O Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia disse hoje que, segundo o relatório do Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC), “não há qualquer evidência técnica" de que o processo de erosão da falésia de Rabo de Peixe "esteja a ser acelerado devido à obra do porto de pescas, que era uma das preocupações que tinha surgido em tempos”.
Fausto Brito e Abreu falava aos jornalistas no final de uma reunião de trabalho com os presidentes da Câmara Municipal da Ribeira Grande e da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe e peritos da Direção Regional dos Assuntos do Mar e do LREC.
Durante o encontro, que serviu para avaliar as soluções técnicas para a zona das derrocadas, os peritos do LREC fizeram um ponto de situação.
“A falésia está numa área de S. Miguel sujeita a uma erosão dita crónica, que acontece de forma natural e é, mais ou menos, irreversível”, esclareceu o Secretário Regional do Mar, acrescentando que aquele local apresenta “três tipos de problemas, nomeadamente a erosão pelo mar numa zona da falésia que é composta por pedra-pomes, as águas escorrenciais do topo da falésia, que aceleram a degradação, e alguma instabilidade geológica das próprias rochas que compõem aquela área”.
“Foi feito este diagnóstico e agora vamos passar a divisar uma solução”, disse Brito e Abreu, salientando que “o passo seguinte passa, em primeiro lugar, por aliviar a carga de construção no topo da falésia”.
Para tal será feita, a partir de quinta-feira, uma segunda ronda de peritagens.
O governante afirmou ainda que o uso de algumas construções “será interditado”, acrescentando que “não haverá um esforço grande de relocalização de pessoas porque, felizmente, há poucas habitações na zona mais afetada, sendo sobretudo garagens”.
Brito e Abreu adiantou que a fase seguinte estará a cargo da Câmara Municipal da Ribeira Grande, que “irá estudar a forma de desviar as águas pluviais que estão a acelerar neste momento a degradação da falésia”.
O Secretário Regional do Mar disse ainda que “neste momento, a parte de intervenção junto à base da falésia onde o mar está a erodir tornou-se um pouco menos prioritária porque a derrocada recente criou ali uma base de material que protege esta camada mais frágil”, mas referiu que esta intervenção será “equacionada numa fase subsequente”.
“É uma zona muito complicada, que não se resolve com uma simples intervenção como, por exemplo, fazer um prisma de enrocamento ou uma proteção básica”, frisou, lembrando que “a regressão na costa norte de S. Miguel acontece numa vasta faixa”, tratando-se de um fenómeno natural que será agravado pelas alterações climáticas.
“Teremos de requalificar uma parte daquela costa e uma primeira faixa de habitações e de garagens seguramente terá de ser demolida e terá de se fazer algum tipo de requalificação para aliviar a carga dessas construções sobre a falésia”, sustentou Brito e Abreu.
O governante lembrou ainda que “a esquadra da PSP de Rabo de Peixe está precisamente numa das zonas mais ameaçadas e já tinha sido objeto de um relatório próprio feito pelo LREC, em outubro do ano passado”, revelando que a Secretaria Regional do Mar, Ciência e Tecnologia “fez seguir um ofício para o Ministério da Administração Interna a alertar para a situação”.
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GaCS
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