma Região Atlântica onde a Europa chega mais longe para Ocidente, o Governo Açoriano considera ser muito importante que a estação de Santa Maria se transforme em estação GMES para receber os dados directamente destes satélites (sobretudo o de observação marítima).
Na verdade, os Açores estão numa posição geográfica que permite o acesso mais rápido aos dados dos satélites que cobrem praticamente a região entre a Europa e os Estados Unidos.
Segundo os técnicos, isto permitiria aceder à informação cerca de meia hora antes dos satélites passarem pelas estações colocadas perto do pólo norte.
Por outro lado, o acesso directo aos dados dos satélites criará novas oportunidade de emprego qualificado nos Açores, no domínio do processamento dos dados dos satélites GMES (Sentinel) que podem ser feitos por empresas locais em parceria com a Universidade dos Açores (Departamento de Oceanografia e Pescas) e com a Estação da ESA em Santa Maria.
Queremos assim no Âmbito da Estratégia 2020 destacar o papel essencial do conhecimento e da inovação para promover o nosso desenvolvimento pelo que teremos que mobilizar, cada vez mais, a investigação e a inovação, para produzir mais conhecimento e especializar a nossa Região em função dos seus pontos fortes, e, o Mar é seguramente um deles!”
GaCS/VS
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