De novo, o Natal. É a festa da luz – a festa em que se liberta a escuridão com a estrela brilhante, em que se iluminam os caminhos, em que se proclamam alentos, em que se restaura o percurso das nossas existências, ou em que se ganha o sentido que a nossa boa fé diligencia para a vida.
Bem sabemos que são milhões as pessoas e as famílias que, por este mundo fora, falecem sufocadas pela injustiça e pela desordem, e sofrem sem expectativa de melhoria. Na verdade, ainda pior do que o sofrimento momentâneo é a angústia de permanecer nessa obscuridade e a falta que nos faz a esperança.
Para os cristãos, como para a generalidade das mulheres e dos homens, esta época festiva incita a saudade e a consciência sobre o nosso presente, mas é, sobretudo, um tempo de recomeço e de um olhar sobre o Ano Novo, que é, como quem diz, sobre o futuro.
O Natal acende a luz prometedora – por mais ténue que seja – à nossa passagem. Devemos aproveitá-la, para que, ajudados, ou pelo nosso próprio pé, recuperemos forças perdidas e caminhemos em frente.
O mais profundo significado da celebração do nascimento de Jesus só pode ser o desse ressurgimento social, o desse ganho de energia, o da certeza de que há sempre uma nova oportunidade para a felicidade. É essa a fé que pode fazer mover positivamente a humanidade. É essa a mensagem que, entre nós, é também a mais importante.
A desistência, o conformismo e o fatalismo não servem nada de benéfico. É importante ter a capacidade de construir. Não é vergonha chorar, mas é indispensável construir o sorriso – para nós, tal como para emoldurar a vida dos outros. Por isso, aqueles que têm dificuldades devem lutar para ultrapassá-las com o seu próprio esforço e não contar apenas, ociosamente, com a serventia dos outros; e aqueles que podem ajudar não podem, nem devem, ficar isentos, egoisticamente, da prestação desse amparo. Na nossa sociedade não pode haver lugar à recusa do amor-próprio e também do amor pela vida dos que nos rodeiam. A nossa responsabilidade moral e cívica só acaba no limite do contributo que podemos dar para o bem-estar colectivo.
Os nossos Açores progrediram muito e as condições de vida de que usufruímos não têm, felizmente, comparação com as do passado. E continuaremos a progredir. Porém, na nossa comunidade açoriana, seja nas nossas ilhas seja entre famílias emigradas, também há quem atravesse dificuldades. Uns, por contratempos na sua vida afectiva e familiar, outros por razões de saúde, outros, ainda, por reveses na sua vida profissional ou económica. A todos, não só por palavras amigas como por actos concretos, devemos a nossa solidariedade.
É também essa a obrigação dos governos: ajudar nesta época de crise internacional todas as pessoas que precisam – primeiro os mais pobres, para comporem a sua vida, e, depois, os remediados, para não tombarem na pobreza. É fundamental não esquecermos uns e outros.
É o que tentamos fazer nos Açores, atentos às famílias com baixos rendimentos, desempregados ou com carências habitacionais, como atentos àquelas famílias que, com um rendimento médio, suportam, com o seu esforço, encargos significativos para terem uma casa, cuidarem dos seus idosos ou assegurarem a educação especializada ou superior dos seus filhos. Também temos dado prioridade – e julgo que temos razão em fazê-lo – a programas de apoio à iniciação profissional e aquisição ou arrendamento de habitações para os jovens que estão a iniciar a sua vida familiar. Tenho feito o possível para que o Governo os apoie a todos, na medida das nossas disponibilidades.
Este tempo de crises económicas e sociais, que se vive por quase toda a parte, deve unir-nos para a solidarização necessária, mas deve chamar-nos, igualmente, a todos, de modo a contribuirmos, com a nossa iniciativa e a nossa inteligência, para que a nossa economia melhore e para que as nossas empresas e os nossos produtores – do pescador ao empresário agrícola, da mais importante indústria ao mais pequeno comerciante, do empreendedor turístico aos mais diversos prestadores de serviços – tenham uma sustentação mais sólida, possam pagar melhor o trabalho e consigam criar mais empregos.
Estou convencido de que, apesar do ano difícil que se anuncia para Portugal e para a Europa em 2011, e, naturalmente, das consequências que daí advirão para nós, e que se somarão às insuficiências que ainda temos, vamos resistir e conseguir ultrapassar essas adversidades com a nossa melhor administração e com o nosso melhor empenho. Esta crise mundial não durará para sempre e o importante será a sabedoria que usarmos para nos defendermos o melhor possível enquanto ela durar. Para isso não há cidadão, nem partido ou outra instituição, que deva negar a sua colaboração.
Vamos, pois, ser mais unidos e mais professantes e construtores da esperança. Da esperança de que o Natal é mensageiro.
A todas as açorianas e açorianos, a todos os amigos dos Açores, onde quer que residam ou onde quer que estejam, e, de modo especial, aos que labutam nas nossas ilhas das Flores, do Corvo, de São Jorge, do Pico, do Faial, Graciosa, Terceira, de São Miguel e de Santa Maria, desejo, em nome do nosso Governo e em nome da minha família, umas boas festas e um ano novo cheio de felicidades.
Bom Natal.
GaCS/CT
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