O Secretário Regional da Educação e Cultura salientou, em Lisboa, o "papel de relevância" que está, “de novo, reservado” aos arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde enquanto promotores da projeção atlântica-europeia.
Avelino Meneses, que falava sexta-feira no encontro cultural Açores-Cabo Verde promovido pela Casa dos Açores em Lisboa, recordou que os dois arquipélagos “desempenharam uma função estratégica semelhante” no processo de expansão da Europa para o Além-Mar, funcionando “ambos os arquipélagos como esteio das rotas de cruzamento no Atlântico”.
Essa relevância estratégica justificou a edificação, durante a governação filipina, das “grandes fortalezas” de S. Filipe na ilha Terceira, nos Açores, e na ilha de Santiago, em Cabo Verde, que considerou serem “atalaias de vigia e de proteção dos mares”.
Para o Secretário Regional da Educação e Cultura, apesar da diversidade das circunstâncias , a relevância estratégica dos Açores e de Cabo Verde “mantém-se intacta”.
“Como regiões ultraperiféricas, os Açores e Cabo Verde encontram-se, cada vez mais, nas extremidades da Europa, independentemente de Cabo Verde pertencer ao continente africano. São regiões, neste caso - Cabo Verde - um país, carenciadas de atenção e de apoio, mas são elas – as regiões ultraperiféricas – que conferem profundidade oceânica à Europa, como agentes da globalização”, frisou.
Para Avelino Meneses, ao nível da União Europeia, "os Açores, que pertencem à União, e Cabo Verde, que mantém uma parceria com a União, podem desenvolver uma cultura de exigência, porque tudo aquilo que pretendem receber de cooperação económica podem ser retribuídos com projeção oceânica”.
Na sua intervenção, o Secretário Regional da Educação e Cultura salientou os traços comuns entre os dois arquipélagos, evidenciados, em particular, pelo açoriano Gaspar Frutuoso, autor de 'Saudades da Terra', nos finais do século XVI.
“Mais do que o rigor e a riqueza informativa das 'Saudades da Terra', a descrição de Gaspar Frutuoso destaca-se por veicular, pela primeira vez, a convicção da comunidade das ilhas do Atlântico”, afirmou, acrescentando que, “na ótica do cronista de quinhentos, os Açores e Cabo Verde pertencem a uma mesma unidade histórica e geográfica, onde se evidenciam semelhanças humanas, políticas, económicas, sociais e culturais”.
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GaCS
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