A Secretária Regional da Educação e Formação alertou hoje para o facto dos números revelados pelo Instituto Nacional de Estatística, acerca das taxas de retenção de alunos não poderem ser lidos como “taxa de desistência ou de abandono”, por se tratar de situações distintas.
Cláudia Cardoso salientou que “estamos a falar de pura retenção”, o que desmonta algo de que “o Governo Regional, há sucessivos anos, para não dizer legislaturas, é acusado, que é de que nos Açores existe uma tendência para a passagem administrativa. Os sindicatos já utilizaram este argumento, os partidos da oposição também”.
Os números revelados pelo INE demonstram “precisamente o contrário. Nós temos taxas reais de retenção e temos uma retenção que coincide precisamente com o desempenho escolar dos alunos, ou seja, os conselhos de turma não se inibem de reter os alunos quando eles não atingem os conhecimentos no final de ciclo”, disse.
Cláudia Cardoso destacou no entanto o facto da taxa de progressão nos Açores ter vindo “sistematicamente a crescer, ou seja, só para ter em conta o 3º ciclo, que é aquele que o relatório do INE destaca com mais proeminência, ela era de 55% em 2000 e neste momento atinge praticamente os 89% o que significa que há uma evolução muito grande e muito sistemática”.
A Secretária Regional da Educação lembrou que na Região foi feito um percurso “de há uns anos a esta parte, de escola inclusiva” ou seja, integrámos na escola, todos os alunos”, o que teve “durante um período, reflexo no resultado dos alunos, ou seja, piorámos os nossos resultados finais de ano”. Tal aconteceu porque ”os meninos que engrossavam o abandono escolar (que agora é de 0,1% na região) e que não contavam para as estatísticas, passaram a estar dentro da escola. É evidente que isto tem que ter reflexos ao nível dos resultados, por isso eles pioraram”.
Certo é que nos últimos anos, os resultados “têm vindo sistematicamente a melhorar”.
Referindo os dados a nível concelhio, Cláudia Cardoso disse perceber que “nos Açores há uma realidade que coincide com o continente: os nossos resultados concelhios, se analisados ao nível dos concelhos mais urbanos, aproximam-se muito daquilo que são os resultados nacionais.
Quando vamos para zonas mais periféricas e mais rurais da região, evidentemente esses resultados distanciam-se daquilo que é a média nacional, o mesmo acontecendo com a Madeira”.
Para a responsável da tutela, “em educação, os ganhos não são anuais, mas geracionais” e “numa geração, estamos em crer, se tudo se mantiver como até aqui, que estes meninos que estão no 1º ciclo com taxas de progressão na ordem de 98%, passarão ao 3º ciclo e essa taxa transitará com eles”.
Cláudia Cardoso espera ainda que o alargamento da escolaridade obrigatória ao ensino secundário ”possa trazer, pela permanência de mais alunos e de percursos diversificados que temos, uma melhoria dos nossos resultados”.
Acresce ainda o facto de, ao nível da taxa de desistência no secundário, ser necessário lembrar que “há um dado que é considerado erradamente, ou seja: um aluno quando desiste do ensino secundário regular, não significa que abandona a escola. O que nós temos na Região é, felizmente, muitos alunos que abandonam o ensino regular mas que ingressam no ensino profissional”, disse a Secretária Regional.
GaCS
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