O Presidente do Governo dos Açores defendeu esta manhã que a actual crise internacional evidencia, pelo seu alastramento global, que a resposta só pode ser dada no mesmo contexto global.
“Dependemos todos uns dos outros, e não, no caso europeu, apenas de cimeiras políticas de conveniência, de directórios de países de ocasião e de medidas de alcance conjuntural e temporalmente limitado”, acrescentou.
Enfatizando a necessidade de uma política regional que constitua uma marca da política europeia – sem a qual a Europa perderá coesão – Carlos César disse que “a actual crise mostra a necessidade, por um lado, do governo europeu, e por outro, da iniciativa regional.”
Para o governante açoriano, que falava na sessão de abertura da “Assembleia-Geral Açores 2011” da Assembleia das Regiões da Europa (ARE), a decorrer em Ponta Delgada, “podemos então dizer que a nossa missão, mais do que a de “pensar global e agir local”, deve ser a de "Pensar Regional. Agir Regional. Fazer a Europa avançar"!”
Como fez notar, há que “trabalhar em conjunto para que a Europa avance decisivamente, partilhando políticas regionais bem sucedidas, e assegurando, nesses níveis institucionais, a proximidade e o envolvimento dos cidadãos e o bom desempenho, por exemplo, dos milhões de pequenas e médias empresas que dão conteúdo económico global à União Europeia.”
A necessidade de se ultrapassar crise europeia e global não pode – na opinião de Carlos César – “alimentar o centralismo a favor dos Estados e justificar a desvalorização do princípio da subsidiariedade que é um dos principais fundamentos democráticos e organizacionais da União Europeia.”
Por isso, afirmou ser missão da Assembleia das Regiões da Europa e de outros organismos europeus de cooperação regional “defender a virtualidade e a emergência do poder regional e o seu papel insubstituível na superação da crise que atinge o cerne europeu.”
Sublinhando a importância de demonstrar que a Europa é também o resultado do somatório activo das suas Regiões, o Presidente do Governo dos Açores enfatizou a Região como um bom lugar para se discutir e convocar “a importância do regionalismo e dos seus valores fundamentais na salvaguarda futura da unidade europeia.”
A localização geoestratégica dos Açores e o papel que desempenham nas áreas das tecnologias aeroespaciais e da extensão territorial marítima portuguesa e europeia foram as vantagens aduzidas, às quais acresce o empenho com que a região se tem integrado na ARE.
Como frisou Carlos César, os Açores têm procurado assumir com dinamismo as suas responsabilidades, “seja na presidência do Programa Eurodisseia, seja em outros projectos como o do recentemente criado Observatório da Mobilidade Profissional”, sendo, igualmente, uma região ultraperiférica que representa, em seu entender, uma mais-valia para a Europa.
E são-no, como explicou, “não apenas no que diz respeito à utilidade adveniente da sua centralidade atlântica e, por isso, do seu relevantíssimo interesse geoestratégico, mas também por serem uma grande região marítima da Europa com, tudo o indica, um elevado potencial de vantagens económicas futuras.”
Justificando a sua afirmação, apontou a zona económica exclusiva marítima de um milhão de quilómetros quadrados, com todas as suas potencialidades ao nível da exploração de riquezas e de aplicação de tecnologias inovadoras em sectores como o da biodiversidade, oceanografia e vulcanologia e sismologia.
“Estamos, pois, num lugar onde as respectivas dimensões institucionais e estratégicas podem constituir um cenário inspirador para os nossos debates”, concluiu Carlos César.
GaCS
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