quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Intervenção do Presidente do Governo

Texto integral da intervenção do Presidente do Governo, Vasco Cordeiro, proferida hoje na inauguração do novo Bloco C do Hospital da Horta:

“Permitam-me que, nestas minhas primeiras palavras, vos transmita o gosto que tenho em, como Presidente do Governo dos Açores, presidir a esta cerimónia que marca oficialmente a conclusão e a entrada em funcionamento desta importante obra de remodelação e ampliação do Hospital da Horta.

Não se trata apenas do cumprimento de um compromisso.

Não se trata só da conclusão de uma importante empreitada de obras públicas.

Trata-se, - é assim que também gosto de considerá-la -, como mais uma infraestrutura, moderna e funcional, que é colocada ao serviço de todos aqueles que necessitem de recorrer a este hospital e que, ao mesmo tempo, vem garantir melhores condições de trabalho aos profissionais que nela desenvolvem a sua ação em benefício da saúde dos Açorianos.

Com um investimento de cerca de 14 milhões de euros, o novo Hospital que resulta desta intervenção vê reforçadas as condições para que, com toda a segurança e eficiência, possam funcionar e servir os Açorianos que deles precisem e a eles aqui recorram, sobretudo os Serviços de Obstetrícia e de Ginecologia, o Bloco de Partos, o Serviço de Pediatria, o Serviço de Fisiatria, o Serviço de Sangue, as consultas externas de Oftalmologia e Otorrinolaringologia, o serviço social, o serviço de informática e os serviços administrativos.

Este objetivo de melhoria de condições de funcionamento de serviços e da sua disponibilização às Açorianas e Açorianos que deles necessitem é o objetivo que norteou o Governo dos Açores nesta intervenção, da mesma forma que orienta a ação do nosso Governo num conjunto de outras intervenções que estão a decorrer noutras ilhas da nossa Região.

Podemos, a este propósito, referir os casos do novo Centro de Saúde da Madalena, na vizinha ilha do Pico, e também, para apenas citar alguns, as intervenções recentemente concluídas no Centro de Saúde de Vila do Porto e, no que se refere às que neste momento ainda decorrem, a construção do novo Centro de Saúde de Ponta Delgada ou as obras no Solar da Glória, também na ilha de S. Miguel, que será direcionado para uma unidade de tratamento de dependências e comportamentos aditivos.

Mas, mesmo aqui, no que respeita ao Hospital da Horta, é este mesmo objetivo que, num processo devidamente planeado e calendarizado, leva a que hoje possa anunciar que o Governo está já a desenvolver os trabalhos preparatórios para que, no segundo semestre do próximo ano, e cumprindo o que está previsto na Carta Regional das Obras Públicas, avancemos com a segunda fase de intervenção para a melhoria das condições disponibilizadas aos faialenses e a todos aqueles que recorrem a estas instalações de prestação de cuidados de saúde.

Esta segunda fase inclui a construção de uma nova Unidade de Cuidados Intensivos, a ampliação dos Serviços de Urgência, do Serviço de Diálise e da Consulta Externa, assim como o realojamento do Serviço de Medicina Hiperbárica, espaços considerados essenciais na evolução das capacidades e operacionalidade deste hospital.

No âmbito deste processo, está em fase de adaptação do projeto a passagem dos Serviços do Centro de Saúde da Horta também para a nova ala a construir neste edifício.

Com esta transição, garantem-se melhores condições de funcionamento e uma interação efetiva entre os cuidados de saúde primários e os cuidados hospitalares, com grandes vantagens para os utentes e para um processo contínuo de melhoria das condições de prestação de cuidados de saúde.

No entanto, tudo isto é feito a par de uma atenção e de um cuidado especiais quanto à capacidade do nosso Serviço Regional de Saúde servir cada vez melhor as Açorianas e os Açorianos.

O caso do Hospital da Horta, com cerca de três dezenas de médicos, perto de 130 enfermeiros e de 40 Técnicos de Saúde, que dão resposta a mais de duas dezenas de valências específicas deste hospital, é, aliás, um dos bons exemplos desta dinâmica e deste trajeto de melhoria e de procura contínuas de reforço da capacidade da Região prover às necessidades dos Açorianos.

Os dados estatísticos são bem elucidativos: em 2013, o Hospital da Horta realizou cerca de 44 mil consultas e mais de 2.500 cirurgias, o que representa um crescimento de cerca de 10% e 15%, respetivamente, em comparação com 2012.

Regista-se, também, um aumento da atividade assistencial que se deve à criação do Hospital de Dia de Aditologia e à consolidação do Hospital de Dia de Pediatria.

A complementar este quadro, posso ainda anunciar que a Secretaria Regional da Saúde, em articulação com o Conselho de Administração do Hospital da Horta, está a terminar o processo de contratação de dois ortopedistas.

Concretizada esta negociação, que, estimamos, ocorra no próximo mês de setembro, o Hospital da Horta ficará em condições de, no prazo máximo de um ano, dar resposta a todas as cirurgias que, neste momento, se encontram em lista de espera nesta especialidade.

Ao mesmo tempo, também já trabalhamos para assegurar a substituição dos médicos que estão próximos da idade da reforma, por exemplo, nas áreas da Cardiologia, da Oncologia e da Imunohemoterapia.

Também por essa via se aperfeiçoa o nosso Serviço Regional de Saúde, preparando-o para as próximas décadas, uma vez que o Governo considera fundamental garantir condições de trabalho modernas, que assegurem não só as condições necessárias para o desempenho clínico, mas também para uma cada vez maior humanização dos serviços.

O Governo dos Açores, no seguimento do seu compromisso e da concertação desenvolvida com os vários parceiros deste setor, está a implementar o Plano de Ação para a Reestruturação da Saúde.

Nesse âmbito, estamos determinados a introduzir mecanismos que garantam o correto funcionamento de cada hospital e de cada unidade de saúde, com o objetivo de assegurar um real aumento de consultas, de exames e de cirurgias.

Pretende-se, também, uma melhor interação entre os cuidados de saúde primários e os serviços hospitalares para que uma situação detetada por um médico de família no Centro de Saúde tenha o adequado seguimento no Hospital, quando tal for necessário.

É também objetivo do Governo dar uma atenção muito especial à introdução de ações que conduzam a uma maior cultura de eficiência e humanismo, onde os utentes sintam que a relação humana faz parte integrante dos cuidados de saúde prestados.

São exemplos dessas medidas, apenas para citar algumas, a confirmação de consultas no dia anterior, a regulação dos tempos de espera em função da hora indicada para cada consulta, a marcação de consultas pela Linha de Saúde e a realização regular de inquéritos de satisfação.

Por outras palavras, pretende-se que, com a introdução dessas medidas, as Açorianas e os Açorianos, quando tiverem de recorrer aos serviços de saúde, tenham uma real perceção das mudanças que se estão a efetuar em seu benefício.

Já hoje são visíveis resultados, designadamente no aumento de produtividade dos hospitais e das unidades de saúde.

Já foram referidos números relativos ao Hospital da Horta, mas dados agora conhecidos mostram que, de 2012 para 2013, o número de consultas nos três hospitais da Região registou um aumento de cerca de 13%. Se considerarmos os últimos cinco anos, o aumento foi de cerca de 36%.

O número de cirurgias realizadas nos hospitais dos Açores registou também um crescimento significativo de quase 20% entre 2012 e 2013.

Também no campo da prevenção existem dados que expressam de forma inequívoca a ação dos serviços e dos profissionais de saúde.

É o caso dos programas de prevenção do cancro, desenvolvidos pelo Centro de Oncologia dos Açores, que já atingiram 80 mil rastreios e que permitem chegar a tempo, em muitos casos, e, por isso, salvar muitas vidas.

Estes dados são muito mais do que meras estatísticas, meras percentagens. Representam sim o esforço e a dedicação de milhares de profissionais de várias áreas e refletem o número de Açorianos que receberam os cuidados no seu Serviço Regional de Saúde.

Foram, também, criadas novas regras para as convenções e para os reembolsos, introduzindo uma componente social e dando autonomia aos hospitais para que possam estabelecer acordos em função das reais necessidades, resolvendo, por essa via, situações em que a reposta se tem mostrado mais difícil.

Ao contrário da ideia que alguns têm procurado passar, não são soluções de corte, de redução, os números bem o demonstram, são, sim, soluções de melhor adequação às necessidades, reforçando a disponibilidade dos serviços públicos, mas mantendo a atividade complementar dos serviços privados de saúde.

O Governo dos Açores está, também, atento e a atuar em situações como a das listas de espera cirúrgicas e determinado na procura de respostas que se revelem consistentes e eficazes.

Aqui mesmo, no Hospital da Horta, esse processo está em curso e, em função de um trabalho de revisão das listas e da realização de cirurgias por dois ortopedistas que se têm deslocado por períodos de duas semanas, já foi possível reduzir a lista de espera, em Ortopedia, para cerca de metade desde o início do ano.

Também estão a ser tomadas medidas nos hospitais da Terceira e de Ponta Delgada.

No Hospital da Terceira, já foram contratados anestesistas e também já se procede à revisão das listas.

No de Ponta Delgada, está em construção uma sala para pequenas cirurgias que permitirá resolver uma grande parte das situações, estando também assente que, ultrapassados os recursos próprios, o hospital recorrerá à contratualização de equipas cirúrgicas.

Esta é a realidade do Serviço Regional de Saúde, que encontra nos seus recursos humanos profissionais de grande qualidade, reconhecidos dentro e fora de portas, que são, afinal, o seu maior ativo.

Hoje podemos afirmar que o esforço que tem sido feito no sentido da garantir a sustentabilidade do Serviço Regional de Saúde não tem sido em vão, e permitiu não só criar condições para servir melhor os Açorianos, mas também sermos nós, Açorianos, a decidir sobre a organização dos serviços.

Essa prerrogativa, que o Governo dos Açores fez sempre questão de defender, mesmo quando outros pretendiam que Lisboa procedesse a uma espécie de resgate do nosso Serviço Regional de Saúde, é condição absolutamente fundamental para que a Região continue a decidir a forma de ultrapassar os desafios que se colocam a este setor.

Apesar do muito trabalho já feito, temos a plena consciência da dimensão dos desafios que temos pela frente, assim como do objetivo central que deve nortear sempre a ação do Governo nesta matéria.

Mas todo este trabalho está a ser desenvolvido, e continuará a sê-lo, com o objetivo de manter e reforçar um facto que não pode ser ignorado por quem quer que seja que se interesse por esta temática: temos, nos Açores, um Serviço Regional de Saúde que pode e deve orgulhar todos os Açorianos.

Temos bons e modernos hospitais e centros de saúde. Temos bons profissionais e profissionais motivados.

O resultado de termos um bom Serviço Regional de Saúde, um Serviço Regional de Saúde de que os Açorianos podem e devem orgulhar-se, não se deve apenas às medidas e aos investimentos realizados pelo Governo dos Açores.

Deve-se, também, ao trabalho, à dedicação, ao empenho e ao profissionalismo de que dão provas todos os envolvidos: dirigentes, conselhos de administração dos Hospitais, diretores de serviços, médicos, enfermeiros e funcionários, no sentido de darmos uma resposta cada vez melhor às Açorianas e Açorianos que dependem dessa intervenção.

O nosso Serviço Regional de Saúde e todas as medidas e políticas desenvolvidas nesta área só se justificam se tiverem como foco um melhor serviço a prestar aos utentes, com garantias de qualidade e de acessibilidade para todos os Açorianos.

O caminho que temos feito e os resultados que temos alcançado são bem a prova de que devemos continuar. Não ignorando o caminho que ainda temos que fazer, não ignorando os desafios que temos à nossa frente, não ignorando as áreas em que ainda temos de fazer mais e melhor, mas com a consciência de que com persistência, trabalho e determinação conseguiremos, também aqui, ganhar o futuro para os Açores”.




GaCS

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