terça-feira, 9 de novembro de 2010

Combate à flora invasora no Vulcão dos Capelinhos



A erupção do Vulcão dos Capelinhos, activa de forma exuberante nos anos de 1957 e 1958, criou aquela que é, ainda hoje, a mais recente paisagem do Portugal. Para além disso esta é uma estrutura geológica única no panorama internacional. Por estas razões e pelas suas especiais características, este sector do território está classificado como Rede Natura 2000 e integrado no Parque Natural do Faial, mais especificamente, na Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies, na qual se incluem também as áreas do Varadouro e Costa Noroeste.

Nos Capelinhos é possível observar escavações naturais e campos de lava resultantes da actividade vulcânica cinquentenária. O conjunto resulta num enquadramento cénico invulgar, marcado por contrastes e por uma paleta de cores dominada pelos diferentes tons de castanho, cinza e verde, associados aos materiais que consubstanciam o rico património geológico, florístico e faunístico presente. Neste local, para além de raras e sensíveis espécies da flora endémica dos Açores e da avi-fauna do arquipélago, há inclusivamente uma espécie de artrópode exclusivo deste local, Gitella faialensis.

Para preservar este importante património natural, estão a ser desenvolvidos no local diversos trabalhos integrados no Plano Regional de Erradicação e Controlo de Espécies de Flora Invasoras em Áreas Sensíveis (PRECEFIAS), projecto coordenado pela Secretaria Regional do Ambiente e do Mar e executado pela Direcção Regional do Ambiente. Em termos gerais, tenta-se activamente contrariar a entrada de espécies de flora que não pertençam ao contexto natural açoriano e promover a sua substituição por espécies que se adeqúem à sequência natural esperada caso não existisse a interferência do homem.

Relativamente aos trabalhos em curso, importa referir que numa primeira fase, estes passam fundamentalmente pelo processo de remoção e limpeza das espécies invasoras dominantes, designadamente: a cana (Arundo donax), o silvado-do-inferno (Lantana camara) e o incenso (Pittosporum undulatum). De seguida, serão plantadas espécies como o barcel-da-rocha (Festuca petraea) e a faia (Myrica faya) que servirão para reter as areias e reduzir a erosão. Graças às actividades realizadas, já é possível verificar uma vasta zona que readquiriu as características paisagísticas anteriores ao processo de ocupação do território por vegetação exótica com características invasoras.

Refira-se a propósito que em pleno “Ano Internacional da Biodiversidade”, o Governo Regional dos Açores realizou combate a 23 espécies de infestantes, em todas as ilhas dos Açores, dividida em 16 acções. Para além destas, o Governo tem apoiado diversas acções realizadas por outras entidades, como as actividades dinamizadas no Corvo e em São Miguel pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves.

No âmbito das comemorações do “Ano Internacional da Biodiversidade” e do processo de implementação do PRECEFIAS, no passado dia 5 de Novembro, o Secretário Regional do Ambiente e do Mar visitou os Capelinhos, tendo-se inteirado dos trabalhos em curso, seu andamento e metodologias, bem como dos resultados já alcançados.



GaCS/SF/SRAM

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