quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Futuro da tecnologia espacial nos Açores reivindica satélite de observação marítima



Os Açores, tendo em conta a sua posição geoestratégica, ambicionam que a estação da ESA em Santa Maria se transforme em estação GMES (Global Monitoring for Environment and Security) para receber os dados directamente dos novos satélites Sentinel.

Foi pelo menos este o desejo expresso hoje, em Bruxelas, pelo Secretário Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos, em Bruxelas, alegando que um dos satélites dedicado em exclusivo à observação do Mar.

“Na verdade, os Açores estão numa posição geográfica que permite o acesso mais rápido aos dados dos satélites que cobrem praticamente a região entre a Europa e os Estados Unidos. Segundo os técnicos isto permitiria aceder à informação cerca de meia hora antes de os satélites passarem pelas estações colocadas perto do pólo norte”, justificou José Contente.

O Secretário Regional, que discursava em representação do Presidente do Governo dos Açores, no Seminário “The future of GMES after 2014 from a regional perspective”, promovido pela presidência belga da União Europeia e pela associação NEREUS, sublinhou ainda o facto de que o acesso directo aos dados dos satélites criará novas oportunidade de emprego qualificado nos Açores. O domínio do processamento da informação transmitida pelos Sentinel poderá ser feito através de empresas locais em parceria com a Universidade dos Açores, através do Departamento de Oceanografia e Pescas, e com a Estação da ESA em Santa Maria.

Para José Contente, o crescimento económico, a competitividade industrial, a investigação científica e inovação, bem como o desenvolvimento sustentável, estão também hoje em dia dependentes da aposta nas tecnologias espaciais, enquanto “driver” indispensável.

Para o governante, as aplicações espaciais desempenham um papel extremamente importante em diversas áreas, que vão desde a gestão de resíduos à gestão de catástrofe, crucial num território descontínuo e com forte enquadramento geodinâmico, referindo-se aos Açores, com um modelo tectónico onde convergem as placas litosféricas Euroasiática, Americana e Africana.

“Em relação às políticas de inovação, o espaço é cada vez mais valorizado e está no centro das nossas atenções, no contexto dos esforços para reforçar o crescimento económico e reforçar a competitividade regional bem como para criar oportunidades de emprego” disse José Contente.

Alertou ainda para o facto de que nas diferentes regiões europeias é imperativo transformar a relação com o espaço num contrato implícito entre todos os intervenientes - estado, empresas, institutos e universidades - que influencia, polariza e mobiliza os recursos e os esforços de todos numa direcção bem definida.

Na sua comunicação intitulada “Regional concerns regarding GMES and its future operability”, o Secretário Regional exprimiu a valoração que os Açores atribuem ao GMES, enquanto projecto estratégico da União Europeia.

A propósito referiu que “estamos de acordo que o GMES, após 2014, precisa de ser encarado como o retorno de um investimento da Europa em prol dos cidadãos”, alertando para o facto de que a transferência de conhecimento tem que ser visível aos cidadãos através “de uma boa gestão desse mesmo conhecimento”.

Pensar no GMES após 2014 é pensar na integração das regiões, sobretudo das que mais facilmente interagem pela proximidade e interesses comuns, e apostar num financiamento destinado a pequenos e cirúrgicos projectos, “que no caso dos Açores podem ser nos domínios específicos do Mar, das Energias Renováveis e do Ambiente das ilhas como clusters temáticos susceptíveis da aplicação do GMES, reforçando a coesão na Europa”, prosseguiu.

Convidado a pensar no GMES após 2014, José Contente relembrou que é fundamental interligar o sector empresarial com as potencialidades do GMES, tornando produtivo o investimento europeu, ou seja, as empresas regionais têm que reconhecer as mais-valias do projecto GMES, para que transformem estas mais-valias em produtos comerciais.

Aumentar a utilização de tecnologias espaciais e promover o desenvolvimento de um mercado para aplicações espaciais devem ser os desafios das regiões, alega o governante.

Neste contexto, afirmou, “os novos fundos comunitários devem estar também associados ao desenvolvimento das aplicações espaciais e, por outro lado, o objectivo "Competitividade e Emprego" deve integrar a utilização de aplicações espaciais nas Regiões, indo ao encontro das prioridades da UE para 2020, tais como conhecimento e inovação, no quadro de um modelo económico, inteligente, sustentável e inclusivo”.



GaCS/VS

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