
Texto integral da intervenção do Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, proferida hoje, em Ponta Delgada, na cerimónia de assinatura do contrato para a construção do Centro de Radioterapia dos Açores:
“Acabámos de proceder à assinatura do contrato com vista à concepção, construção e exploração do futuro Centro de Radioterapia dos Açores.
Trata-se de uma unidade de prestação de cuidados de saúde que está avaliada em 34 milhões euros e que será instalada, como foi explicado, em terrenos adjacentes a este Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.
É, será, sem dúvida, um dos mais sensíveis e relevantes serviços de saúde criados nos Açores, o qual o Governo muito se orgulha de assegurar a sua concretização. Dele resultarão benefícios extraordinários que só as pessoas e as famílias que têm passado por problemas oncológicos e deslocações ao Continente sabem bem avaliar. Os nossos doentes passarão a dispor das condições para serem tratados em S. Miguel e ficarem mais perto dos apoios e do amparo dos seus familiares. Com este Centro de Radioterapia aliviar-se-ão, pois, grandes desconfortos de um ponto de vista humano e elevados custos financeiros para as pessoas, as famílias e o orçamento da Região.
Sinto, assim, muita satisfação por poder lançar, hoje, as bases deste empreendimento, que marcará, sem dúvida, uma evolução enorme na capacidade instalada nos Açores de oferta de cuidados de saúde.
As doenças oncológicas geram sempre, pelas suas características e tratamento, uma ansiedade grande e prolongada. E se, do ponto de vista psicológico, a doença oncológica tem essa carga acrescida, do ponto de vista médico é vista, cada vez mais, como uma área com grande taxa de cura exactamente em função da evolução da radioterapia. A radioterapia é, também, como todos sabem, importante como finalidade paliativa, permitindo igualmente a melhoria da qualidade de vida nos casos de progressão da doença. Além disso, nos últimos anos, alargou o seu campo de actuação a determinadas doenças benignas com resultados muito prometedores.
Neste Centro, que vai ser construído, estima-se que cerca de 650 açorianos possam recorrer ao tratamento de radioterapia, o que significa, a uma média de vinte e cinco sessões por pessoa, um total de 16.500 sessões de radioterapia por ano e muitos milhares de dias de deslocações. No tocante à braquiterapia, poderá atingir cerca de cem sessões no início, prevendo-se, no entanto, que chegue às duzentas sessões dentro de poucos anos.
O Centro de Radioterapia dos Açores poderá desenvolver, igualmente, actividades de intercâmbio no âmbito técnico-científico, incluindo a realização de consultas multidisciplinares, presenciais ou com recurso à telemedicina, nas quais participarão profissionais de outras áreas assistenciais, fundamentalmente dos hospitais que referenciam para o centro.
O contrato, agora estabelecido com uma empresa especializada, permite, assim, tornar acessível a quem vive na Região especialistas que, noutras circunstâncias, seria difícil contratar e garante-se uma resposta de qualidade numa das patologias mais delicadas e sensíveis da medicina. Com este Centro, os Açores ficam também com capacidade para prestar estes serviços para além dos doentes do SRS, podendo, até, o Centro ser utilizado por empresas de seguros, ou outras, do exterior, para tratamentos.
Quero, todavia, salientar que não é só no campo do tratamento oncológico que temos procurado impulsionar a acção dos serviços de saúde. Os nossos cuidados estão, também, na prevenção, estando, por exemplo, a decorrer ou em preparação diversos rastreios.
No caso do rastreio do cancro da mama, foram já rastreadas dezoito mil mulheres, num primeiro rastreio, estando já em preparação um segundo. Está em curso, também, desde Abril deste ano, em todas as Unidades de Saúde dos Açores, o Programa de Rastreio de Cancro do Colo do Útero, envolvendo cerca de setenta e cinco mil mulheres dos 25 aos 64 anos.
Em fase de programação está, do mesmo modo, o rastreio de cancro colo-rectal, que envolverá toda a população açoriana na faixa etária entre os 50 e os 70 anos, num total que rondará as cinquenta mil pessoas.
São rastreios que constituem eixos da prevenção em saúde e que vão, certamente, permitir que muitas situações sejam detectadas a tempo de serem tratadas e muitas vidas sejam salvas.
Estamos, simultaneamente, a trabalhar no Registo Oncológico. Brevemente serão publicados os dados relativos aos anos de 1997 a 2006. Deste modo, a Região passará a dispor de um registo de dez anos consecutivos, ficando dotada de mais um instrumento de grande utilidade para tarefas de investigação, avaliação, orientação e planeamento no sector da saúde.
São medidas e iniciativas como estas que introduzem mais qualidade e inovação e melhor oferta no nosso sistema regional de saúde, quer em termos de equipamentos quer em termos de terapêuticas, como se salienta agora com a radioterapia e como acontecerá, dentro de algum tempo, com o recurso à medicina nuclear.
Toda essa evolução, para garantir melhores cuidados de saúde às pessoas, implica elevadas disponibilidades financeiras e uma criteriosa utilização dos recursos disponíveis. É também nesta última vertente que nos temos empenhado para, ao mesmo tempo, assegurarmos a oferta, a qualidade e a sustentabilidade do nosso Serviço Regional de Saúde tendencialmente gratuito.
Todo o dinheiro que pouparmos nos nossos hospitais e centros de saúde, como, aliás, em tudo e em todos os lugares, e que seja investido em serviços aos açorianos, como este que vai permitir o tratamento do cancro nos Açores, é poupança bem justificada e bem empregue. Dentro de menos de dois anos, segundo o contrato que acaba de ser assinado, esse tratamento será possível. Sinto-me, como governante, muito feliz por proporcionar este como outros benefícios.”
GaCS/CT







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