terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sócrates foi turista em dia de campanha nos Açores


Em Ponta Delgada, José Sócrates não falou sobre os grandes temas do dia. Apenas cumprimentou turistas estrangeiros, elogiou a Autonomia, o complexo das "Portas do Mar". E brindou à vitória que quer conseguir a 27 de Setembro

A campanha para as eleições legislativas trouxe ontem a São Miguel o secretário-geral do PS, José Sócrates. Mas, em Ponta Delgada, a visita do candidato socialista a primeiro--ministro nada teve de frenesim político-partidário.

Não fosse a comitiva que o seguia - que incluía o líder regional do PS, Carlos César, e o cabeça de lista açoriano ao Parlamento Nacional, Ricardo Rodrigues -, José Sócrates seria mais um dos muitos turistas que deambulavam pelo complexo das Portas do Mar, ontem mais concorrido devido à presença de um grande navio de cruzeiros, o Costa Atlântica.

Nas 'calmas', Sócrates viu pela primeira vez a nova zona marginal de Ponta Delgada e manifestou "orgulho" no empreendimento que o seu Executivo financiou juntamente com o Governo Regional. "É uma obra de referência, belíssima" e que potencia o turismo, além de boa arquitectonicamente, disse a propósito das Portas do Mar onde, num dos seus restaurantes, comeu atum grelhado.

À sua espera estavam alguns notáveis do PS/A e algumas outras personalidades conhecidas no meio açoriano cuja presença, aliás, causou alguma surpresa. Como é o caso de um artista plástico, um padre e um alto dirigente do Partido Democrático do Atlântico, o único fundado e com sede na região. Com estes e com outros que se cruzavam pelo seu caminho, sobretudo turistas, Sócrates adoptou uma postura simpática, informal e serena.

Sem grande fulgor e conteúdo na transmissão da sua mensagem, mesmo diante da 'pose' para as máquinas fotográficas e câmaras de filmar que captavam todos os seus movimentos. Alás, com tanta calma, ainda gracejou com um ou outro jornalista do "batalhão" que o acompanhou e esperou ansiosamente por uma reacção sua sobre a possibilidade do PS formar coligações num cenário pós-eleitoral de maioria relativa; ou ainda sobre o caso do dia na polémica das escutas: o afastamento de Fernando Lima da assessoria para a comunicação social da Presidência da República.

Em São Miguel, Sócrates recusou-se a responder sobre os assuntos "quentes", remetendo as suas posições para mais tarde, no jantar-comício previsto em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.

A caminhar ao longo das "Portas do Mar", como que a descomprimir da pressão dos últimos dias, interagiu com turistas e trocou impressões mais em idiomas estrangeiros do que propriamente em português. Na verdade, foram mais os turistas que cumprimentou em inglês, italiano, francês e espanhol do que propriamente os portugueses que tentou convencer a votar PS no dia 27 de Setembro. A um cidadão espanhol disse ser próximo de Zapatero e a outro, de nacionalidade italiana, apontou as diferenças entre comunismo e socialismo. De um turista finlandês recebeu um gelado de oferta. Mas, das iguarias açorianas, foi o queijo de São Jorge que mais o deliciou. "O queijo açoriano é magnífico. É talvez o queijo que eu goste mais por ser picante e isso confere-lhe uma posição muito especial em todos as variedades de queijo". Uma campanha eleitoral também picante? Sócrates diz que sim, "quanto baste", mas que diz suportar devido à sua capacidade encaixe.

O líder do PS provou vários produtos açorianos, de que são exemplo doces, vinho e uma aguardente de ananás, servida num cálice com o seu nome inscrito. Brindou à vitória do PS no próximo domingo e confessou-se um "amigo" dos Açores e adepto das Autonomias.

Carlos César, líder regional do PS e presidente do Governo Regional, reforçou essa faceta de Sócrates lembrando, por exemplo, que a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite passou por Ponta Delgada apenas durante quatro horas, enquanto que Sócrates pernoitou na ilha Terceira.


Fonte: DN

Sem comentários: